#Somos70porcento. Sim, e daí?!
Edilson
Silva*
A hastag
“somos70porcento” invadiu as redes sociais no Brasil. Este “rótulo” é
multidimensional, pode significar muitas posições políticas, mas há algo que
unifica todas essas dimensões sob uma só “palavra de ordem”: do outro lado há
um obstáculo resistente de 30%, como mostram incontáveis pesquisas. Este
obstáculo vem usando a hastag “somos57milhões”.
Os 70%,
ao se “entrincheirarem” neste rótulo, demonstram um salto positivo na
conscientização sobre o que está acontecendo neste momento. Querem se diferenciar
dos 30% que vão se desnudando dia após dia em sua identificação consciente com
um fascismo e uma malignidade indisfarçáveis.
Aliás,
esses 30% não disfarçam, eles ostentam e se orgulham de seu terraplanismo, de
sua anti ciência, machismo, racismo, falta de cultura, descuidado com o meio
ambiente, com a covid19. São um elogio consciente à ignorância e à truculência.
O seu ministro da educação, Weintreub, é um ícone. E estão compactados
exatamente por estas “patologias”.
Mas os
70% ainda não entenderam (ou não aceitam) plenamente sua diversidade interna e,
mais ainda, as contradições que precisam ser administradas e colocadas em
segundo plano neste momento.
Nestes
70% estão o Lula, o Ciro, o Flávio Dino, a Marina Silva, o Boulos, o Molon.
Difícil, do centro pra esquerda, né? Pois coloque também o Rodrigo Maia, o
Dória, o Moro, o Witzel, a Globo, o Luciano Huck, a OAB, CNBB, ABI, até o
Datena, agora. Só pra ficar mais amplo e representativo, e difícil, coloca
também a Anitta e o Felipe Neto, e, literalmente, as torcidas do Corinthians e
do Flamengo. É disso que se trata.
Se
quisermos ter uma ação compacta, unificada no tempo e no espaço, capaz de ser
um amplo movimento que imponha uma derrota aos resistentes 30%, temos que,
todos, todos os representativos destes 70%, responder a uma mesma pergunta e
buscar encontrar uma mesma resposta: que ação concreta vamos fazer para
encerrar este governo de morte e começar a baixar a moral dos fascistas, de
forma que eles voltem para seus armários?
Sem este
esforço, continuaremos sendo os 70% dispersos. Há golpistas arrependidos, há
antipetistas, petistas, ciristas e anticiristas, antiesquerdistas,
esquerdistas, anarquistas, isentões arrependidos, liberais e neoliberais, há
oportunistas de toda sorte. Mas esta é a variada matéria prima dos 70%.
Da pra
sentir que caminhamos para uma unidade, porém o ritmo desta construção está
lenta e a ampulheta da morte por conta da pandemia não dá tréguas e o desmonte
de nossa democracia constitucional também está acelerado. Que nossas lideranças
maiores percebam isso e construam as condições para ações concretas e
unificadas contra a insanidade que toma conta do país. Por uma Frente Ampla
pela Democracia e em Defesa da Vida.
*Edilson Silva é presidente da UNEGRO no Recife e foi deputado
estadual
Você já viu? https://bit.ly/3c6HtLo
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