Hilma af Klint
Tostão e Afonsinho, a bola e a política
Luciano Siqueira
Em tempo bicudo, a cena política marcada nacionalmente por fatos tão deprimentes, vale um registro ameno sobre Tostão e Afonsinho
Luciano Siqueira
Em tempo bicudo, a cena política marcada nacionalmente por fatos tão deprimentes, vale um registro ameno sobre Tostão e Afonsinho
Ambos craques na acepção mais
precisa do termo.
Tostão laureado na Copa de 70, integrando um dos melhores times da seleção canarinho de todos os tempos.
Afonsinho, dono de rara intimidade no trato com a bola e excelente no passe, não teve a chance de brilhar em nosso escrete nacional. Mas vincou um traço de rebeldia na relação com treinadores e dirigentes, marcante na afirmação da dignidade dos atletas.
Ambos médicos de formação e colunistas — Tostão eu leio na Folha de S. Paulo (e frequentemente republico em meu blog www.lucianosiqueira.blogspot.com); Afonsinho, na CartaCapital.
Escrevem bem, donos de estilo descontraído, ao modo de conversa em mesa de bar.
Porém se diferenciam no conteúdo.
Tostão discorre sobre problemas táticos do futebol moderno com notável sabedoria. Passa a impressão de que vê todos os jogos dos grandes clubes nacionais e da Europa. Prevê situações. Compara estilos. Sugere desdobramentos.
Afonsinho mescla política e futebol e, de vez em quando, arte e costumes. Não aprofunda a análise, mas pauta a discussão. Escreve como quem joga conversa fora num começo de noite. E se posiciona em oposição aos rumos que o capitão Bolsonaro e sua entourage tentam imprimir ao Brasil.
Para quem gosta de futebol, mesmo sem comparecer aos estádios, como eu, seguir acompanhando esses dois craques extraordinários de ontem e cronistas de hoje é sempre um prazer.
Porque o futebol brasileiro se
confunde com a própria nação – a seleção brasileira é a Pátria de chuteiras,
dizia Nelson Rodrigues. Tanto que quando a situação geral é ruim, dificilmente
o futebol vai bem.
A conquista da Copa de 70, sob o
regime militar, foi uma exceção. Hoje, com a vitória eleitoral de uma extrema
direita sem eira nem beira, que tem em Trump sua principal referência, não estranha
que as principais competições ofereçam quase nenhuma novidade e na Libertadores
da América nossos clubes se nivelem a equipes bolivianas, venezuelanas e que
tais. No passado, rivalizavam com os brasileiros apenas argentinos e uruguaios.
Vale ler os dois craques da crônica.
Vale ler os dois craques da crônica.
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