Crônica da segunda-feira

Haja fôlego no WhatsApp!
Luciano Siqueira

 

Eis o paradoxo em que estou metido: me alimento do contato com as pessoas, mas me sinto sufocado quando elas aparecem em grupos.

Como assim, se desde a adolescência a minha vida tem sido agrupar as pessoas para a luta coletiva?

Refiro-me aos grupos no WhatsApp.

O aplicativo é uma invenção muito útil, embora se preste a maus usos, a disseminação de fake news sobretudo — como praticamente todas as plataformas digitais.

Felizmente meu círculos de amizades são numerosos. Creio que posso dizer, como na canção de Roberto Carlos, que tenho sim um milhão de amigos...

E converso com muita gente. Pelo WhatsApp, naturalmente, pois não tenho o dom da onipresença e a pandemia completa o ciclo de limitações.

Conversar olhos nos olhos se tornou raro, senão impossível para muita gente.

Comunicar-se comigo de certo modo é fácil: Instagram, Twitter, Facebook, e-mail, meu canal no YouTube e meu blog são plataformas digitais onde as pessoas me acham. 

No WhatsApp é mais direto — por escrito, de viva voz e em vídeo.

Como o volume de mensagens é enorme, estou sempre atrasado. Mas consigo me comunicar. 

O nó está nos grupos.  

Já declinei da minha presença em inúmeros, que as pessoas criam e gentilmente me incluem. Simplesmente não tenho tempo e fôlego para acompanhá-los.

Entretanto, por dever de ofício, tenho que visitar diariamente 14 grupos!

E não pode ser apenas uma vez, pois a conversa segue e é impossível estar atualizado com uma olhada apenas ao dia. 

Em regra é preciso entrar no grupo pela manhã, à tarde e à noite.

Para estar bem informado, porém com o cuidado de evitar o quanto possível comentários, exatamente porque uma conversa puxa outra e corro risco de involuntariamente não prestar atenção ao que alguém disse dirigindo-se diretamente a mim.

É o caos!

Bom seria que surgisse uma pandemia de bom senso e objetividade, levando a que todos os amigos e amigas se tornassem mais diretos e concisos nos grupos de WhatsApp.

Em tempo real.

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