A mentira bem-intencionada
Luciano Siqueira
Ariano Suassuna, com verve muito própria, costumava dizer que o escritor é essencialmente um mentiroso. E o desafio seria mentir com uma aparência de veracidade tamanha a não deixar dúvidas.
A fronteira
entre a verdade e a mentira faz-se cada vez mais tênue, ou quase imperceptível,
na vida digitalizada onde estamos mergulhados.
O que dá razão
às velhas raposas da política mineira, para quem a versão seria mais importante
do que o fato.
O fato é que a
desfaçatez hoje é praticada com a naturalidade de um espirro.
Sobretudo
quando se quer agradar alguém.
Eu mesmo sou
abordado quase que diariamente pelas pessoas na rua, que me reconhecem em razão
das décadas de vida pública:
— Oh, que
prazer encontrá-lo!
— O prazer é
meu.
Um passo atrás,
observando-me da cabeça aos pés e tentando me agradar:
— Você está é
novo!
Obviamente,
envelheci.
Desde que
eleito deputado estadual pela primeira vez, em 1982, já se foram 42 anos!
As marcas são
fisicamente implacáveis. Ainda que subjetivamente — o que é muito difícil
perceber a olho nu, em breve encontro casual — me considere sempre
renovado.
Aí, sim: a
militância partidária cotidiana, alimentada pela teoria e pela reflexão sobre o
país e pelo contato direto com o povo, me mantém espiritualmente sempre jovem —
ainda que no rosto tenha estampadas em rugas as marcas do tempo.
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/05/minha-opiniao_11.html
Os falsos elogios são manifestações de apreciação que não refletem genuinamente os sentimentos ou opiniões de quem os oferece. Eles podem ser utilizados por diversas razões, como para evitar conflitos, agradar alguém, ou manipular uma situação.
ResponderExcluirElen