Prorrogação
do auxílio emergencial já!
Isaac Cassimiro*
A previsão da queda do PIB para este
ano é de 8% até o momento. O boicote e a corrupção do governo Bolsonaro vai
levar a uma onda de falências de micro e pequenas empresas e a um aumento do
desemprego para taxas nunca vistas antes.
E qual a saída para a crise sanitária, econômica e social?
Ambas têm como origem o desgoverno de
Bolsonaro. Os compromissos dele não são com o povo e sim com seu clã. Sua prioridade
é o uso do Estado para proteger sua família e amigos, dando as costas para o
povo. A solução para esse problema passa pela construção de uma frente ampla, capaz
de construir um projeto de salvação nacional. O mesmo precisará conter um
projeto de recuperação econômica com incentivo a elevação do consumo como pilar
da retomada da economia. Esse incentivo passa necessariamente pela prorrogação
do auxílio emergencial por um mínimo de 6 meses.
O raciocínio é simples, Keynes dizia
que “a renda é o principal determinante do consumo agregado: Quanto maior a
renda, maior tende a ser os gastos das famílias.”1 Como nesse
momento o principal motivador da crise econômica, além dos desmandos do
governo, é a queda da renda das pessoas, sua elevação propiciará a retomada do
consumo e consequentemente o aquecimento das vendas, impedindo a falência de
pequenas e médias empresas e o desemprego.
Como o bolsa família, o auxílio
emergencial tem impactos indiretos na economia, tais como a elevação da
arrecadação e o combate à pobreza. Em 2017
o economista Marcelo Neri, então diretor da FGV
Social, informava que “o Bolsa Família é o programa que tem o maior
efeito multiplicador sobre a economia. Para cada R$ 1 de repasse, o PIB
(Produto Interno Bruto) cresce R$ 1,782”. Podemos usar o mesmo raciocínio para os impactos do
auxílio emergencial, acrescentando que uma parte dos recursos destinados ao
auxílio retorna para o governo na forma de imposto, pois sobre os produtos
adquiridos pelos beneficiários, incidem impostos como PIS, CONFINS e outros.
Os recursos para a
prorrogação do auxílio viriam da cobrança de tributo sobre os lucros e
dividendos e dos impostos sobre herança e grandes fortunas. De acordo com Ciro Gomes, “persistir na política econômica
neoliberal é “suicídio”. Um tributo sobre lucros e dividendos aumenta a
arrecadação entre R$ 70 bilhões a R$ 90 bilhões. Com um imposto sobre os
grandes patrimônios, teremos mais R$ 90 bilhões3”. Recurso
suficiente para a prorrogação.
A prorrogação do auxílio é
mais eficiente para a economia que os incentivos dados pelo governo aos bancos,
pois enquanto aquele provoca uma elevação do consumo e aquecimento da economia
esses tem como consequência apenas o aumento dos lucros astronômicos dos
banqueiros e de seus sócios. O exemplo é a liberação de 1.2 trilhões de reais
aos bancos no início da pandemia, realizado por Guedes e Bolsonaro, que até
agora só serviu para aumentar seus lucros, não chegando às pequenas e médias
empresas que estas sim estão precisando.
A prorrogação do auxílio é
uma medida de combate a crise econômica e social, contribuindo também no enfretamento
da pandemia, pois pode evitar a aglomeração de pessoas.
Notas:
1.
Manual de macroeconomia: nível básico e nível
intermediário/ Luiz Martins Lopes, Marcos Antônio Sandoval de Vasconcelos
(organizadores) – 2.ed.- 8. Reimpr. – São Paulo: Atlas, 2006.
2.
O Estado de São Paulo, n.
45036, 05/02/2017. Economia, p. B3
*Isaac Cassimiro é
economista e pós-graduado em Gestão em Desenvolvimento Local
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