08 outubro 2020

Crônica da quarta-feira

O caos em ordem?

Luciano Siqueira

 

Li hoje no Twitter do Sobrevivente do Capibaribe (@caldaspedr): “Hoje é o dia do caos. Ou seja, o dia em que as coisas dão certo.”

Um colega da Faculdade de Medicina dado a leituras, digamos, fora do convencional entre nós que fazíamos o movimento estudantil, costumava dizer que escreveria um livro cujo título prenunciava elucubrações filosóficas: “O caos em ordem”.

Claro que o caos absoluto nem sempre pode ser visto como caldo de cultura para transformações benéficas, ainda que o genial líder da Revolução Russa, Lênin, tenha observado que a caótica situação em que nem os que governam conseguem seguir governando, nem os governados aceitam seguir governados como antes configura a chamada “situação revolucionária”.

Desse caos tanto pode emergir transformações sociais avançadas, como regimes autoritários de tipo fascista. Depende da correlação de forças.

O obtuso presidente atual do nosso país tropical mantém essa estratégia: do caos sanitário, econômico, social e institucional pretende se fazer governante absoluto.

Mesmo nesse tempo de “paz e amor” aparente com o STF e parcelas do Congresso Nacional. Ninguém se engane.

Pois bem. A tuitada do Sobrevivente do Capibaribe é correta e oportuna. Reflete a percepção de que nada na vida acontece em linha reta ou de acordo com um gabarito pré-estabelecido. As contradições estão na sociedade humana e no mundo mineral.

O repouso é relativo, o movimento é absoluto. O equilíbrio se apoia no conflito constante entre forças antípodas. É o que diz a dialética.

Animemo-nos amigas e amigos e enfrentemos os desafios de agora com a consciência (e a paciência) de que nada é fácil e é preciso ser decidido e hábil para transpor obstáculos.

Como diz um sábio baiano meu amigo, “a vida é assim; se não fosse assim seria de outro jeito”.

Por que partidos políticos são tão necessários? https://bit.ly/3jbou6m

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