No futebol atual não há lugar para técnicos motivadores ou apenas com sorte
Na maioria das vezes, treinadores que agem certo conseguem bons resultados, pelo menos a médio prazo
Alguns falam que técnico bom é o que ganha. Outro dia, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, disse que queria contratar um treinador de sorte. Não foi apenas uma brincadeira.
Ele e alguns dirigentes acham que o mais importante em um treinador é a sorte. No atual futebol, científico e estratégico, não há mais lugar para técnicos do tipo “vamos lá, com garra” nem medianos ou apenas com sorte.
Por outro lado, é frequente um treinador ter condutas equivocadas nas estratégias, nas escalações e nas substituições, vencer por inúmeros outros motivos e ser bastante elogiado. Ou o contrário, fazer tudo certo, tudo dar errado e ser chamado de burro.
Na eliminação do Flamengo na Libertadores, os dois treinadores cometeram erros importantes. O do Racing, que venceu, foi pior.
Após o zagueiro Rodrigo Caio ser expulso e o Racing, imediatamente, marcar um gol, a equipe argentina, em vez de segurar a bola, trocar passes e aproveitar o jogador a mais, foi toda para trás, o que facilitou a pressão e o gol de empate do Flamengo. Se o Racing tivesse perdido nos pênaltis, o treinador seria bastante criticado. Mas acabou sendo elogiado.
Rodrigo Caio precisa aprender com Thiago Silva, na seleção, que os bons zagueiros jogam em pé, anteveem o passe, antecipam, desarmam e ainda iniciam o contra-ataque. Não dão carrinhos.
Rogério Ceni errou ao tirar, ao mesmo tempo, Arrascaeta e Everton Ribeiro, com a alegação de que queria ter dois atacantes velozes pelos lados, Bruno Henrique e Vitinho, e mais o centroavante Pedro. Pensou que estava no Fortaleza, que atua dessa maneira. O Flamengo, com Torrent, também jogava assim. Rogério foi contratado para substituí-lo e fazer diferente, como fazia Jorge Jesus.
Na maioria das vezes, treinadores que agem certo conseguem bons resultados, pelo menos a médio prazo, ainda mais se existem outras condições favoráveis. É o caso de Fernando Diniz e de outros ténicos brasileiros.
Diniz foi bastante criticado por um longo período, por condutas erradas e por outras certas que deram errado. Se não fosse Raí, teria sido dispensado.
Não há dúvidas de que Fernando Diniz evoluiu, mas não há certeza de que o São Paulo continuará tão bem e que será campeão brasileiro, pois, no futebol, há muitos acasos e mistérios, que desafiam nossa vã sabedoria.
A queda do Flamengo tem inúmeras causas, não só a troca de técnicos. O declínio é também por causa das contusões, das suspensões, da Covid-19, da escalação obrigatória de alguns reservas fracos em relação aos titulares, do excesso de partidas e da ausência de público.
O Flamengo, por ter uma torcida especial, que lota sempre o Maracanã, parece ter sido o clube mais prejudicado pela proibição.
Outras razões, que não são medidas, podem ter prejudicado o time rubro-negro, como o relaxamento e a soberba. Após a conquista de vários grandes títulos seguidos, é comum jogadores, sem notarem, acharem que a missão está cumprida e que são melhores do que são.
O ser humano é fascinado pela glória. Mais do que isso, seria se tornar um deus, um imortal, mesmo que isso seja vivido silenciosamente. Além disso, ele precisa do reconhecimento e do aplauso do outro. Sente-se carente, quando o elogio é pouco ou ausente, e um herói, quando é intenso. Maradona acreditou que podia tudo, que era divino e humano.
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