18 agosto 2019

Desafio tático


Rogério Ceni quer Cruzeiro rápido, intenso e agressivo

Tostão, na Folha de S. Paulo

Duas estreias esperadas devem acontecer hoje no Brasileiro, a de Daniel Alves, no São Paulo, no Morumbi, contra o Ceará, e a de Rogério Ceni, no Cruzeiro, no Mineirão, contra o líder Santos.
Rogério Ceni, além de ter sido um goleiro excepcional, revolucionário, é um profissional perfeccionista, inteligente, autossuficiente, visto por alguns como prepotente. Por sua história e pelo personagem, desperta, como técnico, avaliações apressadas e exageradas, positivas e negativas. 
Ele é mais que um promissor treinador.
Ao chegar ao Cruzeiro, Rogério disse que quer um time rápido, intenso, agressivo. O time não tem essas características. Quem tem é o Santos. O Cruzeiro se destacou, com Mano Menezes, por ser uma equipe segura, calculista. Quando recupera a bola, avança com prudência, lentidão e poucos jogadores. Muitas vezes, funciona bem, principalmente em jogos mata-mata e contra fortes adversários.
Rogério Ceni quer melhorar a saída de bola da defesa, deficiência dos dois ótimos zagueiros e do goleiro Fábio.
Já o Santos gosta de pressionar, recuperar rapidamente a bola e chegar ao gol, com muitos jogadores. É o que Rogério Ceni quer fazer. Isso aumenta os riscos. Se o Cruzeiro já atuar hoje dessa maneira, o jogo vai ficar emocionante e com muitas chances de gol, para os dois lados.
É preciso separar estratégia de jogo do sistema tático. 
Todos os desenhos, na prancheta, podem ser ousados ou prudentes, ofensivos ou defensivos.
O Cruzeiro joga com dois volantes e um meia ofensivo pelo centro. Os volantes marcam, e o meia ataca.
Quem sabe os volantes Henrique e Ariel, estimulados por Rogério Ceni, mostrem que têm condições de fazer algo a mais que desarmar e tocar a bola para o lado? Às vezes, Robinho, criativo e com bom passe, sai da direita para o centro, para ser o armador. Porém, ele não tem mobilidade para tanto, além de ter a função de marcar o lateral adversário.
Já o Santos joga com um volante e com um meio-campista de cada lado, que marcam como volantes e avançam como meias. 
O Inter também joga assim. Se a equipe é compacta, não há necessidade nem espaço para ter apenas um meia de ligação, sem participar da marcação entre os dois setores. Grandes times, como Manchester City e Liverpool, não têm esse clássico meia.
Um time é igual a outro somente na prancheta. O Cruzeiro, com Rogério Ceni, será diferente do Santos, com Sampaoli, mesmo se o Cruzeiro formar um time intenso, rápido e agressivo, como é o Santos. O Santos não joga também como o Fluminense, como muitos falam. 
O Santos gosta de chegar rápido ao gol, com muitos jogadores, enquanto o Fluminense prefere a troca curta de passes, desde a defesa.
Palmeiras não é igual, na maneira de jogar, ao Liverpool, como teria dito Felipão. O time inglês chega ao gol trocando passes rápidos, enquanto o Palmeiras vive demais das bolas aéreas e das bolas longas.
Somos todos diferentes. Ainda bem. Salve a diversidade.
O Brasil não tem hoje substitutos à altura dos enormes talentos de Thiago Silva, Daniel Alves e Marcelo.
[Ilustração: LS]
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