27 janeiro 2019

Uma crônica para descontrair


Iguaria para o melhor amigo
Luciano Siqueira

A iguaria, no caso, são sorvetes finos. O amigo é o cão – o melhor amigo do homem, como se costuma dizer; ou é o homem que é o melhor amigo do cão, como sugeria Millor Fernandes.
Vamos ao fato.
Na Cidade do México um tal Mauricio Montoya, dono da sorveteria Don Paletto, criou um sorvete ao gosto dos cachorros.
A receita, à base de iogurte natural e lactobacilos, além do prazer gustativo (por suposto), contribui para regularizar a digestão dos caninos – ao contrário dos sorvetes comuns, que costumam provocar diarréia.
Que se trate bem os animais, nada contra. Sobretudo nos dias que correm em que a defesa dos direitos dos animais se inclui na agenda de todo bom gestor público.
A Prefeitura do Recife, inclusive, há seis anos conta uma Secretaria Executiva precisamente com esse propósito.
Mas uma sorveteria especializada não deixa de ser surpreendente. Pela sofisticação e – imagino – pelo nicho de mercado descoberto pelo empreendedor.
Isso mesmo. Se fosse por amor ao seu bicho certamente o sorvete estaria circunscrito ao ambiente doméstico.
Na sorveteria, disponível para público e anunciado com campanha publicitária própria e tudo, só pode ter interesse comercial também, ou principalmente.
Recordo-me que em meados do anos sessenta um jornalista pernambucano, Mauro Almeida, amigo do meu tio Paulo Rosas, fez viagem de intercâmbio ou algo parecido aos EUA e em seguida escreveu um livro - “EUA, civilização empacotada” - contando tudo o que vira por lá, que aqui nem pensar.
Tudo hoje a gente tem também – dos shopping centers a revistas especializadas em cuidados com animais.
Essa revistas especializadas me chamaram atenção no relato de Mauro. Como existir público interessado em criação de gatos e de cachorros?
Nem desconfiava, à época, que Karl Marx tinha mesmo razão ao mostrar que o capitalismo tudo torna mercadoria.
Também não sabia o quanto um animal de estimação canaliza energias e sentimentos da gente.
Hoje, quase por acaso, reside em nosso apartamento uma coelha, originariamente presente dado a Alice, 5 anos, que terminou vindo para cá para que esteja melhor acomodada.
Fofinha, a coelha, não emite sons, prefere se movimentar à noite, comporta-se com disciplina exemplar. Não incomoda, apenas temos o trabalho de lhe fornecer a alimentação devida e, semanalmente, fazer o asseio dos seus aposentos. E muito carinho.
Pois bem. Agora me vejo interessado em revista especializada em coelhos domésticos, se é que existem.
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