Continuo
devendo ao Louvre
Luciano Siqueira
Guardo para com museus uma
relação conflitiva: faz-me um bem enorme visitá-los, mas não tenho a menor
paciência para encarar filas quilométricas.
Estive três vezes em Paris e
não visitei o Louvre.
Perdi o encantamento impar
do maior museu do mundo.
As filas eram imensas!
Então, para quem estava na cidade por poucos dias e muita coisa a fazer,
consumir uma manhã inteira e contemplar apenas uma nesga do imenso e notável
acervo me pareceu – permitam-me o comportamento provinciano – um desperdício.
Seria uma visita frustrante.
Demoro muito contemplando uma tela, uma escultura, uma instalação...
Viajo
espiritualmente ao imaginar supostas intenções do autor ou autora, apraz-me
sentir lentamente minhas próprias impressões.
Então não pode ser uma
rapidinha, quero mais tempo – e uma cota de prazer que não se perca na
imaginação.
Precisou de uma pandemia da
dimensão trágica do novo coronavírus para que o Louvre estivesse pronto para a
minha visita, desde 6 de julho, quando reabriu. Mas estou aqui na Rua do Futuro,
no
Recife; e o museu na capital francesa.
Faltam-me meios para ir até
lá.
Neste verão francês ocorreu
uma queda de visitantes em torno de 75% em julho e 60% em agosto.
Seria um bom momento para
visitantes contemplativos como eu.
Restam-me visitas virtuais.
Ainda bem que o YouTube está aí para quebrar o galho.
Veja: Poesia em tempo de resistência https://bit.ly/2YxgGUL
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