Os 50 anos do Golpe
Militar e os 90 anos da Coluna Prestes
Ana Maria Prestes
Por algum motivo, as
datas redondas nos ajudam nas reflexões. Fazem-nos vislumbrar a história em
perspectiva, com alguma noção de onde estamos em relação a onde já estivemos na
linha de desenvolvimento das sociedades humanas.
Em 2014, no Brasil, lembram-se os 50 anos do acontecimento do Golpe Militar de 1964 e os 90 anos do início da Coluna Prestes. Ambos movimentos liderados por militares brasileiros, mas com perspectivas antagônicas.
A diferença brutal entre a ação militar insurgente do início do século e a da década de 60 está muito bem representada na música, na poesia e na literatura brasileira.
Sobre a Coluna Prestes, diz o cordel:
“Nos anos vinte o que muito se via
era a Coluna Prestes pelo Brasil
combater retrógradas oligarquias
deitadas no berço explêndido varoníl
Combatendo tantos tipos de esquemas
a Coluna nas cidades, zonas rurais
denunciava os anacrônicos sistemas
e pregava reformas políticas, sociais
Quem quiser ter noção do incrível
basta pesquisar o que aconteceu
A Coluna Prestes foi imbatível
nem de longe uma batalha perdeu
E se não derrubou os governantes
da República Velha desse Brasil
deixou marcas profundas, marcantes
conscientizando a sociedade civil”
(Jetro Fagundes) **
Já sobre o Golpe de 64, diz outro cordel:
“A revolução
redentora
Dos milicos do
Brasil
Não aconteceu em
março
E não foi nada
varonil
Tendo como data
histórica
Um primeiro de abril
Temendo uma
revolução
De caráter comunista
Uma gente bem
fardada
E totalmente
entreguista
Botando tropas na
rua
Passou o país em
revista
E depois o que se
viu
Foi uma triste
aventura
Em que a vida
democrática
Sob os ferros da
tortura
Conheceu de perto a
dor
Que brotou da
ditadura
E foi assim desse jeito
Com tanta proibição
E muita gente sumida
Sob brutal repressão
Que um golpe militar
Se chamou revolução
E foi proibido
pensar
Pensamento diferente
Do que pensavam as
fardas
De um general ou
tenente
Que criaram no país
Situação tão
deprimente”
(Silvio Prado) ***
Para além do fato de serem oriundos das forças armadas, em quase tudo contrasta a diferença entre os líderes da Coluna (1924) e os líderes do Golpe (1964):
Os primeiros eram jovens de espírito libertário, os segundos eram senhores conservadores.
Os combatentes da Coluna se embrenharam para o interior do país, os golpistas de 64 tomaram posse do centro do poder.
Os primeiros arregimentavam pelo convencimento, os segundos pela coação e a força bruta.
Os líderes da Coluna são cantados como heróis, os da Ditadura como algozes.
Os jovens tenentes pregavam as reformas, os generais massacraram as reformas.
Se a Coluna era perseguida, a Ditadura perseguia.
Se a grande marcha suscitou comoção popular, os anos de chumbo tentaram calar o povo.
A primeira foi cantada, a outra foi cuspida.
Uma é pra comemorar, a outra é pra deplorar.
A Coluna é: inspiração dos revolucionários; a Ditadura é: nostalgia dos conservadores.
A primeira foi alento, a segunda foi dor.
Felizmente, a Coluna ficou invicta e a Ditadura foi derrotada.
**http://quemtemmedodademocracia.com/colunas/ventos-do-marajo/o-cavaleiro-da-esperanca-um-cordel-para-luiz-carlos-prestes/
*** http://tributoaocordel.blogspot.com.br/2012/03/sobre-o-golpe-militarpela-verdade.html
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