01 junho 2020

Força tarefa para o bem


Os desafios da gestão pública em tempos de pandemia
Marconi Muzzio*

Sou Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE)  há um quarto de século. Porém, desde o dia 01 de janeiro de 2013, a convite do Prefeito Geraldo Julio, assumi a Secretaria de Administração e Gestão de Pessoas (SADGP) da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) e jamais vivenciei no serviço público nada semelhante ao que estamos passando nesta Pandemia. As prioridades foram todas modificadas com a agilidade que o caso nos impõe, para salvaguardar o bem mais precioso em qualquer sociedade civilizada: a vida!
O papel da liderança é fundamental para que isso aconteça e seja devidamente coordenado. No caso da PCR, o prefeito instituiu o Comitê de Resposta Rápida à Covid-19 ainda em 28 de janeiro e sou um dos oito Secretários que compõe o referido Comitê, presidido pelo secretário de Saúde, Doutor Jailson Correia. O Plano Municipal de Contingência demanda adequação e aumento considerável da rede (1075 novos leitos), que exige necessariamente na aquisição de produtos, serviços e insumos, bem como na contratação de mais profissionais de saúde
No entanto, tudo isso num formato e tempo jamais previstos. O novo paradigma foi instalado, a prioridade é única: salvar o maior número possível de pessoas. O serviço público é instado a uma agilidade inimaginável, tendo que enfrentar também a cruel mão invisível do mercado, materializada em preços abusivos, demoras na entrega, “leilões” de produtos, etc. O desafio de conseguir os equipamentos, produtos e serviços não é tarefa fácil.
A Secretaria que conduzo é responsável pela Central de Licitações de toda a Prefeitura, comandada pelo Auditor do TCE, George Pierre, referência no assunto em nosso Estado. Entretanto, no caso de dispensas, os processos são conduzidos por cada Secretaria, mas, pela excepcionalidade da situação, criou-se um Comitê de Compras e Contratações Especiais (Decreto nº 33.514), no âmbito da Secretaria de Saúde (SESAU) com a participação da Procuradoria (PGM), Controladoria (CGM) e Administração (SADGP).
A SESAU, pela sua expertise na temática, conduz todos os processos de aquisição e compra. A PGM, conduzida pelo Procurador do Estado, é responsável pelo controle da legalidade, emissão de pareceres e contratos. A CGM, comandada pelo Auditor do Tesouro Municipal, André Nunes, dentre outras funções, prioriza a publicização e transparência imediata dos atos relacionados à covid-19, em site específico como preconiza a Lei da Pandemia (nº 13.979).
A SADGP, além de suas competências como a contratação de todos os novos profissionais de saúde, atua na revisão burocrática de todos os processos de dispensa, para dar o devido suporte à SESAU nas respectivas prestações de contas, das quais mais da metade (90) já foi remetida ao TCE. Além disso, temos realizado reuniões frequentes com as equipes técnicas daquela Corte de Contas, que tem tido um papel fundamental na orientação e acompanhamento das nossas ações através de seu destacado e qualificado quadro técnico.
Nesse cenário de tantas incertezas e situações nunca vivenciadas, é comum reunirmos o que chamamos de Núcleo de Gestão, agregando a esse grupo e às nossas discussões o Secretário de Finanças, o Auditor da Receita Federal, Ricardo Dantas, e o Secretário de Planejamento e Gestão, também Auditor do TCE, Jorge Vieira. Todos, sem exceção, servidores de carreira com larga experiência no serviço público. Esse tem sido o esforço e a força tarefa que norteiam as ações de gestão nessa difícil e hercúlea missão de combater o vírus e suas maléficas consequências.
*Marconi Muzzio é Secretário de Administração e Gestão de Pessoas do Recife
[Ilustração: Josef Albers]

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