06 fevereiro 2023

Palavra de poeta: Chico de Assis

Réquiem para Odijas Carvalho

Chico de Assis*
 
(meu amigo, companheiro de lutas estudantis e partidárias, triturado sob torturas, comandadas pelo delegado José Silvestre,  na Delegacia de Segurança Social de Pernambuco, vindo a falecer, em consequência delas, a 08/02/1971, no Hospital da Policia Militar de Pernambuco, no Derby, há cerca de 52 anos)
 
Essa voz vem das entranhas
do tempo que se faz perto
embora tão distante.
 
Esse riso se expandiu em gargalhada
percorreu ruas frequentou noitadas
saudou a vida e dela fez–se amante.
 
Esse canto é um cântico guerreiro
que desafia a morte e nela se debate
entre ganidos de dor e melodia ausente.
 
As imagens nos comovem e nos remetem
às frestas da memória versejante
entre escombros do passado renitente.
 
Mas o presente é aquilo que se sente.
E vem nas lufadas de vento da saudade
encrustada em nosso peito para sempre.
 
[Ilustração: Jacob Lawrence]
 
*Advogado, poeta
Apesar de tudo, ainda há poesia https://bit.ly/3Ye45TD

2 comentários:

  1. Anônimo7:50 PM

    A poesia do Chico é pujante, intensa, mescla de maturidade e juventude, dor e ardor, lirismo e realidade. Sempre um prazer te ouvir.

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  2. Anônimo8:16 PM

    Gosto demais da poesia e da prosa de Chico de Assis. Abraços, José Mario Austregésilo.

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