01 março 2020

Competição desigual


Qual o limite do Flamengo, único time nacional capaz de enfrentar europeus?
Sem pontos fracos entre seus titulares, a equipe rubro-negra tem acertado nas contratações que faz.
Juca Kfouri, Folha de S. Paulo

Ao ganhar seu quinto título seguido com exceção do Mundial, quando enfrentou dignamente o Liverpool, o Flamengo se apresenta como a equipe brasileira que permite sonhar com enfrentamentos equilibrados diante das maiores potências europeias.
Sem pontos fracos entre seus titulares e com elenco repleto de opções para manter o nível deles, o Flamengo tem acertado nas contratações que faz e, aí, não tem sido apenas o dinheiro seu maior aliado, mas a observação tecnicamente certeira para buscar reforços.
Os zagueiros Gustavo Henrique e Léo Pereira, o ponta Michael e o centroavante Pedro são as provas mais recentes das bolas dentro do departamento de futebol, para não citar Pedro Rocha, submetido a trabalhos de reequilíbrio físico e ainda não provado.
A questão posta no momento é a de sempre: até onde esse Flamengo se manterá, que perspectiva de autossustentabilidade existe para não ser fogo de palha como tantos outros clubes em passado recente?
Será o time rubro-negro o Bayern de Munique brasileiro? Ou a Juve?
Os bávaros são heptacampeões alemães e a Juventus é octacampeã italiana, a última conquista com cinco rodadas de antecedência.
Percebam a rara leitora e o raro leitor que não se trata do fenômeno chamado de espanholização, porque vai além da dualidade Barcelona e Real Madrid, ou fica aquém: estamos tratando de apenas um clube hegemônico em dois países do primeiro mundo do futebol.
E não há aqui juízo de valor, se é bom ou ruim para o panorama nacional, embora seja evidente que o desejável será sempre a existência de adversários.
Na Alemanha, o Borussia Dortmund ameaçou a soberania de Munique e agora o RB Leipzig dá mostras de ser candidato.
Na Itália, hoje, só a Lazio ameaça o eneacampeonato, mas o mais provável é nova conquista em bianco e nero.
Na França, como se sabe, o Paris Saint-Germain é absoluto. Venceu 6 dos últimos 7 campeonatos, série interrompida pelo Monaco em 2016/17, exceção para confirmar a regra, basta dizer que ficou 13 pontos atrás do PSG no ano seguinte.
Alguém poderá dizer que 3 das 5 taças conquistadas pelo Flamengo não são lá essas coisas, e além de ter razão estará com o cotovelo em carne viva.
Porque mais do que ganhar as decisões de que participa, importa ver a maneira como as vitórias acontecem.
No Brasileiro passado, com 16 pontos à frente do vice-campeão Santos, como se pilotado por Cid Gomes e sua retroescavadeira amarela.
Na final única da Libertadores, sem jogar bem, no peito e na raça de maneira histórica, virada nos acréscimos, casca grossa.
Ao encontrar o Athletico-PR na decisão da Supercopa do Brasil, com show, empolgante, intenso, goleador.
Na Taça Guanabara, em ritmo de treino de pré-temporada, o Boavista era só o sparring.
E na Recopa Sul-Americana, com dez jogadores desde a metade do primeiro tempo, para ficar com a bola apenas 27% do tempo e enfiar 3 a 0 no bom Independiente Del Valle.
Deu oito chutes no alvo, contra dois do adversário, só 191 passes contra 510, isso é, foi capaz de aceitar a inversão de papéis no Maracanã com 70 mil torcedores e ainda revelou uma face desconhecida de Gabigol, muito além da de artilheiro: além de marcar um gol e dar outro, marcou também os rivais e assumiu o papel de comandante do estrelado esquadrão.
Quem se habilita a disputar com o Flamengo?
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