A pandemia e o Brasil Colônia: uma
reflexão da herança cultural do comportamento brasileiro
Mikhail Gorbachiov, PCdoB/Bezerros
A pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), que já ceifou a vida de mais
de 300 mil brasileiros e brasileiras, e que conta com a irrestrita colaboração
do presidente Bolsonaro para maior agravamento da crise sanitária que nos
assola a níveis local e internacional, traz em si características importantes
para que possamos compreender como elementos, ainda coloniais, reverberam no
ideário e nos comportamentos de inúmeras pessoas.
A história nos revela que o projeto de colonização portuguesa no Brasil
tornava os colonizadores sujeitos ativos, enquanto os colonizados não passavam
de objetos passivos no processo.
É bem verdade, que a colonização exploradora, genocida e criminosa em
nenhum momento intencionou nossa emancipação, mas sim a nossa dominação e
subserviência. Este processo que inicialmente nos faz sentir inferiores aos
europeus, posteriormente nos faz adotar um olhar europeizante/ dominador sobre
as coisas e nas relações, sentindo vergonha de nossas origens, valores,
cultura, pobreza, e consequentemente, não percebendo aquilo que realmente
somos. A partir desse contexto, surgiram sandices do tipo: “Mas isso é Brasil”;
“lá nos Estados Unidos é assim....”, “lá na Suíça é assado...” e outros afins.
Notemos que a referência brasileira sempre é de vergonha e depreciação.
Pois bem, essa herança cultural do Brasil Colônia faz com que maior
parte do comportamento brasileiro seja de endeusamento do que lhe é alheio, ou
seja, a grama do vizinho é mais bela que a minha. E é obvio que isso reflete na
nossa identidade nacional.
Por exemplo, diante do negacionismo do presidente em relação a pandemia,
não é estranho ver pessoas que defendem o mesmo, alegando que a autoridade na
terra é constituída por Deus, e que assim sendo o presidente está correto.
Atrelado ao negacionismo, os sucessivos descuidados por parte do Governo
Federal e o afrouxamento das medidas individuais de segurança sanitária,
praticamente obrigaram governadores de diversos Estados a adotarem medidas mais
rígidas no protocolo de segurança.
Como resultado tivemos a insatisfação por parte do empresariado, que
assim como nossos colonizadores estão apenas interessados em extrair vantagens
e auferir lucros, pouco se importando com seus funcionários, mas levando a eles
a mensagem de risco de demissões, e consequentemente fazendo com que os
funcionários venham a aderir a insatisfação empresarial, acreditando ser uma
bandeira do trabalhador.
A maldita herança cultural faz com que olhemos nosso opressor com olhos
de bom moço. Assim sendo o trabalhador cumpre o papel de massa de manobra do
patrão.
Há um ditado popular que diz: pouca farinha o meu pirão primeiro. Será
mesmo que o empresariado cortaria da própria carne, sem necessitar demitir? Ou
demitiria quando visse o prejuízo se aproximar? Talvez uma análise mais crítica
do nosso comportamento de colonizado possa nos dar uma resposta mais próxima da
verdade.
Veja: No Brasil de hoje
tudo é instável e imprevisível
https://bit.ly/3eLGZj1
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