01 dezembro 2019

Rendimento em campo


Correr mais e cansar menos

Tostão, Folha de S. Paulo

Neymar tentou retornar ao Barcelona, mas não conseguiu, nem com o pedido de Messi. O time catalão não quis pagar mais do que recebeu com a saída do jogador para o PSG. Além disso, muitos torcedores protestaram por causa do comportamento de Neymar, quando foi para o time francês. Não entendi também a conduta do PSG, que desprezou uma fabulosa quantia e ficou com um jogador insatisfeito e que é vaiado por sua própria torcida.
Neymar conseguiu ser hostilizado pelas torcidas do PSG e do Barcelona, embora todos reconheçam seu extraordinário talento. Neymar é extremamente inteligente e esperto em campo, mas fora dele, apesar de ser da nova geração, não tem bom senso nem esperteza para lidar com o mundo moderno, com as redes sociais e com as fake news.
No empate do PSG, fora de casa, com o Real Madrid, por 2 a 2, Neymar entrou apenas no segundo tempo. Ele ficou fora porque se recupera fisicamente de uma longa ausência por contusão e porque o técnico alemão Thomas Tuchel percebeu que, para ganhar muitos elogios, como aconteceu, seria bom barrar Neymar, para mostrar que não se submete aos caprichos do jogador. Neymar na reserva dá grande repercussão.
Desde que assumiu o PSG, há quase dois anos, Tuchel tem cometido seguidos erros técnicos e táticos. Escala o excepcional zagueiro Marquinhos de volante. Contra o Real, ele colocou, mais uma vez, Neymar no meio-campo. Neymar não participava da marcação e voltava para receber a bola no próprio campo, muito longe do gol. Deu belos dribles e passes, mas perdeu duas vezes a bola perto de sua defesa, o que é um grande perigo. Não é só no Brasil que há técnicos ruins no comando de grandes times.
Espero que Tite não escale Neymar dessa maneira, como já fez. Ele até pode atuar pelo centro, desde que seja perto da área adversária, onde é magistral, formando dupla com o centroavante. Nessa situação, seria necessário um jogador de cada lado, que ataque e seja capaz de voltar para também defender.
No meio de semana, vi o Flamengo ganhar do Ceará, e o Liverpool, sem brilho, empatar com o Napoli. Flamengo e Liverpool possuem sistemas táticos bem diferentes, porém estratégias muito parecidas, de marcar por pressão, para recuperar rapidamente a bola, e, com velocidade e intensidade, chegar ao gol. Dos outros times brasileiros, o único que tenta jogar dessa maneira é o Athletico-PR.
Diferentemente do que li e escutei durante décadas, que quem marca por pressão cansa muito, o que se tornou justificativa para não usar essa estratégia, ocorre o contrário. A marcação por pressão no jogador mais próximo desgasta muito menos do que ter de correr para trás, recompor, para fechar os espaços na defesa.
Além dos jogos da Liga dos Campeões, a rodada do Brasileiro foi emocionante. Assim como o Botafogo, o Fluminense está quase livre do rebaixamento. Um time que tem bons jogadores, como o lateral esquerdo Caio Henrique e um habilidoso trio no meio-campo, com Alan, Daniel e Ganso, não merece cair.
Fiquei triste e decepcionado com o Cruzeiro, cada dia mais perto da Série B. É impressionante como os jogadores têm atuado tão mal. Eles se esforçam, mas, além da total falta de confiança, há muitos atletas fracos e decadentes. Abel Braga não tentou nada diferente. Se ele não tivesse pedido demissão, seria demitido, ainda mais que o novo técnico, Adílson Batista, tem um vínculo emocional com o Cruzeiro. O torcedor gosta dele. Ainda há esperança.
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