Treinadores brasileiros precisam tirar a máscara da
soberba
Conceitos no país
são oito ou oitenta quando se trata de desempenho e resultado
Tostão,
Folha de S. Paulo
As estratégias e os conceitos de jogo no Brasil são oito ou
oitenta, tudo ou nada, desempenho ou resultado, ataque ou defesa, jogar bonito
ou vencer, como disse Luxemburgo.
Durante décadas, predominou no Brasil a ideia medíocre de que
todo time precisaria ter o volante brucutu ou, às vezes, três que protegessem
os zagueiros e os laterais, além de tocar a bola para o lado e não sair de
trás. A saída de bola da defesa para o ataque era feita por chutões e por
avanços dos laterais.
Recentemente, alguns técnicos e comentaristas passaram a
defender o oposto, que time bom é o que tem um volante que avança e que até faz
gols. Esquecem que as melhores equipes do mundo possuem um volante
centralizado, marcador, que protege a defesa e que inicia as jogadas ofensivas
com ótimos passes. São marcadores e construtores, como Casemiro, Busquets,
Kimmich, Thiago Alcântara, Kanté e outros.
Fernando Diniz
sempre escalou o São Paulo com os meio-campistas Daniel Alves e Tchê Tchê, além
do meia ofensivo Igor Gomes. Daniel Alves e Tchê Tchê saem da defesa trocando
passes, avançam e, quando o time perde a bola, deixam enormes espaços nas
costas, ainda mais que os zagueiros jogam muito atrás.
Nos últimos dois jogos, apesar
da limitação técnica do volante Luan, atrás de Daniel Alves e de Tchê Tchê, a
defesa ficou muito mais protegida, embora as estatísticas mostrem que o São
Paulo, durante o campeonato, foi a equipe que menos sofreu finalizações dos
adversários. Parece contraditório.
As estatísticas são importantes, mas os números não podem ser
tão prepotentes quantos os humanos.
Se o São Paulo vencer o Fortaleza, pela Copa do Brasil,
aumentará a confiança no técnico e no time. Se não vencer, Fernando Diniz
voltará a ser massacrado, mesmo com a equipe na parte de cima da tabela do
Brasileiro. Se não fosse Raí, Fernando Diniz já teria sido demitido.
Os técnicos
brasileiros precisam evoluir. No Palmeiras, o problema não é trocar muitos
jogadores do meio para frente nem o elenco. As deficiências são os enormes
espaços deixados entre os setores, o excesso de bolas longas e de chutões, a
falta de pressão para recuperar a bola no campo do adversário, a pouca troca de
passes e de triangulações e o pouco domínio do jogo.
Sampaoli, excelente treinador,
não faz nenhuma mágica. O Atlético tem uma estratégia muito parecida com a do
Manchester City, dirigida por Guardiola. Joga com apenas um volante, um lateral
de cada lado, que fecha e forma um trio de armação com o volante, dois meias
ofensivos que atuam próximos ao centroavante, já que o time, geralmente,
recupera a bola no campo do adversário, e ainda dois pontas abertos.
A equipe ataca
pelo meio e, rapidamente, muda o jogo para o lado, para o ponta receber livre
ou contra apenas um marcador. Em algumas partidas, Sampaoli troca o meia por
mais um volante ou por um terceiro zagueiro, para reforçar a defesa.
Os treinadores brasileiros, para aprenderem, precisam tirar a máscara da
soberba e assistir, com atenção, aos jogos dos grandes times europeus.
FUTEBOL NA PRANCHETA
O Cruzeiro possui o elenco
fraco até para a Série B ou os jogadores, impotentes, paralisados, não
conseguem lidar com a pressão e a responsabilidade de trazer um grande clube
para a Série A?
Devem ser as duas coisas e
mais o futebol sem alma, burocrático, jogado na prancheta, sob o comando de
Enderson Moreira e Ney Franco. O novo técnico precisa fazer algo novo,
surpreendente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário