Coronavírus político: 3 pontos
Luciano Siqueira
Um - já não
se tem a menor dúvida de que pandemia implica graves consequências sobre a
economia global e do País. Tal como o organismo humano quando previamente adoecido
de outra enfermidade, o capitalismo dos nossos dias se arrasta em crise
sistêmica desde 2008 e expõe, de maneira dramática, as condições de vida
vulneráveis da grande maioria da população mundial. E as políticas ultraliberais
ora dominantes mundo afora, agravam a situação e ao mesmo tempo se desmoralizam
em tempo imediato pela intervenção estatal em regra, a partir mesmo dos EUA e países
capitalistas centrais.
Dois - No
Brasil, o enfrentamento da pandemia tem sido claudicante e muito aquém da
complexidade social em que vivemos. O presidente da República, em tese chefe de
Estado, mantém atitude irresponsável e atabalhoada face as ameaças que o País enfrenta.
Tanto na esfera sanitária, como na gestão da economia as medidas ainda não tem
um alcance devido. Basta verificar que o que se tem feito basicamente contempla
a parte da população de vida razoavelmente organizada. As grandes massas
populares das periferias urbanas, pelas condições de moradia e de trabalho, se
constituem no maior contingente ainda não contemplado pelas iniciativas
adotadas. Nessa camada a letalidade do vírus pode vir a ceifar a vida de
milhares de vulneráveis.
Três - Na
esfera política, onde estamos e para onde vamos? A resposta ainda não está
clara, mas é evidente a tremenda perda de credibilidade de Bolsonaro, seu
crescente isolamento político e a possibilidade de - em ambiente de salvação nacional - ocorrer
uma natural convergência de vontades e iniciativas no campo da resistência
democrática. E no meio do caminho — se não forem adiadas —, as eleições
municipais tendem a se dar ao ambiente social potencialmente contrário à
extrema direita no poder. O panelaço de ontem é um bom sinal. O que requer das
correntes de oposição muita perspicácia, iniciativa e capacidade de
convergência.
[Ad Reinhardt]
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