21 setembro 2020

Minha crônica da segunda-feira


Continuo devendo ao Louvre
Luciano Siqueira

Guardo para com museus uma relação conflitiva: faz-me um bem enorme visitá-los, mas não tenho a menor paciência para encarar filas quilométricas.

Estive três vezes em Paris e não visitei o Louvre.

Perdi o encantamento impar do maior museu do mundo.

As filas eram imensas! Então, para quem estava na cidade por poucos dias e muita coisa a fazer, consumir uma manhã inteira e contemplar apenas uma nesga do imenso e notável acervo me pareceu – permitam-me o comportamento provinciano – um desperdício.

Seria uma visita frustrante. Demoro muito contemplando uma tela, uma escultura, uma instalação... 

Viajo espiritualmente ao imaginar supostas intenções do autor ou autora, apraz-me sentir lentamente minhas próprias impressões.

Então não pode ser uma rapidinha, quero mais tempo – e uma cota de prazer que não se perca na imaginação.

Precisou de uma pandemia da dimensão trágica do novo coronavírus para que o Louvre estivesse pronto para a minha visita, desde 6 de julho, quando reabriu. Mas estou aqui na Rua do Futuro, no 
Recife; e o museu na capital francesa.

Faltam-me meios para ir até lá.

Neste verão francês ocorreu uma queda de visitantes em torno de 75% em julho e 60% em agosto.
Seria um bom momento para visitantes contemplativos como eu.

Restam-me visitas virtuais. Ainda bem que o YouTube está aí para quebrar o galho.


Veja: Poesia em tempo de resistência https://bit.ly/2YxgGUL

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