24 setembro 2022

Luta dura aqui e alhures

Na reta final, do joelho pra cima é canela 

Luciano Siqueira

 

Escrevi aqui no blog https://bit.ly/3uQ9HGo, a propósito das eleições em Pernambuco, que as circunstâncias críticas da sociedade brasileira e a qualificação dos principais concorrentes chamavam a uma campanha eleitoral pautada pelo debate de ideias e não necessariamente por agressões entre os candidatos.

"Nem lama, nem sangue", uma espécie de consigna que me parecia bem razoável.

Mas ocorre o contrário. Aqui e alhures, como se dizia antigamente.

A começar pela disputa presidencial.

O bolsonarismo, iminentemente derrotado, apela como última ficha à tentativa de desconstruir a candidatura de Lula através das acusações (requentadas) de corrupção.

A campanha do ex-presidente, por seu turno, revida escancarando o que parece ser o caráter psicopata do atual governante.

Na TV, que segue como veículo de maior influência sobre o comportamento do eleitor, o confronto entre ambos se dá, como se diz em peladas de futebol no subúrbio, na base de que "do joelho para cima é canela".

Ou seja, vale tudo.

Na prática, entretanto, Lula leva nítida vantagem porque continua ampliando o leque de apoios à sua candidatura, enquanto o adversário se esgoela em suas diatribes na tentativa de conservar sua base extremada, numerosa porém insuficiente para a construção da maioria eleitoral.

Lula furou a bolha. Bolsonaro continua preso em sua bolha.

E cá em Pernambuco, numa disputa invulgar porque coloca em confronto cinco candidaturas competitivas, o postulante da Frente Popular, deputado Danilo Cabral, PSB, enfim parece alcançar seu objetivo de levar o pleito a um segundo turno.

Segundo as pesquisas, Danilo leva ligeira vantagem sobre os demais concorrentes que, como ele, se situam bem abaixo da atual líder das intenções de voto, deputada Marília Arraes, do Solidariedade.

Está chegando a tanto através de uma mescla de consistentes propostas programáticas, da mobilização de uma (aparentemente forte) rede de prefeitos e líderes regionais e da desconstrução da imagem da principal adversária, ainda com o tempero da vinculação explícita ao ex-presidente Lula, que aparece em várias imagens de vídeo reafirmando seu apoio a Danilo.

Em suma, na peleja presidencial estamos a um passo de vencer no primeiro turno; e no confronto estadual, por um triz poderemos gerar um segundo turno, no qual será preciso muito fôlego e ilimitada capacidade de firmar novas alianças.

Leia também: Duas táticas na reta final e a ameaça de golpe https://bit.ly/3LyctaB

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