Pesquisas
e ilusões eleitorais
Luciano Siqueira
Agora que a campanha eleitoral
se inicia pra valer, as pesquisas ganham importância e podem ter uma enorme
serventia para orientar as táticas dos contendores.
Sobretudo quando se combinam
as quantitativas – que medem tendências do eleitorado – e as qualitativas, que
captam aspectos relevantes da sua subjetividade.
Mas se prestam também a
verdadeiras lendas urbanas.
E a ilusões de candidatos
facilmente influenciáveis.
Candidaturas às prefeituras
pelo interior afora costumam se referir a uma tal “pesquisa do Palácio”, que –
dizem – o favorece.
O “Palácio” é o governo do
Estado.
E essas pesquisas são
realmente realizadas, certamente não para todos os municípios, mas para os mais
importantes eleitoralmente.
Entretanto, com muita
antecedência se falam em tais pesquisas, sem que ninguém as tenham visto.
Puro boato ou embromação de
algum oportunista desejoso de engabelar algum incauto.
Pior é quando um determinado
candidato a vereador se vangloria de estar muito bem, segundo a tal pesquisa
palaciana.
E tem as tais “pesquisas
internas”, que colunistas políticos adoram mencionar. Se são “internas”, talvez
seus dados sejam colhidos via endoscopia, por exemplo, que me medicina nos
revela muita coisa sobre o paciente.
Mas na verdade se quer dizer
que este ou aquele partido a encomendou e não tem autorização do TRE para
publicá-las...
Vale tudo.
Tanto que quando da minha
primeira eleição para deputado estadual, nos idos de 1982, havia uma candidato
a vereador (naquele ano se votava de senador a vereador, além de governador),
um humilde vendedor ambulante, gente finíssima, mas muito ingênuo, que engoliu
um boato de que seria o mais votado no município, segundo “as pesquisas”.
Em todo comício de ponta de
rua ele pedia para ser anunciado como “o vereador das pesquisas”.
E passou a me chamar de
deputado. Que contestei:
- Sou um simples candidato,
rapaz. Deputado só se for eleito.
- Você está eleito, em soube pelas pesquisas... E quero que me chame vereador, pois também estou eleito!
Pura ilusão.
Eu realmente fui eleito.
O incauto candidato “das
pesquisas” obteve menos de 100 míseros votos!
E eu o perdi de vista até
hoje. Não sei como lidou com tamanha decepção...
Veja: Por que partidos políticos são tão necessários?
https://bit.ly/3jbou6m
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