DISFAGIA POÉTICA
Chico de Assis*
Salpicos de poesia
esmigalham meu dia-a-dia
misturados à angústia
do fazer bem ou mal feito.
Leituras dispersas
atravessam meu cérebro
deixando em banho-maria
as primícias de um verso.
Li por exemplo sobre índios
que choravam o dia inteiro
em lamentos por uma perda.
Ou soube de outro lado
sobre homens que lutavam
o ano inteiro sem chorar.
Quis então que meu canto
fosse pranto e fosse luta
engasgado no medo
e suas curvas.
[Ilustração: Didier Lourenço]
*Advogado, poeta
O sentido dos fatos em poucas palavras https://bit.ly/3n47CDe
magnifico.
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