25 setembro 2020

Minha crônica da sexta-feira


Pesquisas e ilusões eleitorais
Luciano Siqueira

Agora que a campanha eleitoral se inicia pra valer, as pesquisas ganham importância e podem ter uma enorme serventia para orientar as táticas dos contendores.

Sobretudo quando se combinam as quantitativas – que medem tendências do eleitorado – e as qualitativas, que captam aspectos relevantes da sua subjetividade.

Mas se prestam também a verdadeiras lendas urbanas.

E a ilusões de candidatos facilmente influenciáveis.

Candidaturas às prefeituras pelo interior afora costumam se referir a uma tal “pesquisa do Palácio”, que – dizem – o favorece.

O “Palácio” é o governo do Estado.

E essas pesquisas são realmente realizadas, certamente não para todos os municípios, mas para os mais importantes eleitoralmente.

Entretanto, com muita antecedência se falam em tais pesquisas, sem que ninguém as tenham visto.

Puro boato ou embromação de algum oportunista desejoso de engabelar algum incauto.

Pior é quando um determinado candidato a vereador se vangloria de estar muito bem, segundo a tal pesquisa palaciana.

E tem as tais “pesquisas internas”, que colunistas políticos adoram mencionar. Se são “internas”, talvez seus dados sejam colhidos via endoscopia, por exemplo, que me medicina nos revela muita coisa sobre o paciente.

Mas na verdade se quer dizer que este ou aquele partido a encomendou e não tem autorização do TRE para publicá-las...

Vale tudo.

Tanto que quando da minha primeira eleição para deputado estadual, nos idos de 1982, havia uma candidato a vereador (naquele ano se votava de senador a vereador, além de governador), um humilde vendedor ambulante, gente finíssima, mas muito ingênuo, que engoliu um boato de que seria o mais votado no município, segundo “as pesquisas”.

Em todo comício de ponta de rua ele pedia para ser anunciado como “o vereador das pesquisas”.

E passou a me chamar de deputado. Que contestei:

- Sou um simples candidato, rapaz. Deputado só se for eleito.

- Você está eleito, em soube pelas pesquisas... E quero que me chame vereador, pois também estou eleito!

Pura ilusão.

Eu realmente fui eleito.

O incauto candidato “das pesquisas” obteve menos de 100 míseros votos!

E eu o perdi de vista até hoje. Não sei como lidou com tamanha decepção...

Veja: Por que partidos políticos são tão necessários? https://bit.ly/3jbou6m

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