15 outubro 2020

Do jeito que é possível

Incômoda ausência

Luciano Siqueira

 

Quem sou eu para me rebelar contra medidas preventivas em relação ao perigoso novo coronavírus?

Até pela formação médica, mas ainda pelo bom senso cumpro o que está determinado. Em defesa da vida, minha e de todos com quem me relaciono no dia a dia.

Por isso cumpri rigorosamente seis meses de isolamento social. E minhas atuais saídas à rua têm sido rigorosamente controladas.

Quando vier a vacina será diferente. Tomara que ela chegue pelo menos em meados de 2021.

Tudo bem, racionalmente as coisas estão claras.

Mas sou militante e o gosto pela rua nas batalhas eleitorais fervilha no sangue, como se diz. Confesso que me incomoda muito estar fisicamente ausente.

E tem o Instagram e o WhatsApp que alimentam a minha frustração.

- Foi muito bom! - escreve o amigo.

- Faltou você nessa foto, como na campanha passada – comenta delicadamente a amiga sem saber o mal que me faz!

Pior foi o comentário do Epaminondas:

- Tenha paciência, daqui a dois anos tem nova campanha. Se você estiver vivo...

Essa condicionante é de matar!

O cara passou dos setenta, se afoga em frustração porque a luta pelos meios digitais não o satisfaz, e vem o amigo agourento consolar assim de um jeito atravessado!

Mas no fundo ele tem razão. Faz-se agora o que é possível e se aguarda nova oportunidade para fazer do que jeito desejado.

A vida é assim. E aí reside um dos segredos da boa ambição: o desejo insatisfeito nos impele a querer mais. Um misto de frustração e expectativa. E de renovada esperança.

Tudo bem. Cuido agora de gravar em vídeo breves depoimentos em apoio à turma que está disputando o voto e acredita que uma palavra minha ajuda.

Pelo menos a mim mesmo ajuda. Consola.

Veja: A vida não se resume num samba curto https://bit.ly/3hN3UrP

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