Na reta final, do
joelho pra cima é canela
Luciano Siqueira
Escrevi aqui no blog https://bit.ly/3uQ9HGo, a propósito das
eleições em Pernambuco, que as circunstâncias críticas da sociedade brasileira e
a qualificação dos principais concorrentes chamavam a uma campanha eleitoral
pautada pelo debate de ideias e não necessariamente por agressões entre os
candidatos.
"Nem lama, nem
sangue", uma espécie de consigna que me parecia bem razoável.
Mas ocorre o
contrário. Aqui e alhures, como se dizia antigamente.
A começar pela
disputa presidencial.
O bolsonarismo,
iminentemente derrotado, apela como última ficha à tentativa de desconstruir a
candidatura de Lula através das acusações (requentadas) de corrupção.
A campanha do
ex-presidente, por seu turno, revida escancarando o que parece ser o caráter
psicopata do atual governante.
Na TV, que segue como
veículo de maior influência sobre o comportamento do eleitor, o confronto entre
ambos se dá, como se diz em peladas de futebol no subúrbio, na base de que
"do joelho para cima é canela".
Ou seja, vale tudo.
Na prática,
entretanto, Lula leva nítida vantagem porque continua ampliando o leque de apoios
à sua candidatura, enquanto o adversário se esgoela em suas diatribes na
tentativa de conservar sua base extremada, numerosa porém insuficiente para a
construção da maioria eleitoral.
Lula furou a bolha.
Bolsonaro continua preso em sua bolha.
E cá em Pernambuco,
numa disputa invulgar porque coloca em confronto cinco candidaturas
competitivas, o postulante da Frente Popular, deputado Danilo Cabral, PSB,
enfim parece alcançar seu objetivo de levar o pleito a um segundo turno.
Segundo as pesquisas,
Danilo leva ligeira vantagem sobre os demais concorrentes que, como ele, se
situam bem abaixo da atual líder das intenções de voto, deputada Marília
Arraes, do Solidariedade.
Está chegando a tanto
através de uma mescla de consistentes propostas programáticas, da mobilização
de uma (aparentemente forte) rede de prefeitos e líderes regionais e da desconstrução
da imagem da principal adversária, ainda com o tempero da vinculação explícita
ao ex-presidente Lula, que aparece em várias imagens de vídeo reafirmando seu
apoio a Danilo.
Em suma, na peleja
presidencial estamos a um passo de vencer no primeiro turno; e no confronto
estadual, por um triz poderemos gerar um segundo turno, no qual será preciso
muito fôlego e ilimitada capacidade de firmar novas alianças.
Leia também: Duas táticas na reta final e a ameaça de golpe https://bit.ly/3LyctaB
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