Seja quem for campeão, Ceni segue boa promessa e Abel Braga merece elogio
Flamengo tem um pouco mais de
chance de vencer neste domingo, mas diferença não é grande
Tostão, Folha de S. Paulo
O Flamengo, por ter mais talento individual, tem
um pouco mais de chance de vencer neste domingo (21), mas a diferença não é tão
grande. O Inter,
além de ótimo conjunto, possui bons jogadores. Não será surpresa se for
campeão.
Os treinadores
são importantes e, algumas vezes, o fator mais decisivo, porém, geralmente os
maiores protagonistas nas conquistas de vitórias e de títulos são os atletas.
Em 2019, o Flamengo encantou todos porque tinha um ótimo treinador, Jorge Jesus,
e, principalmente, porque possuía excelentes jogadores. Essa vantagem continua.
Penso que a
imprensa esportiva deveria avaliar (elogiar e criticar), responsabilizar e dar
mais importância aos atletas, em vez de exaltar e criticar tanto os treinadores
nas vitórias e nas derrotas. Criou-se a ilusão de que os técnicos possuem a
chave da vitória e que tudo o que acontece em uma partida, até os deslocamentos
habituais dos jogadores, são decorrentes das ações dos treinadores.
A bola também
entra por acaso. São dezenas de detalhes frequentes, como um erro dos árbitros
(ou do VAR), uma bola que bate na trave e que entra ou sai, mas que não sabemos
onde e em que momento vão acontecer. O acaso não torce para nenhuma equipe.
A manchete já
está pronta: “Duelo de gerações de treinadores”. A conquista do título pelo
Flamengo ou pelo Inter vai influenciar as próximas contratações de técnicos dos
outros clubes brasileiros. Experiência ou modernidade?
Independentemente
do resultado, Rogério Ceni continuará sendo uma boa promessa, como o
argentino Crespo, contratado pelo São Paulo, Barbieri, do Bragantino, Felipe
Conceição, do Cruzeiro, e Marcão, do Fluminense, um time que faz um excelente e
surpreendente campeonato. Se o Flamengo perder, Rogério Ceni, como é habitual
no Brasil, correrá grande risco de perder o emprego, como se fosse o culpado.
Abel Braga,
que, recentemente, foi dispensado do Flamengo e chamado de ultrapassado, merece
ser elogiado, mesmo se o Inter não for o campeão. Se ganhar, poderá virar
estátua, para rivalizar com a de Renato Gaúcho, no Grêmio, uma vez que Abel já
foi campeão mundial e da Libertadores como técnico do Inter.
Abel e Rogério
Ceni, coincidentemente, participaram do rebaixamento do Cruzeiro à
Série B do Brasileiro na temporada passada. O futebol tem razões que o próprio
futebol desconhece.
No jogo,
certamente, o Flamengo vai tentar pressionar, ter o domínio da bola e agredir,
enquanto o Inter, provavelmente, vai marcar do meio-campo para trás, para
contra-atacar com velocidade. Abel pode se entusiasmar tanto com as lembranças
e fazer uma retranca, como na vitória do Inter sobre o Barcelona no Mundial de
Clubes de 2006.
Por outro
lado, o Inter tem a opção de repetir a estratégia da goleada sobre o São Paulo,
quando alternou a marcação mais avançada com a mais recuada. O time foi, no
mesmo jogo, ofensivo e defensivo.
Cuesta fará
mais falta que Arão. O Flamengo perde na saída de bola, mas, com Gustavo
Henrique, ganha nas jogadas aéreas, uma das qualidades do time gaúcho. O Inter
deve pagar R$ 1 milhão para escalar Rodinei, exigência de uma cláusula do
contrato de empréstimo com o Flamengo. É uma piada pronta. Ele nunca foi tão
valorizado. Imagine se fizer o gol do título?
Quem será
campeão? Ninguém sabe. Nem Neném Prancha, o sábio do futebol, saberia. O
futebol é uma mistura de lógica, acaso e mistério. É o retrato da vida.
Veja uma
dica de leitura: Raimundo Carrero https://bit.ly/3pCHkXY
Nenhum comentário:
Postar um comentário