21 setembro 2025

Minha opinião

Um ano morno
Luciano Siqueira 
instagram.com/lucianosiqueira65

Passaram-se décadas que se somam e me fazem um senhor idoso. Bom ou ruim? Não sei dizer ao certo, mas certamente prefiro considerar ótimo que tenha vivido tanto e ainda desejo viver mais...

Natural assim que as reminiscências surjam de vez em quando, sem aviso prévio e em fragmentos.

Às vezes é um fato aparentemente fortuito cuja importância em minha vida sequer desconfiava. 

Outras vezes é simplesmente uma data. Um ano, como 1956 — que me vem à mente nesta tarde de domingo em que aqui na rede da varanda, entre breves cochilos, leio crônicas de Antônio Maria e Paulo Mendes Campos. 

Por que exatamente 1956, assim solto no ar feito pipa cuja linha se desprendeu do controle do garoto que a empinava? 

De 1954 me recordo da transmissão dos jogos do Brasil na Copa do Mundo pelo alto-falante que meu pai instalou no poste da esquina, na Lagoa Seca, periferia de Natal. Tudo parecia fascinante aos meus olhos de menino de 8 anos, aquela voz de locutor que de vez em quando parecia desaparecer e voltava mais forte, o som distante, captado talvez em ondas curtas.

Mas de 1956 pouco me recordo. Talvez um ano meio morno e cinza. Só isso. E que me salta à mente tão somente para lembrar que em minha vida de menino foram doze meses assim sem memória. Nada mais.

Foto: Hart Preston, revista Life

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Leia: A palavra e o gesto https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/06/minha-opiniao_14.html 

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