27 setembro 2022

Mãe solo

Heitor e eu

Nhuria Gonçalo*

 

Quando me tornei mãe o mundo se transformou, ganhando novas cores, sabores e afetos inimagináveis.

As más energias não mais me atingem, as malícias perderam as forças. 

A paz que estou carregando é real! 

Os estresses são, no geral, tudo que envolve Heitor. Ademais, ando tirando de letra.

Há pouco, voltei a ser quem sempre fui, sem amarras.

É fato que ser Mulher e Mãe Solo, no Brasil, é uma tarefa para minoria.

A mãe brasileira e nordestina precisa, sobretudo, ser resiliente e corajosa para encarar a normalização dos homens invalidarem suas responsabilidades (em casos específicos, isso é ótimo).

Para mais, é preciso, também, ser valente e paciente para enfrentar pessoas insensíveis, amargas, imodestas e tratores (aquelas que te atropelam para se promoverem).

A maternidade é compulsória e a paternidade facultativa. Isso me deixa orgulhosa e cansada simultaneamente.

É verdade que não sou a única mãe solo do mundo, fico imaginando diversas situações, dezenas de cenários e tipos infinitos de mães solo. 

Que difícil ser mulher-mãe. Mas, olha só: que sorte a minha ser mãe do Heitor Gonçalo! Que azar de quem não o tem por perto...

[Ilustração: Gustav Klimt]

*Pedagoga, MBA em Planejamento e Gestão Organizacional na UPE

Leia também: De volta à Idade Média https://bit.ly/3bAk6iT

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