Heitor
e eu
Nhuria
Gonçalo*
Quando me tornei mãe
o mundo se transformou, ganhando novas cores, sabores e afetos inimagináveis.
As más energias não
mais me atingem, as malícias perderam as forças.
A paz que estou
carregando é real!
Os estresses são, no
geral, tudo que envolve Heitor. Ademais, ando tirando de letra.
Há pouco, voltei a
ser quem sempre fui, sem amarras.
É fato que ser Mulher
e Mãe Solo, no Brasil, é uma tarefa para minoria.
A mãe brasileira e
nordestina precisa, sobretudo, ser resiliente e corajosa para encarar a
normalização dos homens invalidarem suas responsabilidades (em casos
específicos, isso é ótimo).
Para mais, é preciso,
também, ser valente e paciente para enfrentar pessoas insensíveis, amargas,
imodestas e tratores (aquelas que te atropelam para se promoverem).
A maternidade é
compulsória e a paternidade facultativa. Isso me deixa orgulhosa e cansada
simultaneamente.
É verdade que não sou
a única mãe solo do mundo, fico imaginando diversas situações, dezenas de
cenários e tipos infinitos de mães solo.
Que difícil ser
mulher-mãe. Mas, olha só: que sorte a minha ser mãe do Heitor Gonçalo! Que azar
de quem não o tem por perto...
[Ilustração: Gustav Klimt]
*Pedagoga, MBA em Planejamento e Gestão Organizacional na UPE
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