29 setembro 2020

Crônica da quarta-feira


Esqueci de me esquecer
Luciano Siqueira

Sempre me intrigou a dificuldade de lembrar de umas coisas e de outras de não. Às vezes com certo prejuízo, pois não me lembro justamente do que é necessário lembrar...

Números, datas, nomes e lugares frequentemente me escapam à memória.

Mas sou bom em fisionomia e fatos.

Como assim?

Ora, se encontro alguém que vi alguma vez e já não guardo o nome, sou capaz de recordar precisamente a situação em que nos conhecemos.

- Está lembrado de mim?

- Sim. Nós nos conhecemos na fila de autógrafos do livro de Fulana de Tal na Livraria Cultura, não esqueci...

- Isso mesmo! Você tem boa memória.

E é claro que ao longo de décadas de vida – que é o meu caso – situações embaraçosas ou desagradáveis ficaram na memória.

Melhor esquecer.

Mas a maldita memória tem seus caprichos, teima em conservar registros incômodos.

Pior: como diz Nélida Piñon, a memória é criativa, para as boas lembranças e para as más.

Quando más, a relembrança se faz uma dor que se renova e incomoda mais do que o sucedido.

Agora mesmo, escrevo em meio a uma videoconferência e me ocorre algo absolutamente incomodo... que infelizmente esqueci de esquecer!


Meu artigo “Frente ampla e eleições municipais” https://bit.ly/3gepdTn  

Nenhum comentário: