19 dezembro 2022

Substituto de Tite: estrangeiro ou brasileiro?

Abordei aqui no blog a polêmica sobre que treinador deve substituir Tite na seleção brasileira https://bit.ly/3V9xwTS - se brasileiro ou estrangeiro. E recolhi algumas opiniões sobre o tema.

Técnico estrangeiro, sim
Wellington Lima*

É bem isso! A CBF fez este mesmo movimento em 2019, quando convidou a sueca Pia Sundhage, para ser a treinadora da seleção feminina.

Pia, com experiência comprovada e uma das responsáveis por transformar a seleção dos EUA na principal do mundo, está tirando a seleção feminina de uma espécie de amadorismo, que também é fruto do pouco investimento dos clubes em trabalho de base para formação de novas atletas, mas com certeza tem haver da maneira que a equipe era cuidado do ponto de vista do treinamento.

No caso do futebol masculino existente uma resistência e um lobby dos treinadores nacionais contra a movimentação de internacionalização do futebol brasileiro, mas os números são visíveis: a principal fase deste Flamengo galáctico foi com Jorge de Jesus; o Palmeiras tem em Abel como um dos maiores técnicos de sua história.

Cruzeiro, Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Fortaleza, enfim… a série A de 2023 contará com 10 técnicos estrangeiros dos 20 clubes da primeira divisão.

A escola brasileira de treinadores hoje precisa urgentemente de uma modernização. O argumento de que todos os títulos mundiais que a seleção ganhou foram com treinadores brasileiros, sendo a última copa conquistada há 20 anos, mostra que paramos no tempo.

Treinadores brasileiros não conseguem se destacar em clubes estrangeiros, nem na América do Sul, onde os treinadores argentinos e uruguaios os ultrapassaram e possuem destaques como Scaloni da seleção Argentina e Marcelo Gallardo (ex-River Plate).

Enfim, concordo com a contratação do técnico estrangeiro para seleção por ser necessário e inevitável.

*Professor, torcedor do Santa Cruz

Um problema maior
Alessandro Leite Guimarães*

O capitalismo transforma tudo em mercadoria. Entendo que não podemos virar as costas à realidade.

Dito isto, creio ser tarefa de todos que amamos o Brasil e somos apaixonados por futebol, empreendermos séria luta para a adoção de políticas públicas para o incentivo da prática do futebol em todas as ditas "comunidades", país a dentro, em todos os rincões. Daí sairão novos talentos deste imenso país.

Por outro lado, aí, sim, os clubes precisam se libertar das amarras que desequilibram campeonatos e equipes e arruínam economicamente a maioria dos times, razão maior da evasão de talentos para o exterior.

A questão do técnico, penso eu, não reside no fato de os brasileiros serem menos capazes. Bobagem. É efeito dos problema acima relatado, não causa.

*Funcionário público


Tem que ser brasileiro
Luiz Henrique Lira*

Sou contrário, mesmo não sendo batalhões que batalham representando o Estado numa guerra, eu penso que as seleções representam os talentos nascidos, ou crescidos e naturalizados em cada nação, a forma do povo dali jogar futebol.

De outra maneira, se equivale aos mercenários contratados para guerras.

Jogadores só jogam por outras seleções se nunca mais jogar pela de seu país.

Pode ser uma posição rígida, mas comandante do pelotão tem que sentir o sangue do operário, do padeiro, do motorista, da professora, da enfermeira, da médica, do faxineiro, pulsando quente nas veias, e o coração tem bater no mesmo ritmo.

Já é difícil achar um brasileiro com esses sentimentos.

*Ex-diretor da UNE, presidente da Urb-Recife

O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD

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