18 março 2021

Cena política: muitas veredas

 

A pressa que não convém

Luciano Siqueira

 

Tudo tem o seu tempo e quase sempre a gente não se dá conta do exato momento em que as coisas podem ser resolvidas.

Os apressados e ansiosos frequentemente se precipitam tentando colher a fruta antes que amadureça.

Já os que perdem a noção exata das contradições em curso e se permitem surpreender pelo amadurecimento da situação e protelam a decisão a ser tomada ficam a ver navios. Ou buscam tardiamente recuperar as condições propícias que já não são as mesmas.

Assim é na vida em geral e, particularmente, na luta política.

No Brasil de agora, por exemplo.

Como em toda sociedade em crise, é natural que a cada fato de certa dimensão muitos pretendam caracterizar como “nova“ a situação e se apressem a tirar conclusões prematuras.

Nos últimos dias, a suspensão das condenações que pesavam sobre o ex-presidente Lula, tornando-o elegível e, portanto, recolocando-o no páreo para a disputa presidencial de 2022, aguçou a pressa em praticamente todas as áreas.

Não são poucos os que se antecipam até em examinar a hipótese de um “quase certo“ segundo turno entre Lula e Bolsonaro!

Ora, se fosse tudo tão simples assim o Brasil não seria um país de dimensões continentais, player na cena geopolítica mundial, nem abrigaria o volume de contradições e complexidades que a essa altura de sua história já acumula.

E as forças (inclusive externas) que apoiam o atual governo não teriam poder de reação.

O fato é que os interesses em jogo nas eleições presidenciais vindouras extrapolam em muito os limites territoriais brasileiros.

Biden certamente não repete Trump, mas está atento ao “risco” de  mudança na postura da diplomacia brasileira, caso a oposição vença em 2022.

Lula está no páreo, sim; porém tem complexas veredas a percorrer.

Sejamos ágeis, porém cautelosos e consequentes.

Veja: Tem uma casca de banana na “polarização” Lula x Bolsonaro. Veja aqui https://bit.ly/3eLGZj1

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