Esqueci de me esquecer
Luciano Siqueira
Números, datas, nomes e lugares frequentemente me escapam à memória.
Mas sou bom em fisionomia e fatos.
Como assim?
Ora, se encontro alguém que vi alguma vez e já não guardo o nome, sou capaz de recordar precisamente a situação em que nos conhecemos.
- Está lembrado de mim?
- Sim. Nós nos conhecemos na fila de autógrafos do livro de Fulana de Tal na Livraria Cultura, não esqueci...
- Isso mesmo! Você tem boa memória.
E é claro que ao longo de décadas de vida – que é o meu caso – situações embaraçosas ou desagradáveis ficaram na memória.
Melhor esquecer.
Mas a maldita memória tem seus caprichos, teima em conservar registros incômodos.
Pior: como diz Nélida Piñon, a memória é criativa, para as boas lembranças e para as más.
Quando más, a relembrança se faz uma dor que se renova e incomoda mais do que o sucedido.
Agora mesmo, escrevo em meio a uma videoconferência e me ocorre algo absolutamente incomodo... que infelizmente esqueci de esquecer!
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