O tamanho do prato
Luciano
Siqueira
É comum alguém se dizer enfastiado e, no entanto, ao ir à
mesa comer muito. Come com os olhos, costuma-se dizer.
Talvez seja por isso mesmo que os restaurantes self service
operam com esmero (e esperteza) o tamanho do prato.
Se a bóia é cobrada no quilo, o freguês recebe um prato
imenso, ovaloide (não sei a razão), de preferência branco.
Se o preço é fixo, ou seja, você pode botar a quantidade que
bem entender, desde que de uma única vez, o prato é de dimensões modestas e
(também não sei o motivo) ornamentado com figuras diversas.
O prato grande ovaloide parece estimular a gula – e,
portanto, a quantidade, o peso e o preço.
O prato mais reduzido e ornamentado, creio, sugere
quantidades mais recatadas.
Ao final, o dono do negócio sai ganhando. O cliente nem
tanto – desde que seja suficientemente esperto e controlado.
Algo semelhante acontece em toda parte: objetos, cores,
luzes e sorrisos acolhem o cliente de modo a produzir uma sensação de bem estar
e, quando é o caso, estimulá-lo ao consumo.
Para isso existe o marketing especializado. E a experiência
milenar do homo sapiens.
Lamentável que no Brasil dos nossos dias o ocupante do
principal posto no Palácio do Planalto exale diariamente tanto fedor e mau
gosto. É o seu estilo particular, diz.
Que haja, apesar de tudo, um marketing de sobrevivência em
que se seja duro quando necessário, mas não se perca jamais a leveza e o bom
gosto.
E assim caminhe a Humanidade.
[Ilustração: Hilma af Klint]
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