O resultado não basta
A seleção precisa jogar um
futebol moderno, organizado, eficiente e encantador
Tostão/Folha de S. Paulo
Após a eliminação do Barcelona da Liga dos Campeões, o famoso técnico italiano Fabio Capello criticou bastante o time catalão por continuar jogando no ataque contra a Inter de Milão mesmo com a vantagem de um gol. A Inter empatou no último minuto e ganhou na prorrogação por 4 x 3.
Fabio
Capello ignora o jogo bonito e o desejo de que para ficar melhor é preciso dar
espetáculo. Parafraseando o poeta Ferreira Gullar, arte e beleza no futebol só existem porque o resultado não
basta.
No final de semana, o Real Madrid ganhava
por 2 x 0 nos primeiros 15 minutos, o Barcelona reagiu, fez quatro gols,
continuou no ataque e o Real fez mais um, na vitória do Barcelona por 4 x 3. O
Barcelona é praticamente o campeão espanhol, com mais uma atuação excepcional
de seus dois meio-campistas (De Jong e Pedri) e de seus dois atacantes
(Raphinha e Lamine Yamal).
Na
segunda-feira (12), a CBF anunciou a contratação de Carlo Ancelotti,
que no dia 26 estará no Rio de Janeiro para anunciar a lista dos jogadores que
enfrentarão Equador e Paraguai. Só vendo, diria o mineiro desconfiado.
Provavelmente,
Ancelotti terá na seleção as mesmas dúvidas táticas que teve no Real Madrid
após as chegadas dos grandes craques Mbappé e Bellingham. Antes dos dois, o
Real jogava com um trio no meio-campo formado por Casemiro, Modric e Kroos e
outro trio no ataque com Vinicius Junior,
Rodrygo e Benzema. Com as mudanças, o ataque ficou mais explosivo, espetacular,
porém o time se tornou mais desequilibrado, com a defesa mais desprotegida e o
meio-campo com menos domínio da bola e do jogo.
Na seleção,
ainda mais se contar com Neymar, o técnico poderá escalar o quarteto
ofensivo (Neymar, Raphinha, Vini e Rodrygo) e mais uma dupla no meio-campo, ou
um trio no ataque e outro trio no meio-campo. O Brasil com quatro na frente e
dois no meio-campo levou um baile da Argentina.
Para
jogar com quatro atacantes é essencial que os dois jogadores pelos lados voltem
para marcar e formem um quarteto na proteção dos quatro defensores. Dorival
Junior na seleção e Ancelotti no Real Madrid tiveram grandes dificuldades.
Ancelotti
é um treinador excelente e grande vitorioso. Nem todos os excelentes são
vitoriosos e nem todos os vitoriosos são excelentes, pelo menos em um curto
período de tempo. Ancelotti não é um treinador inovador, revolucionário. As
suas equipes não utilizam de rotina a marcação por pressão nem jogam com
zagueiros adiantados, como fazem Guardiola e o treinador do Barcelona, o alemão
Hansi Flick.
Ancelotti
se destaca bastante pelo equilíbrio, pelas escolhas certas, pelo comando de um
grupo e pelo uso de estratégias diferentes e corretas de acordo com o momento e
o adversário. Os seus times alternam a transição rápida da bola com a troca
curta de passes da defesa para o ataque. No Real, usa muito os contra-ataques
para aproveitar a velocidade de Vinicius Junior e de Mbappé.
Espero
que Ancelotti, na tentativa de agradar e homenagear a história do futebol
brasileiro, não diga o chavão de que o futebol brasileiro precisa voltar às
origens para recuperar o prestígio. O mundo e o futebol mudaram.
A
seleção necessita jogar um futebol moderno, organizado, eficiente e encantador.
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Uma crônica para descontrair: 'Sorriso de festa' https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/05/minha-opiniao_4.html
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