Flávio Dino: “Para perder de Bolsonaro a gente tem que errar muito”
“Se
a esquerda fragmentar muito corre riscos, um perigo que não pode correr. A candidatura
do Bolsonaro, embora marcada para perder, é forte”, afirmou o governador do
Maranhão em entrevista ao jornal O Globo
Portal
Vermelho
Em entrevista ao jornal O Globo, o governador do Maranhão, Flávio Dino
(PCdoB), defendeu a necessidade de diálogo e a formação de alianças para
derrotar Jair Bolsonaro em 2022. Na conversa, publicada neste sábado (13), Dino
afirmou que seria um “erro monumental” a esquerda ter quatro candidaturas.
“Para perder de Bolsonaro, a gente tem que errar muito”, disse.
Ele acredita que a atual fragmentação da esquerda e da centro-direita
(que ficou nítida nas eleições do Congresso, com o racha de partidos como DEM e
PSDB) ainda vai durar alguns anos.
“É uma fragmentação típica de um período em que o velho já morreu e o
novo não nasceu. Acho que essa fragmentação vai continuar por mais uns anos até
a gente ter um redesenho do quadro partidário. Então, tem que aglutinar o que
der”, afirmou.
Dino também admitiu que Bolsonaro é quem tem o projeto mais estruturado
para 2022. “A força gravitacional do Poder Executivo é muito grande e ele hoje
tem um projeto mais nítido. De 2018 para cá, ele perdeu muitos setores sociais,
mas conseguiu manter um núcleo mais cristalizado, fiel, o que coloca a sua
candidatura numa condição muito forte”, declarou.
No entanto, acredita que se a popularidade de Bolsonaro continuar a
sofrer estragos, o poder atrativo da caneta presidencial diminui. “Ele é um
candidato forte, sólido, mas acho que perde a eleição. Para perder dele, a
gente tem que errar muito. É um candidato que pode ir ao segundo turno, mas
perde no segundo turno porque faz um governo muito frágil”, avaliou.
Para Dino, as quatro candidaturas de esquerda postas no debate público –
ele próprio, Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) –
podem ser um “ponto de partida”.
“O problema é se virar ponto de chegada. Se a esquerda fragmentar muito
corre riscos, um perigo que não pode correr. A candidatura do Bolsonaro, embora
marcada para perder, é forte. Provavelmente, vai para o segundo turno. Então,
temos que fazer uma mesa, um seminário, um debate, e tentar aglutinar. Se não
der em um nome, em dois. Mas quatro realmente acho um excesso, um erro
monumental”, disse.
Para Dino, o anúncio precoce da candidatura de Fernando Haddad pelo PT
não é a melhor tática. “A chave da derrota do Bolsonaro em 2022 é atrair
setores que foram lulistas até 2014, depois bolsonaristas, se descolaram e
estão hoje numa posição de centro. Se diz que o candidato é fulano pode criar
uma interdição nesse segmento que vai decidir a eleição. Por isso, colocar o
nome na frente não é uma tática eleitoral que parece ajustada.”
O governador do Maranhão defendeu, ainda, a necessidade de os partidos
de esquerda reciclarem seus programas para dar conta da nova realidade, com
novos segmentos da classe trabalhadora, como os motoristas e entregadores de
aplicativos. “Tem que modular o programa porque a realidade mudou. O programa
de 2022 não pode ser o mesmo do Lula em 2002”, declarou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário