Queda
de Moro revela propósito de Estado policial de Bolsonaro
Portal Vermelho
A saída de Sérgio Moro do governo
Bolsonaro agrava a crise política no país. O agora ex-ministro da Justiça, um
dos esteios da edição da candidatura de extrema-direita nas eleições de 2018,
saiu fazendo acusações gravíssimas ao presidente da República. Suas palavras
traduzem a intenção de Bolsonaro de assumir o controle total da Polícia Federal
(PF) e dar mais um passo na sua caminhada autoritária.
O presidente na
prática removeu Moro na busca da hipertrofia do seu projeto de poder, agora sem
um dos seus correntes. Com isso, ele emite mais um sinal de que a sua meta é
impor ao país um Estado autoritário, de feição policial, promovendo a ruptura
com o regime democrático ancorado na Constituição.
Bolsonaro dá novas
demonstrações de irresponsabilidade e de indiferença quanto à vida e à saúde
dos brasileiros, criando uma crise política quando se eleva a morte de
brasileiros acima da casa de três centenas em um só dia. [ https://bit.ly/3aEsszP]
Em meio a isso, abusa
das “manobras diversionistas, em vez de pautas de interesse da nossa nação”,
disse o governador. As ações federais no combate à Covid-19 também são
prejudicadas, segundo Dino, pela “equipe fraca e descomprometida” da qual
Bolsonaro se cercou.
Ao falar de
“interferência política, com resultados imprevisíveis”, e em confissão do
presidente sobre inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Moro
não deixa dúvidas de que essa a intenção de Bolsonaro é a ruptura com o regime
democrático.
No pronunciamento
oficial desta sexta-feira (24), o presidente, que havia prometido restabelecer
a “verdade”, se limitou a um longo discurso aleatório, reafirmando que de fato
quer um diretor-geral da Polícia Federal sobre o qual tenha acesso e controle plenos.
Confirmou que pedira a interferência de Moro em casos relacionados a ele e a
sua família. E enveredou para o pugilato verbal com o ex-ministro, afirmando
que ele teria proposto adiar a troca de diretor-geral da PF para novembro, após
ser indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF).
As afirmações de Moro
caracterizam crimes de responsabilidade do presidente. Ao se utilizar da PF
para proteger seu clã e impedir investigações sobre evidências de ilícitos
graves, Bolsonaro se utiliza do aparelho do Estado para interesses próprios. O
fato de ser questões de ordem criminal agrava a situação do presidente. Soma-se
a isso sua inquestionável intenção de instaurar um Estado autoritário e
policial.
A Procuradoria Geral
da República pediu investigação das declarações de Moro. Impôe-se, no âmbito do
Congresso Nacional, a instalação imediata de uma CPI que investigue os graves
crimes de Bolsonaro denunciados por Moro. Amplia-se mais ainda o leque de
forças políticas e sociais que firmam a posição de que Bolsonaro não reúne as
condições para comandar o país.
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