Decreto do medo
Márcia Frigg
Destituiu-se a aurora
depôs-se as horas
mais claras do dia
O pôr do sol
será eterno no céu da
boca na boca do
estômago nas mãos
crispadas
de espanto
Não nascerão cores
neste chão calcinado
regado pelo sangue
de girassóis, onde
tombam lírios
e cerram os olhos
dos jasmins
– flores ceifadas pelo
decreto da bala.
Foi interrompida
a primavera para
as mães
– desérticas gardênias –
que seguem – ainda que não o
Saibam – a embalar no
colo
o filho eterno e para
sempre…
morto
(Pelas crianças mortas por bala perdida. Brasil, primavera de 2019)
"Talvez um ano meio morno e cinza. Só isso" https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/09/minha-opiniao_94.html

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