111 anos de Burle Marx, do Recife para o mundo
Janaina Granja*
Um multiartista, adjetivo adequado para traduzir Roberto Burle
Marx, foi designer de joias,
artista plástico, pintor, escultor, ceramista, tapeceiro e consagrado
mundialmente como paisagista.
Nasceu em São Paulo, no dia 4
de agosto de 1909. Seu pai era Wilhelm Marx, um judeu alemão que comercializava
couro, e sua mãe se chamava Cecília Burle, uma pernambucana descendente de
franceses.
Seu amor pela vegetação
brasileira surgiu a partir de uma visita ao jardim botânico de Belim, lugar que
morou por um tempo por conta de um tratamento de visão, nas estufas do jardim
ele conheceu, mais intimamente, as espécies do Brasil. Essa passagem pela
capital alemã foi um período marcante na vida de Roberto Burle Marx, inspiração
para seu trabalho de paisagista. É dele a frase “Gostaria que os que viessem depois de mim pudessem, pelo menos, ver
alguma coisa que lembrasse o país fabuloso que é o Brasil do ponto de vista
botânico, dono da flora mais rica do Globo”.
O inicio desse trabalho se deu a partir de um convite de Carlos de
Lima Cavalcanti, então governador de Pernambuco, para chefiar o setor de
Parques e Jardins do Estado de Pernambuco, cargo ocupado no período de 1934 a
1937. No Recife, sua lista de obras é extensa e inclui grandes marcos urbanos,
onde assinou em torno de 40 projetos entre públicos e privados.
A cidade tornou-se referência no estudo da paisagem no Brasil,
onde Burle Marx projetou os primeiros jardins e espaços de convivência na linha
modernista. Seu primeiro jardim público,construido em 1935, a praça de Casa
Forte, no bairro de mesmo nome, é um projeto que transmite as preocupações
ecológicas e estéticas, reunindo as espécies da mata atlântica, amazônica e
plantas exóticas.
Dentre os jardins públicos, seis foram tombados, a Praça de Casa
Forte, a Praça Faria Neves, a Praça Euclides da Cunha, a Praça do Derby, a
Praça Salgado Filho e Praça da República e Jardins do Palácio do Campo das
Princesas. Os projetos públicos estão protegidos por lei e tratados como
Jardins Históricos. O Sistema Municipal de Unidades Protegidas, instituído
através da Lei 18.014/2014, em seu artigo 29, define Jardim Histórico como uma
composição vegetal que, do ponto de vista da história ou da arte, apresenta um
interesse público, sendo, como tal, considerado um monumento. Na concepção de
Burle Marx “o jardim é a natureza organizada subordinada às leis arquitetônicas”
(Marx, 1935). Esse legado faz de Recife uma cidade que dialoga com o mundo,
seja na linha de pesquisa ou do turismo. E desde 2009, a cidade celebra no mês
de aniversário de um dos maiores paisagistas do século XX a Semana Burle Marx,
instituída por lei com objetivo de dar visibilidade aos trabalhos de Burle Marx
e desenvolver ações de educação patrimonial.
*Janiana Granja é assistente social, pós-graduada
em política ambiental. Integra do gabinete do vice-prefeito do Recife
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