Renda dos trabalhadores cai
20% e inflação de alimentos aumenta
Completa
ausência de medidas da área econômica do governo eleva preços de produtos como
óleo de soja, arroz e leite longa vida, com altas de 34,94%, 28,05% e 27,33%
acumuladas no ano. Por outro lado, perda de renda e desemprego chegam a
patamares históricos
Portal Vermelho
O desprezo do desgoverno de Jair Bolsonaro pelas camadas mais
pobres da população mantém em alta a inflação dos alimentos, principal gasto
das famílias das classes D e E. Segundo divulgou nesta quarta (23) o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor
Amplo – 15 (IPCA-15) ficou em 0,45% em setembro – a maior para o mês desde
2012, quando ficou em 0,48%.
A alta foi pressionada
justamente pelos preços dos alimentos e bebidas, que subiram 1,48% no período.
O maior impacto foi causado pelas altas das carnes, tomate, óleo de soja e
arroz. As carnes ficaram 3,42% mais caras, e tiveram o maior impacto dentro do
grupo. Também ficaram mais caros o tomate (22,53%), o óleo de soja (20,33%), o
arroz (9,96%) e o leite longa vida (5,59%). Os três últimos itens acumularam
altas de 34,94%, 28,05% e 27,33% no ano, respectivamente.
Os transportes, com alta de
3,19%, também pesaram, puxados pela gasolina, que ficou 3,19% mais cara. O óleo
diesel (2,93%) e o etanol (1,98%) também apresentaram alta. Apenas o gás
veicular registrou queda de 2,58%.
O indicador – que é considerado uma prévia da inflação oficial
do país – mostrou aceleração em relação ao índice de agosto, quando ficou em
0,23%. No ano, a prévia da inflação acumulou alta de 1,35% e, em 12 meses,
atingiu 2,65%.
O IPCA-E, que é o IPCA-15
acumulado no trimestre, foi para 0,98%, acima da taxa de 0,26% registrada no
mesmo período de 2019.
Todas as regiões pesquisadas
tiveram alta de preços em setembro. O maior resultado foi registrado em Goiânia
(1,10%), devido às altas nos preços da gasolina (8,19%) e do arroz (32,75%). Já
a menor variação foi registrada na região metropolitana de Salvador (0,18%).
Enquanto o ministro-banqueiro da Economia, Paulo Guedes, se
submete à humilhação pública pelos colegas de ministério, a expectativa de
inflação do mercado para este ano chega a 1,99%, segundo o relatório Focus,
divulgado nesta segunda (21) pelo Banco Central. Já para o Produto Interno
Bruto (PIB), a projeção dos analistas é de um tombo de 5,05% em 2020.
Em meio à alta de alimentos da
cesta básica, os estoques públicos de alimentos sofreram redução de 96% na
média anual, em uma década, considerando seis diferentes tipos de grãos. O
arroz está entre os que mais puxaram a queda na armazenagem. Além dele, o
feijão sumiu dos estoques públicos há mais de três anos, e a soja, um dos
principais produtos nacionais, não é armazenada desde 2013.
Segundo reportagem do portal
‘UOl’, a decisão deliberada do governo de manter os estoques baixos deixa os
preços dos produtos à mercê da oferta e da procura do mercado e da oscilação no
valor do dólar, sem interferência do Estado. “Em 2010, havia armazenadas quase
1 milhão de toneladas do grão, volume que despencou para 21 mil toneladas
—patamar mantido desde fevereiro do ano passado a até agora”, destaca a
matéria.
Renda do trabalhador cai 20%
Ao mesmo tempo, a renda do
trabalhador brasileiro caiu, em média, 20,1%, segundo a pesquisa ‘Efeitos da
pandemia sobre o mercado de trabalho brasileiro’, publicada pela Centro de
Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), que mediu pela primeira
vez os efeitos da pandemia da Covid-19 em um trimestre fechado. No cálculo,
consideram-se mercados formal e informal e também a parcela de trabalhadores
sem emprego.
No segundo trimestre desde ano,
período de abril a junho, a renda teve queda de R$ 1.118 para R$ 893, em
comparação com o trimestre anterior. Ainda de acordo com o estudo, a comparação
entre esses dois períodos também mostra que a desigualdade, medida pelo índice
de Gini, aumentou 2,82%. Tanto a queda média na renda como o índice Gini
atingiram nível recorde quando analisadas variações da série histórica,
iniciada em 2012.
Os grupos que mais perderam foram os indígenas (-28,6%),
analfabetos (-27,4%) e jovens entre 20 e 24 anos (-26%). O impacto da pandemia
na renda da população mais pobre foi ainda maior do que na dos mais ricos. A
metade mais pobre da população brasileira perdeu 27,9% da renda, em média,
passando de R$ 199 para R$ 144. Enquanto isso, os 10% mais ricos perderam
17,5%, indo de R$ 5.428 para R$ 4.476.
“Trata-se de uma recessão
excludente, onde o bolo de rendimentos cai para todos, mas com mais força entre
os mais pobres”, diz o estudo. Ainda segundo a pesquisa, a queda na renda de
20,1% foi impulsionada pela redução na jornada de trabalho, que foi de 14,34%,
em média, e a outros fatores, como a própria diminuição na oferta de vagas. Ao
mesmo tempo, a taxa de ocupação, que mede o nível de emprego no país, caiu
9,9%, mas poderia ter caído 22,8% se não houvesse a redução das jornadas.
Bilionários ficam mais ricos
Enquanto cai a renda dos
trabalhadores, os bilionários aumentaram suas fortunas durante o período de
pandemia, tanto na América Latina como no mundo. Os dados são de relatório
divulgado nesta quarta (23) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). E
informam que a redução de horas trabalhadas em todo o mundo levou a uma
“drástica” diminuição do rendimento.
Segundo a OIT, apenas nos três primeiros meses do ano, os
rendimentos provenientes do trabalho diminuíram em torno de 10,7% em relação ao
mesmo período de 2019. Isso equivale a aproximadamente US$ 3,5 bilhões (perto
de R$ 19,6 bilhões, no câmbio de hoje). “Essa cifra não inclui os efeitos das
medidas adotadas pelos governos para sustentar o nível de renda”, pondera a
entidade. A renda do trabalho caiu principalmente em países de renda menor.
Segundo a OIT, a América foi a região mais atingida, com queda de 12,1%.
“Ao mesmo tempo em que
redobramos esforços para vencer o vírus, devemos adotar medidas para mitigar
seus efeitos nos aspectos econômico, social e de trabalho”, diz o diretor geral
da OIT, Guy Ryder. “Principalmente, fomentar o emprego e a atividade
empresarial, e assegurar a renda.”
O relatório ‘Quem Paga a Conta?
– Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da Covid na América Latina e Caribe’,
publicado pela Oxfam Brasil, segue a mesma linha. Segundo o estudo, 73
bilionários da América Latina e do Caribe aumentaram suas fortunas em US$ 48,2
bilhões (R$ 265,5 bilhões), apenas entre março e junho deste ano. No Brasil, os
42 bilionários do país aumentaram suas fortunas em US$ 34 bilhões (R$ 187,3
bilhões) no mesmo período.
“A Covid-19 não é igual para todos. Enquanto a maioria da
população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego, os bilionários
não têm com o que se preocupar”, diz Katia Maia, diretora executiva da Oxfam
Brasil.
A entidade está revendo suas
estimativas, considerando perdas maiores que as previstas inicialmente. Do
quarto trimestre de 2019 para o segundo deste ano, por exemplo, calcula-se
redução de 17,3% nas horas trabalhadas. É o equivalente a 495 milhões de
empregos de jornada completa (48 horas semanais). Antes, previa-se retração de
14% (400 milhões).
Também se preveem quedas nos terceiro e quarto trimestres. “Um
dos motivos (sobre a nova estimativa de retração) é que os trabalhadores nas
economias em desenvolvimento e emergentes, em particular no setor informal, têm
sido muito mais atingidos do que em crises anteriores”, afirma a entidade. (Fonte: PT Notícias)
Veja:
Desemprego no centro da batalha eleitoral https://bit.ly/2X75FJ6
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