12 março 2021

Percepção do fato

 

Lula livre: a versão e o fato

Luciano Siqueira

 

A anulação das condenações que pesavam sobre o ex-presidente Lula por si mesma representa o grande fato político do momento, obviamente.

E traz à tona a velha assertiva atribuída a habilidosos políticos mineiros de que muitas vezes “a versão é mais forte do que o fato“.

Em outras palavras, a versão é o fato.

Daí a disputa de narrativas.

A grande mídia monopolizada, Rede Globo a frente, não pode ocultar o fato em si, mas cuida de emoldura-lo com a persistente repetição de que Lula não fui inocentado a partir da decisão do ministro Fachin (o que é fato) das acusações cotejadas nos inquéritos presididos pelo ex-juiz Sérgio Moro.

De sua parte, com a verve que o caracteriza, Lula se proclama inocentado.

Inocente ele sempre foi, pois durante mais de três anos o aparato jurídico-policial montado para persegui-lo investigou até o ar que o ex-presidente Lula respira e não encontrou uma prova consistente sequer do seu envolvimento pessoal com atos de corrupção.

A despeito disso, como todos vimos, o bombardeio na grande mídia a partir da operação Lava Jato sempre procurou caracterizar aos olhos da opinião pública a suposta desonestidade do ex-presidente.

Mas, ao final da das contas, apesar de todos os mecanismos de distorção da informação e da consciência que recaem sobre a maioria dos brasileiros e brasileiras, o sentimento e a intuição da maioria é de que Lula de fato está inocentado.

E que foi condenado e preso injustamente.

É isso que pesa politicamente e que tira o sono de muita gente situado ao centro e à direita.

Mais ainda porque o ex-presidente, não estando mais sob condenação, volta com toda a carga à cena política, elegível, e provável candidato no pleito presidencial do ano que vem.

Claro que há muita água a correr por debaixo da ponte se ancora o drama brasileiro, porém é evidente que surge no conjunto da sociedade expectativas positivas no sentido de que seja possível interromper pelo voto a tragédia bolsonarista.

As oposições são chamadas a agir com descortino, firmeza de propósitos, habilidade e abertura ao entendimento de modo a que se unam todos os suscetíveis de convergência em torno de um propósito comum.

Veja: Uma vitória parcial. O jogo é pesado https://bit.ly/3vdZXEq

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