29 julho 2022

Futebol atual

Cada vez mais, valoriza-se o desempenho, não apenas o resultado

Palmeiras, líder do Brasileiro, une os dois em proporções parecidas
Tostão, Folha de S. Paulo

 

Noto que, cada vez mais, a crônica esportiva e as pessoas que gostam, que acompanham e que querem compreender o futebol valorizam o desempenho, não apenas os resultados, o que é muito bom, embora analisemos muito o desempenho a partir do resultado.

O Palmeiras, líder do Brasileirão, une desempenho e resultado, em proporções parecidas, dentro e fora de casa. Daí a regularidade e a eficiência. Mesmo continuando com a característica principal, a velocidade para chegar ao gol adversário, o Palmeiras é hoje um time com várias facetas, de acordo com o momento.

Até recentemente, o Palmeiras se destacava muito mais pelas jogadas ofensivas pela direita, com Marcos Rocha, Dudu, Raphael Veiga e Rony. Os adversários começaram a ter mais cuidado nesse setor, e o time passou a jogar também pela esquerda, com Dudu, com o avanço do lateral por aquele lado e com a passagem de Scarpa para a direita, de onde conduz a bola para o centro, para finalizar, passar e cruzar com grande precisão.

Enquanto o Corinthians, segundo colocado, é muito criticado por ter resultados muito melhores que o desempenho, o São Paulo, décimo colocado, nove pontos atrás do Corinthians, costuma ser mais bem avaliado, com a justificativa de que o time tem sido obrigado a usar muitos reservas, o que também acontece com o Corinthians.

O Corinthians não está bem colocado porque é um time de sorte. Possui um ótimo sistema defensivo, uma qualidade essencial, o que não acontece com o São Paulo. O Corinthians, com a volta de vários jogadores importantes, tem boas chances de crescer no segundo turno.

Logo abaixo do Corinthians está o Fluminense, muito bom no desempenho e no resultado. Por causa do bom jogo coletivo, descobri que o Fluminense possui ótimos jogadores praticamente em todas as posições. O eficiente zagueiro Manoel dá passes corretos, o que me surpreendeu. Cano é o artilheiro da temporada, da Copa do Brasil e do Brasileirão, seguido por outro argentino, Calleri, do São Paulo. Nem por isso pedem na Argentina a convocação dos dois para a seleção, pois sabem que é mais fácil fazer gols na América do Sul.

O Fluminense, com o jogo de aproximação e de troca curta de passes até o gol, e o Palmeiras, com o jogo veloz e de passes mais longos, são as duas equipes que jogam em melhor nível no Brasil.

Apesar da derrota, o Atlético, quarto colocado no Brasileirão, já sob a influência da contratação de Cuca, melhorou um pouco contra o Corinthians. Mestre Cuca, provavelmente, vai escalar e utilizar a mesma estratégia do período anterior, que é praticamente a mesma usada por Turco Mohamed. Porém o time deve melhorar, porque o futebol é muito mais que movimentos sincronizados. Os jogadores e os torcedores do Atlético estão radiantes e gostam das manias, das superstições, das esquisitices e do talento do novo treinador.

O segundo turno do Brasileirão não será idêntico ao primeiro. Alguns clubes, como o São Paulo e, principalmente, o Flamengo, devem evoluir, no desempenho e no resultado. Espero ver também, no segundo turno, bons jogos e golaços, especialmente os que unem o coletivo e o individual.

Ver um belo gol é tão prazeroso quanto assistir, como fiz dias atrás, depois de dois anos e meio, por causa da pandemia, à Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob a regência do grande maestro Fábio Mechetti. Ao piano, o extraordinário Arnaldo Cohen, tocando o russo Sergei Rachmaninov. Ainda bem que ele não foi cancelado.

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