Como
Bolsonaro, Guedes zomba da Covid-19; Wall Street desaba
Governo brasileiro anuncia pacote com pouco poder de fogo para
enfrentar a crise.
Oswaldo Bertolino, portal Vermelho
Além do presidente da República, Jair
Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem tratando a grave pandemia
de coronavírus, chamada de Covid-19, com absoluto descaso. Além das medidas
pífias para enfrentar a situação, seu diagnóstico é de que “os mais idosos”
devem ir para casa e “os mais jovens podem circular” por terem “mais saúde,
mais defesa imunológica”. Com essas medidas, segundo ele, “a economia consegue
encontrar um meio termo”. “Porque se ficar todo mundo em casa, o PIB colapsa”,
alertou.
O colapso é inevitável, independente
do que pensam Bolsonaro e Guedes sobre a pandemia. E, no que depender do
ministro, os mais jovens devem fazer sacrifícios, se expondo ao risco cada vez
maior, para tentar salvar a economia. Além da irresponsável afirmação, o
ministro se apega ao seu modelo de gestão econômica mesmo diante da crescente
evidência de que o país precisa ações emergenciais.
Seu
pacote de R$ 147,3 bilhões se limita a socorrer a economia, quando o mais
urgente são as demandas da infraestrutura na área de saúde. E se limitam a
paliativos, como a antecipação da segunda parcela do 13º salário de aposentados
e pensionistas do INSS para maio, transferência de valores não sacados do
PIS/Pasep para o FGTS, pagamento do abono salarial em junho e inclusão de mais
1 milhão de beneficiários no programa Bolsa Família.
Outras paliativos foram a isenção,
por três meses, das contribuições dos empresários para o FGTS e da parte da
União no Simples Nacional; redução em 50% das contribuições para o Sistema S,
também por três meses; reforço ao crédito do Programa de Geração de Renda
(Proger); simplificação das exigências para a contratação de crédito e a
dispensa de Certidão Negativa de Débito na renegociação de crédito; e
facilitação no desembaraço na alfândega de insumos e matérias primas
industriais.
A
maior parte dos recursos provenientes de remanejamentos, de linhas de crédito e
de antecipações de gastos, sem mexer no ordenamento da distribuição do
Orçamento. Ou seja: o governo praticamente não destinou recursos novos nem para
o combate aos efeitos econômicos da Covid-19.
Queda em Wall Street
A gravidade de situação exigiria
muito mais. Além de mais investimentos na saúde, o país precisa se preparar
para os efeitos do agravamento da crise econômica global. O Dow Jones,
principal índice da bolsa de Nova York (Wall Street), caiu quase 3.000 pontos,
um novo recorde diário, na sessão da segunda-feira (9), já chamada de “negra”,
e perdeu 12,93%, mais do que nas derrocadas de 28 e 29 de outubro de 1929, que
batizaram aquele período como o do Grande Crash e da Grande Depressão.
Na
Europa, a segunda-feira “negra” não foi tão trágica como a quinta-feira de 12
de março, quando o conjunto das bolsas europeias se afundou 14%, mas registou
quedas assinaláveis em Atenas (-12,2%), Viena (-10,4%) e Madrid (Ibex 35 perdeu
7,9%).
O
G-7 (sete maiores economias desenvolvidas do mundo) aprovou, na segunda-feira,
uma declaração comprometendo-se a “fazer tudo o que for necessário”. No
comunicado de imprensa conjunto publicado em Washington, o G-7 sublinha a
“vontade” de mobilizar “todos os instrumentos de política econômica” à sua
disposição, quer sejam medidas no plano orçamentário ou monetário (através dos
bancos centrais), quer se trate de ações direcionadas, “para apoiar
imediatamente e tanto quanto necessário os trabalhadores, empresas e setores
mais afetados”.
O G-7 solicitou aos ministros das
Finanças que passem a “coordenar semanalmente a implementação dessas medidas e
que implementem novas ações rápidas e eficazes”. O grupo é formado por
Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido; a União
Europeia também está representada.
Estatização na Itália
De
acordo com a Agence France Presse, o governo da Itália anunciou, nesta
terça-feira (17), que prevê, como parte das medidas para enfrentar a pandemia
do novo coronavírus a nacionalização da companhia aérea Alitalia, que enfrenta
grandes dificuldades financeiras há vários anos.
O conselho de ministros “prevê a
constituição de uma nova empresa totalmente controlada pelo ministério da
Economia e das Finanças, ou controlada por uma empresa com participação pública
majoritária, inclusive indireta”, afirma um comunicado publicado na madrugada
de terça-feira e que inclui uma série de medidas econômicas.
Seguindo
a mesma linha, o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, afirmou, também
nesta terça-feira, que o governo está disposto a recorrer a todos os meios,
inclusive nacionalizações, para “proteger” as empresas ameaçadas pela pandemia
de coronavírus.
“Não
hesitarei em utilizar todos os meios a meu alcance para proteger as grandes
empresas francesas”, afirmou Le Maire em uma entrevista coletiva por telefone.
“Isto pode ser feito por meio da capitalização ou compra de participações.
Inclusive posso usar o termo nacionalização se for necessário”, completou,
segundo a AFP.
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