Rogério
Ceni quer Cruzeiro rápido, intenso e agressivo
Tostão, na
Folha de S. Paulo
Duas estreias esperadas devem acontecer hoje no Brasileiro, a de Daniel Alves, no
São Paulo, no Morumbi, contra o Ceará, e a de Rogério Ceni, no
Cruzeiro, no Mineirão, contra o líder Santos.
Rogério Ceni, além de ter sido um goleiro excepcional,
revolucionário, é um profissional perfeccionista, inteligente, autossuficiente,
visto por alguns como prepotente. Por sua história e pelo personagem, desperta,
como técnico, avaliações apressadas e exageradas, positivas e negativas.
Ele é mais que um promissor treinador.
Ao chegar ao Cruzeiro, Rogério disse que quer um time rápido,
intenso, agressivo. O time não tem essas características. Quem tem é o Santos.
O Cruzeiro se destacou, com Mano Menezes,
por ser uma equipe segura, calculista. Quando recupera a bola, avança com
prudência, lentidão e poucos jogadores. Muitas vezes, funciona bem,
principalmente em jogos mata-mata e contra fortes adversários.
Rogério Ceni quer melhorar a saída de bola da defesa,
deficiência dos dois ótimos zagueiros e do goleiro Fábio.
Já o Santos gosta de pressionar, recuperar rapidamente a bola e
chegar ao gol, com muitos jogadores. É o que Rogério Ceni quer fazer. Isso
aumenta os riscos. Se o Cruzeiro já atuar hoje dessa maneira, o jogo vai ficar
emocionante e com muitas chances de gol, para os dois lados.
É preciso separar estratégia de jogo do sistema tático.
Todos os desenhos, na prancheta, podem ser ousados ou prudentes,
ofensivos ou defensivos.
O Cruzeiro joga com dois volantes e um meia ofensivo pelo
centro. Os volantes marcam, e o meia ataca.
Quem sabe os volantes Henrique e Ariel, estimulados por Rogério
Ceni, mostrem que têm condições de fazer algo a mais que desarmar e tocar a
bola para o lado? Às vezes, Robinho, criativo e com bom passe, sai da direita
para o centro, para ser o armador. Porém, ele não tem mobilidade para tanto,
além de ter a função de marcar o lateral adversário.
Já o Santos joga com um volante e com um meio-campista de cada
lado, que marcam como volantes e avançam como meias.
O Inter também joga assim. Se a equipe é compacta, não há
necessidade nem espaço para ter apenas um meia de ligação, sem participar da
marcação entre os dois setores. Grandes times, como Manchester City e
Liverpool, não têm esse clássico meia.
Um time é igual a outro somente na prancheta. O Cruzeiro, com
Rogério Ceni, será diferente do Santos, com Sampaoli, mesmo se o Cruzeiro
formar um time intenso, rápido e agressivo, como é o Santos. O Santos não joga
também como o Fluminense, como muitos falam.
O Santos gosta de chegar rápido ao gol, com muitos jogadores,
enquanto o Fluminense prefere a troca curta de passes, desde a defesa.
O Palmeiras não
é igual, na maneira de jogar, ao Liverpool, como teria dito Felipão.
O time inglês chega ao gol trocando passes rápidos, enquanto o Palmeiras vive
demais das bolas aéreas e das bolas longas.
Somos todos diferentes. Ainda bem. Salve a diversidade.
Somos todos diferentes. Ainda bem. Salve a diversidade.
O Brasil não tem hoje substitutos à altura dos enormes talentos
de Thiago Silva, Daniel Alves e
Marcelo.
[Ilustração: LS]
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