27 setembro 2020

Futebol em transe


Volta do futebol com torcida é o apogeu da irresponsabilidade

Flamengo tem razão em ter pedido adiamento de partida contra Palmeiras

Tostão, Folha de S. Paulo

 

flexibilização social é compreensível, desde que sem aglomeração e com o uso de máscara e outros cuidados. Mesmo quem já teve contato com o vírus, com a presença de anticorpos, deveria manter o distanciamento, pois não existe certeza sobre quanto tempo dura a imunidade.
futebol com torcida, desejado principalmente por alguns dirigentes, alguns governantes e pela CBF, mesmo com um terço da capacidade dos estádios —no Maracanã, seriam 20 mil pessoas—, é o máximo, o apogeu da irresponsabilidade. A reunião para discutir o dia da volta foi por videoconferência.

Flamengo, paradoxalmente o clube que mais quer a presença do público, vive um grande surto da doença, com a maioria dos jogadores infectados, além de vários dirigentes e membros da comissão técnica. Nos próximos dias, poderão surgir outros contaminados.

 

O presidente da República, que costuma se ausentar da responsabilidade pelos efeitos da pandemia, com a justificativa de que o STF concedeu aos governadores e aos prefeitos o direito de decisão, apoia, via Ministério da Saúde, o retorno da torcida. Vários governantes e outros dirigentes de clubes são contrários.
Vem mais confusão por aí, pois, em outubro, começam as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2022. Dezenove jogadores brasileiros que atuam no exterior vão viajar, jogar e voltar para seus clubes. Terão que ficar em quarentena.
O Flamengo, com toda razão, pediu o cancelamento do jogo contra o Palmeiras, pelo Brasileiro, pois tem poucos atletas do grupo principal em condições de jogar. A partida da última quarta-feira (23), contra o Barcelona, em Guayaquil, não deveria ter ocorrido, pois vários jogadores que atuaram já estavam infectados. Alguns, só deram positivo no dia seguinte.
O Palmeiras, com a aprovação da CBF, quis levar vantagem técnica, mesmo sabendo que os seus jogadores poderiam ser infectados, um desumano egoísmo.
A partida, felizmente, foi adiada com a decisão do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro.
A justificativa da CBF para para manter o jogo era a palavra mágica “protocolo”, facilmente driblada pelo vírus.
Enquanto continua a pandemia, a bola rola com pouquíssimos gols, ao contrário da tendência mundial.
Corinthians contratou Otero e Cazares, que, geralmente, ficavam na reserva no Atlético-MG. Os dois têm uma característica em comum, a irregularidade. Otero, se não acertar um de seus mísseis ao gol, torna-se um jogador mediano. Cazares tem muita habilidade e pouca técnica. Faz jogadas brilhantes e outras bisonhas, além de não ter uma boa participação coletiva.
O Palmeiras empata, mas não perde. Era assim também com Felipão. O time, pelo elenco, pelo sistema defensivo e pela experiência de Luxemburgo, é um forte candidato a ganhar títulos. Porém, se o Palmeiras estivesse no grupo do São Paulo, no qual enfrentaria o River Plate e a LDU, estaria invicto?
No sábado (26), o São Paulo enfrentaria o Inter. Quero fazer uma correção de um de meus comentários anteriores. Escrevi que prefiro a inconsistência do São Paulo à regularidade do Palmeiras, com a expectativa de que o São Paulo, por ter alguns ótimos momentos, evoluiria, se tornaria uma equipe que jogasse bem e que fosse regular, o que aumentaria as chances de ganhar títulos.
Depois que vi o meia-atacante Igor Gomes iniciar a saída de bola com o goleiro, tentando trocar passes dentro da área, uma função dos volantes, o que resultou na perda da bola e no segundo gol da LDU, fiquei decepcionado.

Veja: Eleições municipais em tempo de crise https://bit.ly/2FE2IJY  

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