14 abril 2020

Sinais da crise


Ignorância e solidariedade postas à prova
Thiago Modenesi, no portal Vermelho

Após quase um mês de quarentena (pelo menos para mim, que comecei no dia 13 de março) o Brasil não para de me surpreender, para o bem e para o mal. Pela primeira vez desde a sua posse, Bolsonaro sente com força estremecer sua liderança e – talvez o mais significativo – seu modus operandi principal, o uso das redes sociais como um difusor de mentiras, ódio e meias-verdades.
Bolsonaro está praticamente isolado, quando se trata dos políticos, mas já não é assim quando se trata de parcela ainda expressiva da população, embora seja de se levar em consideração que, em cerca de 1 mês de quarentena, quase 40% já defendam sua renúncia.
Nesse momento que vivemos afloram coisas interessantes e contraditórias: de um lado uma potente e sensível rede de solidariedade entre nós, muitos se oferecendo para ajudar os mais idosos nas compras, pessoas fazendo vaquinhas virtuais para se apoiarem, mensagens, atitudes e mudanças de hábitos que rompem com o individualismo tão propalado nessa versão 4.0 de capitalismo que ora vivemos.
Por outro, o capitalismo é posto à prova, acaba por ter que negar seu discurso na prática em momentos de crise, imagina numa crise como a do Covid-19? Ver Donald Trump e outros com atitudes estatizantes, com forte presença do Estado apertando setores do mercado para que esses consigam ir de encontro ao lucro e egoísmo desenfreado, tudo isso não tem preço.
O Estado fraco é uma falácia, cantada aos 4 ventos por capitalistas, esses toparam lá atrás, nos anos pós-segunda guerra, até fazer uma flexão e construir um Estado de Bem-Estar Social para contrapor todos os avanços do Socialismo na União Soviética e Europa.
Com a queda do Muro de Berlim tudo isso ruiu junto com ele, capitalistas partiram pra uma agenda neoliberal, destruíram Estados nacionais, em particular nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos e impetraram o discurso de que tudo pode o mercado, o Estado não.
Após o forte golpe que acontece nas finanças mundiais com a crise dos sub-primes em 2008/2009 o capitalismo anti-estado ainda se arrastava para fora do poço que cavou para si próprio… aí vem uma pandemia.
O mundo que brotará após o fim da pandemia de Covid-19 não será o mesmo, nem serão os mesmos os paradigmas anunciados como verdade pelas redes sociais, porta-vozes modernos do capitalismo internacional que, infelizmente, parecem ter aprendido muito com os mandamentos de Goebbels e partido para a difusão de mentiras e ódio como instrumento de propaganda e convencimento.
Semeemos esclarecimento, colaboremos nas redes de solidariedade – essa inimiga do capitalismo – acreditemos que é possível derrotar a pandemia, mas não só. É também possível criar as condições para um mundo melhor, mais humano e com menos desigualdades: apesar de tudo o amanhã será diferente.

Se inscreva, fique sabendo https://bit.ly/2ySRLkm

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