A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
31 dezembro 2014
Bem mais do que mereço
O repórter Henrique Barbosa, em seu blog, escreve longo comentário a propósito da minha militância política, ressaltando aspectos positivos, em tom muito generoso. Só posso lhe ser muito grato e fazer um reparo: tenho cometido equívocos e insuficiências, que muita gente que comigo convive saberá apontar... Leia aqui http://migre.me/nQpcr
30 dezembro 2014
Paladino da liberdade e do socialismo
Diógenes Arruda: um sonho de liberdade e justiça para o povo brasileiro
Luciana Santos
No dia 23 de dezembro completaria 100 anos um brasileiro que doou a sua vida ao sonho de liberdade e justiça para o povo brasileiro e honrou a nossa Pátria com sua coragem, dedicação e luta: Diógenes Arruda.
Diógenes Arruda Câmara nasceu em Afogados da Ingazeira (PE), e foi um dos principais ícones do Partido Comunista do Brasil. Convicto de que a democracia era uma necessidade para o progresso do Brasil e do seu povo, enfrentou as duas ditaduras do século XX (a do Estado Novo, instaurada com o golpe de 1937, e a militar, de 1964), sofreu torturas cruéis e viveu até os 65 anos lutando pelos ideais progressistas.
Preso inicialmente por três meses, logo após o golpe de 1937, voltou a ser detido em 1940. Torturado e submetido ao regime de incomunicabilidade, foi solto um ano e dois meses depois por um Habeas Corpus. Na segunda ditadura, enfrentou mais uma vez a prisão, entre 11 de novembro de 1969 e 22 de março de 1972, quando foi novamente barbaramente torturado.
Com a saúde seriamente abalada, saiu da prisão e decidiu deixar o país. Foi para o Chile e, forçado pelo golpe militar de Augusto Pinochet, se exilou na França ao lado da ilustre artista plástica de Olinda Tereza Costa Rego, que se tornou sua inseparável companheira. Na Europa, Diógenes dedicou-se ao estabelecimento de contatos com organizações democráticas, percorrendo o Velho Continente e o Oriente para fortalecer a luta contra a ditadura militar.
Empunhando a bandeira do Partido Comunista do Brasil desde 1932, Arruda participou ativamente dos acontecimentos políticos mais importantes do país durante o tempo em que viveu. Aos 19 anos de idade, perseguido pelo governo de Pernambuco, foi para a Bahia onde participou do movimento sindical e das lutas estudantis. No início da década de 1940, foi para o Rio de Janeiro, então capital da República, e se destacou como uma das principais lideranças do processo de rearticulação do Partido Comunista, destroçado pelo Estado Novo.
Nas eleições de 1945, Arruda elegeu-se suplente de deputado federal constituinte pela Bahia. Com as eleições suplementares de janeiro de 1949, foi eleito deputado federal em São Paulo pelo Partido Social Progressista (PSP), em aliança com o governador Adhemar de Barros selada por contingências de uma nova onda anticomunista. Apesar das ameaças, Arruda cumpriu o mandato até o fim daquela Legislatura, em 1950.
Diógenes Arruda faleceu em 25 de novembro de 1979. Tomado pela emoção ao receber do exílio o companheiro e camarada de longa caminhada, João Amazonas, seu coração cansado não resistiu — ele faleceu no trajeto entre o aeroporto e o local em que haveria uma recepção aos dois históricos dirigentes comunistas, na cidade de São Paulo.
A vida de Arruda, marcada pela consequência política, por sua dedicação infinita à causa do socialismo e pela defesa intransigente da democracia, merece ser reverenciada. Seu legado está presente na atuação convicta do Partido Comunista do Brasil em defesa da democracia, dos direitos do povo e da defesa da pátria. Neste centenário de seu nascimento, o PCdoB inclina suas bandeiras em homenagem a esse inesquecível camarada.
Luciana Santos é deputada federal e vice-presidente nacional do PCdoB
Artigo publicado no Jornal do Commercio em 26 de dezembro de 2014
Brindemos o futuro que desejamos
Ano Novo é uma convenção, como o próprio Calendário Gregoriano é uma convenção. Entretanto, vale manter a tradição e considerar os doze meses passados como um ciclo e identificar, na experiência vivida, êxitos e revezes; alegrias e decepções; certezas e dúvidas - enfim, cotejar tudo o que sirva ao permanente aprendizado que é a existência humana. E projetar o futuro desejado - por que não? - a partir do primeiro dia do ano que se inicia. Com entusiasmo, esperança, determinação e alegria. Brindemos o Ano Novo!
28 dezembro 2014
Visão poética da vida
Receita de Ano Novo
Carlos Drummond de Andrade
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
27 dezembro 2014
Quem disse?
História surreal - D. João VI, segundo Pedro Caldas: "O nuggets é a melhor invenção da Humanidade desde o frango frito."
26 dezembro 2014
Baboseira
Ministério
quase completo, “analistas” arriscam palpite sobre o elenco escolhido pela presidenta
Dilma. Papel aceita tudo – inclusive a bobagem que é conferir à origem
geográfica do ministro escolhido peso que não tem. A equipe de governo se junta
para praticar o programa do governo e não interesses provincianos em particular.
Fio de esperança
Sopro renovador
Eduardo Bomfim, no Vermelho
Nesse espírito de
confraternização das festas que anunciam o final de ano, do Natal à virada de
2014 para 2015, algo consegue sobreviver ao desenfreado consumismo implacável,
que obriga as pessoas a comprar objetos mais por imposição social, menos pelo desejo
de presentear entes queridos.
Na
verdade surgem sintomas de profundas contradições por todas as partes do mundo.
De um lado crescem conflitos brutais em várias regiões do planeta, cujas
motivações residem nas desestabilizações de imensas regiões em vários
continentes, movidas por guerras de rapina às riquezas naturais dos países,
movimentos geopolíticos militares do grande império do Norte e agregados, com
vistas a manter suas posições porém em circunstâncias bem mais desconfortáveis.
Há uma subjacente ânsia coletiva por relações sociais, humanas mais efetivas, afetivas, em coletividades saturadas pela deificação das mercadorias, a transformação dos indivíduos em simples objetos ao ponto deles se confundirem com a mercadoria, ou até mesmo inferiores aos próprios sonhos de consumo.
Uma ideologia totalitária após o domínio do “Mercado”, da Nova Ordem mundial, há 25 anos, transformando brutalmente relações entre Países, e dentro deles as permutas sociais, regras de convivência, o espírito cultural das profissões, a sociabilidade, o rumo geral das coisas, a insegurança de caminhar em direção ao futuro, a incerteza do progresso, algo que estava sempre presente nas comunidades humanas.
Mas há sopros de renovação, que confrontam com vigor essa sensação concreta de andar eternamente em círculos, do retorno ao mesmo lugar, ou a lugar algum, uma espécie de ausência de grandes causas, valores elevados. Há vetores reagindo ao mal estar comum de abandono do ser humano presente hoje em dia.
Os BRICS têm liderado essa sacudida transformadora, a participação de novos atores globais rebelados, como o cidadão Papa Francisco, a perspectiva do fim do bloqueio à Cuba, impactam positivamente como sinais de mudanças reais, provocando, dialeticamente, novas tensões e esperanças.
Há uma aragem inspiradora sinalizando que bons ventos começam a soprar em direção à comunidade humana. Mas será vital muita luta consciente para que realmente se mude essa página trágica que impuseram aos povos e que nunca deveria ter existido.
Há uma subjacente ânsia coletiva por relações sociais, humanas mais efetivas, afetivas, em coletividades saturadas pela deificação das mercadorias, a transformação dos indivíduos em simples objetos ao ponto deles se confundirem com a mercadoria, ou até mesmo inferiores aos próprios sonhos de consumo.
Uma ideologia totalitária após o domínio do “Mercado”, da Nova Ordem mundial, há 25 anos, transformando brutalmente relações entre Países, e dentro deles as permutas sociais, regras de convivência, o espírito cultural das profissões, a sociabilidade, o rumo geral das coisas, a insegurança de caminhar em direção ao futuro, a incerteza do progresso, algo que estava sempre presente nas comunidades humanas.
Mas há sopros de renovação, que confrontam com vigor essa sensação concreta de andar eternamente em círculos, do retorno ao mesmo lugar, ou a lugar algum, uma espécie de ausência de grandes causas, valores elevados. Há vetores reagindo ao mal estar comum de abandono do ser humano presente hoje em dia.
Os BRICS têm liderado essa sacudida transformadora, a participação de novos atores globais rebelados, como o cidadão Papa Francisco, a perspectiva do fim do bloqueio à Cuba, impactam positivamente como sinais de mudanças reais, provocando, dialeticamente, novas tensões e esperanças.
Há uma aragem inspiradora sinalizando que bons ventos começam a soprar em direção à comunidade humana. Mas será vital muita luta consciente para que realmente se mude essa página trágica que impuseram aos povos e que nunca deveria ter existido.
25 dezembro 2014
Combate
Trégua de fim de ano? Nada. Nem se digeriu ainda o Peru de Natal, as "retrospectivas" na TV e outras mídias trazem o veneno anti-governo Dilma como item obrigatório. A luta é sempre. Ininterrupta.
Respirar poesia
Killi Sparre
Emergência
Mario Quintana
Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
– para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
– para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
A vida do jeito que é
Em vez de um bolero, um frevo
Marco Albertim, no Vermelho
Somente aos sábados, o
Oitão da Conceição solta ruídos que não são seus. Ouvem-se os esguichos de
carros de mão, em geral carregando galinhas e perus que não deixam por menos o
alvoroço de um extremo a outro do oitão. Os porcos, puxados por cordas
amarradas ao pescoço, contribuem com os grunhidos de suas gargantas gordas.
Junto a animais e veículos com tração de duas rodas
no máximo, o vozerio das pessoas deixa-se espremer entre as duas enormes
paredes das duas únicas casas com a cumeeira alta. Sábado é dia de feira.
Goiana não estremece, mas de suas entranhas saem homens e mulheres em trânsito
para a morte, abrem as bocas para esganiçar entre os cacos dos dentes que a
morte não é uma lorota, por isso caminham para a feira tão ou mais barulhentos
que os sinos das igrejas.
Aos domingos a cidade encolhe feito um caramujo. Ao fim da tarde, os sinos do Carmo tocam para a missa. As portas de cada casa se abrem sem medo de fazer ruído nos trincos e tranquetas enferrujados. Os sinos, alternando badalos agudos e espessos, são o salvo-conduto para a redenção de pecados indistintos. As velhas, encostando-se nas paredes das casas, rumam para a igreja; têm medo de que a fuligem dos canos de escape nos escassos veículos, empane a brancura do véu que imprime santidade em seus cabelos brancos.
Às segundas, como de resto até às sextas-feiras, o bulício rotineiro tem o efeito de entorpecer o juízo de cada morador. Nada de inusitado lhes acontece, e contentam-se com informes medíocres, inda que singulares porque ditos à boca miúda.
É durante a semana que o Oitão da Conceição mostra seus moradores como raízes que dão frutos só ali. Comecemos pela família que habita a casa ao fundo do oitão. Tem como chefe uma matrona sem marido certo. O corpo é anguloso como as linhas das beiras da única janela; da janela e da porta de trinco enferrujado. Não é alta, mas a redondez das ancas junta-se aos cabelos descidos nas costas, combinando com a voz estridente de quem impõe autoridade não pela justeza dos argumentos, mas pela sonoridade da garganta. Tudo isso confere à mulher atributos que fazem-na abominar a romaria dos bichos para os abates da feira. Por trás de si, três filhos: uma moça de quatorze, um rapaz de treze e o miúdo de apenas dez anos. Todos afeitos à obediência cega. Têm o que comer e o que vestir, inda que a mãe, na pacatez dos dias úteis, faça no encurvamento do corpo as medidas para o comércio do próprio sexo. Ela recebe cada um dos amantes, duas a três vezes por semana. Os filhos evacuam os recintos escuros do reduzido lar. A moça simula namoros na conversa sem prumo com a amiga numa rua próxima, os meninos comprazem-se correndo atrás de uma bola que os aliena da noção de serem filhos de uma rameira.
Vizinho a Amara - o nome combina com as calcinhas de morim sem elástico, com botões num dos lados dos quadris, inda que deixando marcas na pele - mora o clarinetista conhecido como Léo. Tem por ofício a arte de cortar cabelos. Sabe dos segredos da cidade junto com outros dois barbeiros, com quem divide o aluguel do salão; não em sua casa, mas olhando para a calçada ampla da rua da feira. Divide os segredos ouvidos na barbearia apenas com sua mulher. Léo é manco de uma das pernas, peco. O defeito atrofiou-lhe um dos lados do corpo mole; atrofiou-lhe também a língua para não se trocar com os outros e, assim, evitar apelidos incômodos. Ele sabe e finge que não ouve os gemidos dos amantes de Amara. Não a julga marafona. Amara, além de ser vizinha numa das duas casas com telhados sem forro, não comercia o corpo na Barra, onde as mulheres mostram-se como mangas maduras à luz do sol. Convém dizer que a discrição de Léo fora, é imposta pela gravidade amotinada de Amara.
No começo do oitão, há as duas casas com a cumeeira alta, uma paralela a outra. Na primeira, a porta de acesso à sala é ao lado; as janelas ficam na frente. Tem como principal morador o comerciante a quem chamam Zé do Leite; não é chegado à brancura, mas à transparência da cachaça sem cor. Quando bebe, canta e dança e nunca tira o paletó de linho, inda que sob o sol do verão ribeirinho de Goiana. Na outra casa, vive a família de Chico Lira, o alfaiate de cor negra e alma de comunista. É bígamo. Para compensar o remorso do juízo, provê a despensa das duas cozinhas com galinhas, perus e a gordura dos suínos que grunhem aos sábados no Oitão da Conceição.
Numa sexta-feira à noite, Amara acolheu o derradeiro amante da semana. Léo voltara da barbearia. Chico Lira jantara e fumava o Continental sentado à cadeira em frente ao quintal. Logo teria que sair para a visita a outra cônjuge. Zé do Leite, bêbado, não dera fim à sede e saciava-se na barraca de madeira, aos fundos do oitão, atrás da casa de Chico Lira. Uma birosca onde outros bêbados espremem cachaça das horas. Por ser sexta-feira, cada morador se crer festeiro e faz a festa de seu jeito.
O oitão é um beco tão estreito que se pode ouvir o papagaio de Chico Lira grasnindo no terraço dos fundos da casa. O amante de Amara, por certo montando-a com esforço cavalar e suor na testa, não conseguia evitar o ímpeto estrepitoso dos gases soltos dos intestinos. Ato contínuo, expandia-se:
- Ai... é bom. Ai... é bom.
Léo ouviu e correu para o clarinete, trazendo-o para a sala. Tocou um bolero de Bievenido Granja. Zé do Leite livrou-se do círculo de bêbados, foi à frente da casa de Léo e arremeteu:
- Está fazendo serenata para Amara? Toque um frevo de rua.
Aos domingos a cidade encolhe feito um caramujo. Ao fim da tarde, os sinos do Carmo tocam para a missa. As portas de cada casa se abrem sem medo de fazer ruído nos trincos e tranquetas enferrujados. Os sinos, alternando badalos agudos e espessos, são o salvo-conduto para a redenção de pecados indistintos. As velhas, encostando-se nas paredes das casas, rumam para a igreja; têm medo de que a fuligem dos canos de escape nos escassos veículos, empane a brancura do véu que imprime santidade em seus cabelos brancos.
Às segundas, como de resto até às sextas-feiras, o bulício rotineiro tem o efeito de entorpecer o juízo de cada morador. Nada de inusitado lhes acontece, e contentam-se com informes medíocres, inda que singulares porque ditos à boca miúda.
É durante a semana que o Oitão da Conceição mostra seus moradores como raízes que dão frutos só ali. Comecemos pela família que habita a casa ao fundo do oitão. Tem como chefe uma matrona sem marido certo. O corpo é anguloso como as linhas das beiras da única janela; da janela e da porta de trinco enferrujado. Não é alta, mas a redondez das ancas junta-se aos cabelos descidos nas costas, combinando com a voz estridente de quem impõe autoridade não pela justeza dos argumentos, mas pela sonoridade da garganta. Tudo isso confere à mulher atributos que fazem-na abominar a romaria dos bichos para os abates da feira. Por trás de si, três filhos: uma moça de quatorze, um rapaz de treze e o miúdo de apenas dez anos. Todos afeitos à obediência cega. Têm o que comer e o que vestir, inda que a mãe, na pacatez dos dias úteis, faça no encurvamento do corpo as medidas para o comércio do próprio sexo. Ela recebe cada um dos amantes, duas a três vezes por semana. Os filhos evacuam os recintos escuros do reduzido lar. A moça simula namoros na conversa sem prumo com a amiga numa rua próxima, os meninos comprazem-se correndo atrás de uma bola que os aliena da noção de serem filhos de uma rameira.
Vizinho a Amara - o nome combina com as calcinhas de morim sem elástico, com botões num dos lados dos quadris, inda que deixando marcas na pele - mora o clarinetista conhecido como Léo. Tem por ofício a arte de cortar cabelos. Sabe dos segredos da cidade junto com outros dois barbeiros, com quem divide o aluguel do salão; não em sua casa, mas olhando para a calçada ampla da rua da feira. Divide os segredos ouvidos na barbearia apenas com sua mulher. Léo é manco de uma das pernas, peco. O defeito atrofiou-lhe um dos lados do corpo mole; atrofiou-lhe também a língua para não se trocar com os outros e, assim, evitar apelidos incômodos. Ele sabe e finge que não ouve os gemidos dos amantes de Amara. Não a julga marafona. Amara, além de ser vizinha numa das duas casas com telhados sem forro, não comercia o corpo na Barra, onde as mulheres mostram-se como mangas maduras à luz do sol. Convém dizer que a discrição de Léo fora, é imposta pela gravidade amotinada de Amara.
No começo do oitão, há as duas casas com a cumeeira alta, uma paralela a outra. Na primeira, a porta de acesso à sala é ao lado; as janelas ficam na frente. Tem como principal morador o comerciante a quem chamam Zé do Leite; não é chegado à brancura, mas à transparência da cachaça sem cor. Quando bebe, canta e dança e nunca tira o paletó de linho, inda que sob o sol do verão ribeirinho de Goiana. Na outra casa, vive a família de Chico Lira, o alfaiate de cor negra e alma de comunista. É bígamo. Para compensar o remorso do juízo, provê a despensa das duas cozinhas com galinhas, perus e a gordura dos suínos que grunhem aos sábados no Oitão da Conceição.
Numa sexta-feira à noite, Amara acolheu o derradeiro amante da semana. Léo voltara da barbearia. Chico Lira jantara e fumava o Continental sentado à cadeira em frente ao quintal. Logo teria que sair para a visita a outra cônjuge. Zé do Leite, bêbado, não dera fim à sede e saciava-se na barraca de madeira, aos fundos do oitão, atrás da casa de Chico Lira. Uma birosca onde outros bêbados espremem cachaça das horas. Por ser sexta-feira, cada morador se crer festeiro e faz a festa de seu jeito.
O oitão é um beco tão estreito que se pode ouvir o papagaio de Chico Lira grasnindo no terraço dos fundos da casa. O amante de Amara, por certo montando-a com esforço cavalar e suor na testa, não conseguia evitar o ímpeto estrepitoso dos gases soltos dos intestinos. Ato contínuo, expandia-se:
- Ai... é bom. Ai... é bom.
Léo ouviu e correu para o clarinete, trazendo-o para a sala. Tocou um bolero de Bievenido Granja. Zé do Leite livrou-se do círculo de bêbados, foi à frente da casa de Léo e arremeteu:
- Está fazendo serenata para Amara? Toque um frevo de rua.
24 dezembro 2014
Jogo pesado
O interesse geopolítico contra a Petrobras
Por Darío Pignotti, na Carta Maior
“Há vários interesses geopolíticos interferindo na crise da Petrobras”, afirma Luiz Gonzaga Belluzzo, ao lembrar que as petroleiras norte-americanas ficaram de fora da exploração de uma enorme reserva da área do pré-sal onde estão presentes companhias chinesas, associadas à estatal brasileira.
O professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e eventual assessor da presidenta Dilma Rousseff analisa o escândalo em torno da operação Lava Jato a partir de um ângulo geopolítico e econômico, evitando o alarmismo da velha imprensa, que parece interessada em “modificar o regime da partilha e voltar ao de concessão”, segundo afirmou em entrevista à Carta Maior.
Mar de fundo - “Claro que tudo isto que acontece na Petrobras tem importância geopolítica. Acredito que os Estados Unidos não se conformem em terem ficado de fora da exploração do campo de Libra, no leilão do ano passado, vencido por um consórcio de petroleiras chinesas, e todo o mundo sabe que a China quer disputar novos leilões na área do pré-sal, fortalecendo sua presença”.
“A crise da Petrobras tem que ser compreendida em meio a um quadro maior, que é o problema global do petróleo, envolvendo a Rússia e as pressões feitas recentemente contra a Rússia, tentando encurralar o governo de Putin. Me parece difícil que as potências ocidentais consigam fazer a alma russa ceder”.
Dilma - “É absurdo vincular de algum modo a presidenta Dilma com a corrupção. É inaceitável que setores da oposição, setores da sociedade brasileira digam essas coisas que na verdade são conseqüência de não aceitarem que foram derrotados nas eleições. Isso é desconhecer o voto popular, isso é golpismo”.
Petróleo, Rússia e Brics - “Eu não sei se este escândalo é em represália pela participação brasileira nos Brics, o que sei é que a posição do Brasil nos Brics é algo que os Estados Unidos e a Europa olham atentamente. Quando alguém fala com funcionários internacionais, contam as pressões que o Brasil sofreu relacionadas ao banco de fomento e ao acordo do fundo de contingências dos Brics, que é uma espécie de novo FMI (acordos assinados neste ano na cúpula dos Brics de Fortaleza).
Se este fundo já estivesse em funcionamento hoje, talvez pudessem mitigar as pressões cambiais que a Rússia sofre e que estão afetando o Brasil também. As pressões de certos grupos são fortíssimas para que o Brasil se separe dos Brics e também do Mercosul, que estará reunido nesses dias na Argentina. E querem empurrar o Brasil para fazer um acordo com a União Europeia, que eu chamo de ‘volume morto da economia mundial’. Eu não digo que é preciso se separar dos Estados Unidos e da União Europeia”.
Petrobras e empreiteiras - “O peso da Petrobras e das empreiteiras na formação de capital fixo é fundamental no Brasil, então o que eu tenho manifestado é o temor de uma paralisia maior na economia. Existe o risco de que seja introduzido um fator depressivo em uma economia que se está comprometendo o corte de gastos e a austeridade com o novo governo.
É preciso saber discernir entre os eventuais crimes que tenham ocorrido e permitir que as empresas empreiteiras continuem operando porque não é possível substituí-las. Elas têm uma memória técnica muito importante, participaram em todas as grandes obras de infraestrutura desde o regime militar”.
“É preciso evitar um problema sistêmico, se a Petrobras continuar neste impasse, isto vai prejudicar as empresas provedoras da Petrobras, que já estão estranguladas e não estão cobrando”.
Hipocrisia - “Há muita hipocrisia no modo como a mídia trata a crise no Brasil. Fala-se com muito alarmismo da Petrobras e não se diz como agiram os norte-americanos diante da crise do subprime, foi um problema muito maior que o da Petrobras. Alguns bancos receberam multas pesadas, alguns executivos foram sancionados penalmente, foram menos do que aqui, mas ao final, os americanos preservaram as estruturas.
O Congresso introduziu mudanças nas leis financeiras para proteger os bancos e os depósitos. Foi um projeto redigido pelo Citigroup. E, frente a tudo isto, ninguém se escandaliza e ninguém fala de corrupção”.
Abutres - “Quando a justiça dos Estados Unidos intervém na crise da Petrobras diante das demandas dos advogados que patrocinam os acionistas, estamos vendo um procedimento estranho, parecido com o que aconteceu com os fundos abutres e a Argentina.
Claro que há acionistas da Petrobras na Bolsa de Nova York, os ADR são emitidos em Nova York, mas acredito que tudo isto seja um pretexto para poder levar o caso à justiça norte-americana”.
Capitalização estatal - “O governo teria que capitalizar a empresa, que está muito desvalorizada, seu valor de mercado está muito longe de seu valor patrimonial. O preço das ações da Petrobras está diminuindo aceleradamente porque as bolsas se movem seguindo as expectativas de curto prazo, e eu acredito que se enxergassem em longo prazo, o prelo das ações não teria uma queda tão significativa”.
“Há vários interesses geopolíticos interferindo na crise da Petrobras”, afirma Luiz Gonzaga Belluzzo, ao lembrar que as petroleiras norte-americanas ficaram de fora da exploração de uma enorme reserva da área do pré-sal onde estão presentes companhias chinesas, associadas à estatal brasileira.
O professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e eventual assessor da presidenta Dilma Rousseff analisa o escândalo em torno da operação Lava Jato a partir de um ângulo geopolítico e econômico, evitando o alarmismo da velha imprensa, que parece interessada em “modificar o regime da partilha e voltar ao de concessão”, segundo afirmou em entrevista à Carta Maior.
Mar de fundo - “Claro que tudo isto que acontece na Petrobras tem importância geopolítica. Acredito que os Estados Unidos não se conformem em terem ficado de fora da exploração do campo de Libra, no leilão do ano passado, vencido por um consórcio de petroleiras chinesas, e todo o mundo sabe que a China quer disputar novos leilões na área do pré-sal, fortalecendo sua presença”.
“A crise da Petrobras tem que ser compreendida em meio a um quadro maior, que é o problema global do petróleo, envolvendo a Rússia e as pressões feitas recentemente contra a Rússia, tentando encurralar o governo de Putin. Me parece difícil que as potências ocidentais consigam fazer a alma russa ceder”.
Dilma - “É absurdo vincular de algum modo a presidenta Dilma com a corrupção. É inaceitável que setores da oposição, setores da sociedade brasileira digam essas coisas que na verdade são conseqüência de não aceitarem que foram derrotados nas eleições. Isso é desconhecer o voto popular, isso é golpismo”.
Petróleo, Rússia e Brics - “Eu não sei se este escândalo é em represália pela participação brasileira nos Brics, o que sei é que a posição do Brasil nos Brics é algo que os Estados Unidos e a Europa olham atentamente. Quando alguém fala com funcionários internacionais, contam as pressões que o Brasil sofreu relacionadas ao banco de fomento e ao acordo do fundo de contingências dos Brics, que é uma espécie de novo FMI (acordos assinados neste ano na cúpula dos Brics de Fortaleza).
Se este fundo já estivesse em funcionamento hoje, talvez pudessem mitigar as pressões cambiais que a Rússia sofre e que estão afetando o Brasil também. As pressões de certos grupos são fortíssimas para que o Brasil se separe dos Brics e também do Mercosul, que estará reunido nesses dias na Argentina. E querem empurrar o Brasil para fazer um acordo com a União Europeia, que eu chamo de ‘volume morto da economia mundial’. Eu não digo que é preciso se separar dos Estados Unidos e da União Europeia”.
Petrobras e empreiteiras - “O peso da Petrobras e das empreiteiras na formação de capital fixo é fundamental no Brasil, então o que eu tenho manifestado é o temor de uma paralisia maior na economia. Existe o risco de que seja introduzido um fator depressivo em uma economia que se está comprometendo o corte de gastos e a austeridade com o novo governo.
É preciso saber discernir entre os eventuais crimes que tenham ocorrido e permitir que as empresas empreiteiras continuem operando porque não é possível substituí-las. Elas têm uma memória técnica muito importante, participaram em todas as grandes obras de infraestrutura desde o regime militar”.
“É preciso evitar um problema sistêmico, se a Petrobras continuar neste impasse, isto vai prejudicar as empresas provedoras da Petrobras, que já estão estranguladas e não estão cobrando”.
Hipocrisia - “Há muita hipocrisia no modo como a mídia trata a crise no Brasil. Fala-se com muito alarmismo da Petrobras e não se diz como agiram os norte-americanos diante da crise do subprime, foi um problema muito maior que o da Petrobras. Alguns bancos receberam multas pesadas, alguns executivos foram sancionados penalmente, foram menos do que aqui, mas ao final, os americanos preservaram as estruturas.
O Congresso introduziu mudanças nas leis financeiras para proteger os bancos e os depósitos. Foi um projeto redigido pelo Citigroup. E, frente a tudo isto, ninguém se escandaliza e ninguém fala de corrupção”.
Abutres - “Quando a justiça dos Estados Unidos intervém na crise da Petrobras diante das demandas dos advogados que patrocinam os acionistas, estamos vendo um procedimento estranho, parecido com o que aconteceu com os fundos abutres e a Argentina.
Claro que há acionistas da Petrobras na Bolsa de Nova York, os ADR são emitidos em Nova York, mas acredito que tudo isto seja um pretexto para poder levar o caso à justiça norte-americana”.
Capitalização estatal - “O governo teria que capitalizar a empresa, que está muito desvalorizada, seu valor de mercado está muito longe de seu valor patrimonial. O preço das ações da Petrobras está diminuindo aceleradamente porque as bolsas se movem seguindo as expectativas de curto prazo, e eu acredito que se enxergassem em longo prazo, o prelo das ações não teria uma queda tão significativa”.
Polícia - “As estruturas encarregadas de “vigiar e punir”, como dizia Foucault, como é a polícia federal, agem sem cuidar das estruturas empresariais fundamentais.
Isso é inevitável no Brasil. Aqui, a Polícia Federal e as polícias estaduais estiveram sempre sintonizadas com certos grupos políticos, com a imprensa e com setores do Poder Judiciário. É assim que o sistema funciona, e os membros da polícia atuam individualmente seguindo esta lógica. Não é pela maldade ou pela vontade deste ou daquele delegado, é o mecanismo existente que faz com que a investigação seja feita sem que se leve em conta as consequências que isso terá para o conjunto da sociedade”.
Globo - “O que se lê na cobertura do Globo é que eles querem transformar o regime de partilha que está em vigor pelo de concessão que se aplicava antes. Mas não se justifica um regime de concessão porque agora não há riscos para os privados porque as reservas já estão descobertas, seus recursos já estão estimados. E tudo isto é para tirar o controle da exploração da Petrobras e passar para as empresas petroleiras estrangeiras. Acredito que também querem trazer as construtoras estrangeiras, em especial as construtoras norte-americanas.
Esses grupos de imprensa sempre atacaram a Petrobras, desde a sua criação (1953).
Toda a imprensa brasileira, salvo o jornal Última Hora, esteve visceralmente contra a Petrobras e atacou a campanha “O Petróleo é Nosso”.
(As palavras de Belluzzo sobre o lobby da Globo a favor das empreiteiras norte-americanas ficaram em evidência em uma coluna de Carlos Alberto Sardenberg, que propôs a formação de um programa similar ao PROER dos anos 90, para socorrer e depurar as empreiteiras e ao mesmo tempo permitir que estas se associem a empresas estrangeiras).
Maria das Graças Foster - “Acredito que não possamos subestimar o problema da corrupção na Petrobras, que mostra que houve falta de controle de suas autoridades. Essa corrupção enfraquece a empresa. Tenho a melhor impressão de Maria das Graças Foster, acredito que ela não esteja envolvida em nada, mas me parece que a direção da Petrobras deveria sair para conter a crise. Acredito que ela deveria ser substituída por um empresário ou por um militar.
Vou lembrar algo que parece meio desagradável, mas a verdade é que o Exército sempre teve um compromisso com o petróleo, por isso eu designaria uma militar democrata sério para administrar a Petrobras, isso daria credibilidade.
Há muitos militares democráticos?, perguntou Carta Maior.
“Sim, há. É preciso lembrar que o processo de criação da Petrobras contou com o apoio do exército. O golpe de 64 fez com que esses militares nacionalistas perdessem peso. Não se pode generalizar quando se fala dos militares. Depois do golpe, houve um grupo comprometido com a tortura, mas houve outro grupo que não estava. Por isso acredito que haja militares nacionalistas que agora podem dar uma contribuição com a Petrobras”.
Leia mais sobre temas
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23 dezembro 2014
Minha mensagem de afeto através dos versos do poeta
Foto: LS
Poema de Natal
Vinicius de Moraes
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Grande construtor do PCdoB
Centenário de Diógenes Arruda
Renato Rabelo*
Na passagem
do centenário de nascimento do grande brasileiro Diógenes Arruda Câmara, o
Partido Comunista do Brasil (PCdoB) homenageia este destacado dirigente e
construtor da legenda comunista.
No final da
ditadura do Estado Novo, em 1943, Arruda esteve à frente dos organizadores da
Conferência da Mantiqueira – conferência que colocou de pé a direção nacional
do Partido, que fora desmantelada por feroz perseguição policial. Esse feito
permitiu ao Partido Comunista do Brasil, então PCB, desempenhar um grande papel
na luta contra o nazifascismo e pela reconquista da democracia em nosso país.
Desde esta Conferência até 1957, ele assumiu, então, a importante Secretaria de
Organização. Por isto, é impossível desassociar o seu nome das grandes vitórias
do povo e do Partido ocorridas naquele período fértil da nossa história. O
trabalho dele também foi decisivo ao sucesso do 4º Congresso (1954), que deu ao
Partido o seu primeiro programa.
Décadas
depois, entre 1978 e 1979, enfrentando outro regime de arbítrio – a ditadura
militar –, Arruda atuou na organização da 7ª Conferência Nacional do PC do
Brasil, realizada no exterior. Conferência que teve um papel fundamental na
remontagem da direção do Partido, fortemente atingida pela Chacina da Lapa,
ocorrida em 1976. João Amazonas sublinhava que Arruda era um dos melhores
organizadores que o Partido teve.
Além de
organizador do Partido, ele também se dedicou à formação política, ideológica e
teórica dos militantes e dirigentes comunistas. Nesta frente de trabalho,
incentivou a criação dos inúmeros cursos de marxismo-leninismo na primeira
década de 1950, com destaque para os cursos Lênin e Stalin. Também criou as
condições para que dezenas de brasileiros conseguissem estudar na Escola
Superior do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) entre 1952 e 1956.
Após o golpe
militar de 1964 ele continuou seu esforço na formação de quadros comunistas,
especialmente jovens. Por onde chegava, logo tomava a iniciativa de organizar
um curso de marxismo-leninismo, fosse na prisão (como no presídio Tiradentes),
fosse no exílio dentro de uma embaixada estrangeira. Muitos conheceram Arruda
dessa forma.
Na segunda
metade da década de 1970 redigiu uma série de artigos para formação ideológica
da militância, como “Ser Comunista: opção cotidiana”. Neles, disseminou valores
de dedicação à causa revolucionária e ao Partido. Fidelidade que teve
oportunidade de demonstrar nas duríssimas condições tanto no Estado Novo quanto
na ditadura militar, quando foi preso e sofreu bárbaras torturas que abalaram
seriamente sua saúde.
O documento do
Comitê Central que sistematiza a trajetória de 90 anos de luta de nosso Partido
apresenta o nome de Arruda entre os expoentes da segunda geração de comunistas,
entre os quais também eram integrantes Luiz Carlos Prestes, Maurício Grabois,
João Amazonas, Pedro Pomar, Carlos Marighella, Mário Alves, dentre outros.
Para
homenagear Arruda, sua memória e seu legado, vamos destacar episódios de sua
vida e contribuições de sua trajetória revolucionária.
A vida e
militância de Diógenes de Arruda Câmara
Diógenes Alves
de Arruda Câmara nasceu em 23 de dezembro de 1914 no pequeno município de
Afogados de Ingazeira, sertão de Pernambuco. Um lugar marcado pela pobreza e
pela violência. Viveu sua infância ouvindo histórias fantásticas de cangaceiros
e suas lutas contra as volantes do governo. Arruda, pela vida toda, carregou
consigo o espírito daquele menino sertanejo.
Em Recife
passou a cursar engenharia e teve contato com a literatura socialista. Em 1934
se tornou militante do Partido Comunista do Brasil. Mudou-se então para a Bahia
e matriculou-se em Engenharia Agronômica. Ali se transformou num atuante líder
estudantil e comandou a campanha em defesa da siderurgia nacional.
Após o golpe
do Estado Novo, Arruda passou alguns meses preso. Devido à sua combatividade e
grande capacidade de organização, foi chamado a assumir o cargo máximo da
direção estadual do PCB. Ainda na Bahia incentivou a criação da revista Seiva,
que procurava articular todas as correntes democráticas e antifascistas no
Estado.
Preso
novamente, foi torturado durante dois meses e ficou mais oito meses
incomunicável. O jovem dirigente comunista teve um comportamento digno,
ganhando o respeito dos seus pares. Após ter sido libertado, transferiu-se para
São Paulo com o objetivo de reorganizar o Partido, que fora desbaratado pela
polícia.
No início de
1942 viajou à Argentina para restabelecer contatos com a Internacional
Comunista (IC). A linha política aprovada era a de construir uma União
Nacional, ao lado do governo Vargas, contra as potências nazifascistas e seus
aliados. Arruda voltou ao país com essa diretiva e com a tarefa de apressar a
reorganização do PC do Brasil. Procurou Maurício Grabois e Amarílio
Vasconcelos. Juntos compuseram a Comissão Nacional de Organização Provisória
(CNOP). A ela se agregaram outros dois jovens comunistas: João Amazonas e Pedro
Pomar. Eles formariam o núcleo principal da direção nos 15 anos seguintes.
A principal
tarefa dessa comissão foi a organização de um Conferência Nacional do PC do
Brasil – que foi realizada em 1943 e ficou conhecida como Conferência da
Mantiqueira. Nela, Arruda foi eleito secretário nacional de Organização. Sinal
do reconhecimento de seu trabalho naquele difícil processo de reestruturação do
partido, ainda sob a ditadura varguista.
Com a
conquista da anistia e o fim do Estado Novo, o Partido Comunista emergiu como
uma poderosa força política nacional.
Nas eleições
de 1947 elegeu-se deputado federal por São Paulo pela legenda do Partido Social
Progressista (PSP). A candidatura por essa sigla se deu por uma flexão tática,
fato que salvou o seu mandato, quando da cassação dos parlamentares eleitos
pela legenda comunista em janeiro de 1948. Arruda ainda esteve ainda à frente
da organização do 4º Congresso do PCB, realizado em 1954 – no qual ele
apresentou o informe mais importante, que tratava do novo programa – o primeiro
desde a sua fundação.
Arruda estava
no auge do seu prestígio. Prova disso está no fato de o escritor Jorge Amado
ter-lhe dedicado a trilogia Subterrâneos da Liberdade, na qual é um dos
personagens mais significativos: o camarada André. Contudo, a partir de 1956,
depois do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética que desencadeou
a divisão no movimento comunista internacional e impactou os partidos
comunistas do mundo inteiro, os papéis de Arruda e de outros dirigentes do PCB
passaram por sobressaltos.
A partir desse
episódio, o núcleo dirigente do PCB passou a ser duramente criticado nas
reuniões do próprio Comitê Central. O principal alvo dos ataques foi Diógenes
Arruda, secretário nacional de Organização.
Em 1957
Arruda, Grabois e Amazonas foram destituídos da Comissão Executiva do PCB em
decorrência do embate que se estabelecera no âmbito do Partido entre a corrente
revolucionária, da qual Arruda e seus camaradas já citados eram integrantes, e
a corrente revisionista.
Entre 1961 e
1962, a crise interna agravou-se, levando à reorganização do Partido Comunista
do Brasil, (que passou a adotar a sigla PCdoB), se confrontando com o Partido
Comunista Brasileiro (PCB). Arruda manteve-se equidistante desse confronto. E
tal situação se prolongou até as vésperas do golpe militar, quando começou a
entrar em contato com o PCdoB.
Ele retorna
então a seu antigo Partido, incorporando-se à terceira geração: a dos
reorganizadores. Por volta de 1966 ele já compunha a direção do PCdoB paulista.
Ficou responsável, entre outras tarefas, por dar assistência às bases
estudantis. Foi quase um recomeço para um homem que já tinha 54 anos, dos quais
33 dedicados à construção do Partido Comunista.
Com o golpe, o
cerco ia se fechando contra os comunistas e Arruda seria preso por agentes da
Operação Bandeirante em novembro de 1969. Ele foi barbaramente torturado nos
porões do DOPS e do Cenimar. Nas sessões de tortura teve duas paradas
cardíacas, perdeu um dos pulmões e uma das vistas e teve seus dedos quebrados
para que não mais pudesse escrever. Não disse uma só palavra que pudesse
comprometer seus camaradas. Na sua defesa, diante da auditoria militar,
declarou: “Sou dirigente comunista. Não presto contas senão ao meu partido e ao
povo. Minhas ideias marxistas e minha honra têm maior valor que minha vida”.
Arruda foi
libertado apenas em 21 de março de 1972. O partido sabia que uma nova prisão
lhe seria fatal. Por isso, a direção solicitou-lhe que deixasse o país e fosse
ajudar no setor de relações internacionais, colaborando na divulgação da
Guerrilha do Araguaia que havia se iniciado.
Arruda foi
para o Chile, presidido por Salvador Allende. Lá articulou com outros exilados
a construção do comitê de solidariedade à luta do povo brasileiro. E, quando
houve o golpe militar chileno, em 11 de setembro de 1973, Arruda, depois de
ficar por cerca de um mês refugiado na Argentina, conseguiu asilo na França.
Arruda
passaria a cuidar das relações com os partidos marxista-leninistas da Europa.
Nessa condição visitou a Albânia, Itália, Suécia e Portugal – e, também, a
China. Em Portugal deu grande contribuição para a organização do Partido
Comunista Português Reconstruído (PCP-R) e da União Democrática e Popular
(UDP).
Entre o final
de 1972 e o início de 1973 foi destroçada a comissão nacional de organização do
PCdoB – com a morte de Carlos Danielli, Lincoln Oest, Luiz Guilhardini e
Lincoln Bicalho Roque. A situação se agravaria ainda mais com a derrota da
Guerrilha do Araguaia e o assassinato da maioria dos seus combatentes,
inclusive seu comandante Maurício Grabois. Pouco tempo depois, em dezembro de
1976, caiu nas mãos da repressão uma reunião do Comitê Central, quando foram
assassinados três de seus dirigentes nacionais: Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e
João Batista Drummond.
O Partido
Comunista do Brasil estava desafiado a se reestruturar novamente. Os dirigentes
que estavam no exterior – João Amazonas, Arruda Câmara, Dynéas Aguiar e Renato
Rabelo – começaram a restabelecer os contatos com os comitês que ainda
resistiam no interior do país. Trabalho que em pouco tempo foi concluído. A 7ª
Conferência reuniu-se na Albânia entre 1978 e 1979 e Arruda estava entre seus
principais animadores.
Após a Chacina
da Lapa, Arruda escreveu uma série de artigos sobre os deveres da militância
comunista. Esses artigos, posteriormente, foram publicados em A educação
revolucionária do comunista e cumpriram um grande papel na formação ideológica
dos comunistas nos estertores da ditadura militar.
Outra
característica de Arruda era sua grande preocupação com a formação teórica dos
militantes comunistas. Sobre isso, anos mais tarde, disse Amazonas: “Onde
Arruda chegava já estava pensando em fazer algumas palestras sobre problemas
teóricos e, em pouco tempo, organizava um curso (...). Foi o camarada Arruda
que iniciou os cursos Stalin (na década de 1950). (...) Eles jogaram um papel
importante na formação dos quadros do nosso Partido (...). Depois, conseguiu
que, na escola Superior do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética,
se realizassem cursos para os comunistas brasileiros. (...) Esse capital
teórico que adquirimos foi fruto da atividade do camarada Arruda”. Na década de
1960, organizou uma série de cursos para os jovens estudantes comunistas em São
Paulo. Também deu aulas de marxismo-leninismo no presídio Tiradentes. A mesma
coisa fez no Chile, na Argentina e na Albânia para a pequena comunidade de
comunistas brasileiros.
No exílio
Arruda participou da luta pelas liberdades políticas e pela anistia no Brasil.
Esteve presente e falou no Congresso Internacional pela Anistia Ampla Geral e
Irrestrita, realizado em Roma em junho de 1979. Em setembro desse mesmo ano,
após a decretação da anistia, ele retornou ao Brasil e envolveu-se numa pesada
agenda política. Ele percorreu vários estados defendendo a ampliação da anistia
e a unidade da oposição contra a ditadura militar. A volta ao Brasil parece
ter-lhe revigorado as energias. Mas os anos de perseguição e as torturas
cobrariam o seu preço.
No dia 25 de
novembro, Arruda organizava a recepção ao camarada João Amazonas que retornava
do exílio. Ele estava muito ansioso. Nada poderia dar errado na chegada do
principal dirigente do PCdoB. Quando o avião aterrissou no aeroporto de
Congonhas, se colocou ao lado do velho amigo. A emoção e a tensão eram grandes
naquele ambiente. Ainda dentro do carro que os levaria ao ato público, começou
a passar mal. O coração sertanejo marcado pelas torturas não resistiu. Arruda
estava morto.
O enterro
acabou se transformando na primeira manifestação pública realizada pelo PCdoB.
O caixão foi coberto por uma bandeira vermelha estampada com a foice e o
martelo.
“Juntamente com as flores da nossa saudade”,
declarou ela, “deixamos o nosso adeus de despedida. Mas um adeus que é também
um compromisso de honra. O compromisso de que, quaisquer que sejam as
vicissitudes, levaremos adiante a bandeira que ele sempre defendeu. A bandeira
do Partido, a bandeira do socialismo”.
Viva o
Centenário de Diógenes Arruda Câmara!
São Paulo, 19
de dezembro de 2014
*Renato Rabelo
é presidente do Partido Comunista do Brasil - PCdoB
21 dezembro 2014
Uma crônica para descontrair
Parcialmente incomunicável
Luciano Siqueira
Eis que de repente percebo que o meu iPhone pifou. Irremediavelmente, me parece - a mim que nada entendo dessas geringonças, mas ouvi falar que o dito aparelho não aceita consertos, há de ser substituído por outro igual ou de nova geração (arre!) quando algum defeito acusa.
E agora? - me pergunto nesta manhã de domingo em que, como de costume, muitas mensagens receberei e, não as respondendo, serei tomado por indiferente por tantos amigos e amigas! Nada a fazer, apenas permitir que o dia siga como antigamente, muito antigamente mesmo, em que a gente recorria à escrita e aos Correios para uma palavra de alento, queixa, esperança, solidariedade, afeto...
E se o prefeito me ligar, e se um secretário me ligar, e se um assessor me ligar, e se alguém necessitado de ajuda me ligar?... Melhor imaginar que todos se dedicam aos preparativos dos festejos natalinos, envolvidos com a escolha de presentes e quetais. Ninguém precisará de mim, que também sou filho de Deus e tenho cá minhas obrigações familiares e pessoais, em clima de fim de ano...
Mas o fato inesperado - o telefone pifou - me deixa meio que perdido nesse mundo conectado ciberneticamente. Terei pelos menos quarenta e oito horas, suponho, para restabelecer minha comunicação com os viventes que comigo compartilham essa gigantesca terapia de grupo que é a troca diária e ininterrupta de mensagens diversas, de viva voz ou pela linguagem simples das palavras escritas, ou melhor, digitadas.
Também me sinto privado do exercício quase compulsivo de fotografar o que vejo: gente, rua, coisas, animais, contrastes, leveza, espanto, alumbramento, crueza, simplicidade... tudo o que vida nos mostra a todos os que se fazem minimamente sensíveis à realidade (ou à fantasia) que nos cerca cotidianamente.
Não, gente amiga, não estou aqui a derramar lágrimas de dependente irrecuperável do uso constante do celular. Não é bem isso. Uso-o, sim, mas com a mesma naturalidade que passei a usar, com a agradável sensação de beneficiário da inovação tecnológica, a máquina de escrever elétrica, em seguida o computador de mesa, depois o laptop, o tablet... Desde que o homem descobriu o fogo, a Humanidade caminha sob o impacto da inovação e assim sempre será. A relação do Homem com a Natureza tem produzido, para o bem e para o mal (a depender das intenções e do uso) meios de facilitar a vida - inclusive tornando mais ágil a comunicação entre as pessoas, a locomoção e assim por diante. Nenhum preconceito me dificulta os passos, igualmente nenhum apego vicioso me faz escravo: acolho tudo o que me permite encurtar o tempo e ampliar o conhecimento e a exploração do mundo ao redor com entusiasmo. Mas sem dependência.
O fato é que enfim, tendo registrado aqui para meus certamente poucos leitores semanais a agrura de quem se priva de um mil vez vezes útil iPhone, cá vou cuidar das coisas boas do domingo experimentando o gosto quase esquecido da relativa incomunicabilidade eletrônica. Que assim seja.
20 dezembro 2014
Emprego e renda
Renda média real dos trabalhadores do País avança 2,7% em relação a novembro de 2013. Taxa de desemprego nas 6 regiões metropolitanas do País ficou estável em 4,8% em novembro, ante outubro (4,7%) e novembro do ano passado (4,6%), diz IBGE. Mas Dilma é duramente atacada pela oposição tucano-midiática porque insiste em em enfrentar os efeitos da crise mundial sobre a economia brasileira preservando o emprego, o salário é o poder de compra dos trabalhadores. Quem serve a quem?
TV em declínio
TV perde força, Internet ganha preferência da maioria. É o que revela a Pesquisa de Midia Brasileira 2015 - leio agora na Agência Brasil. A televisão ainda é o principal meio de comunicação no Brasil, mas os brasileiros já passam mais tempo navegando na internet do que na frente da TV. Os brasileiros passam, em média, quatro horas e 59 minutos por dia usando a internet durante a semana e quatro horas e 24 minutos/dia nos fins de semana. Já a média de tempo assistindo à TV fica em quatro horas e 31 minutos/dia nos dias de semana e quatro horas e 14 minutos aos sábados e domingos. Entre os usuários da internet, 76% acessam a rede todos os dias. O pico de uso é às 20h, tanto nos dias úteis quanto nos fins de semana. De acordo com a pesquisa, 67% acessam a rede em busca de informações ou notícias, mesmo percentual dos que dizem entrar na internet para buscar entretenimento. Daí a importância crescente de blogs e das redes sociais, acrescento.
19 dezembro 2014
O poeta exalta a dialética do sentimento
Foto: LS
Para não deixar de amar-te nunca
Pablo Neruda
Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.
Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.
Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.
A palavra instigante de Jomard
OUTRA APRENDIZAGEM no LIVRO dos DESEJOS
Jomard Muniz de Britto em colagem desautorizada
pelos herdeiros de Clarice Lispector.
Em dezembro por ostentação de festas,
entre natais e carnavais, a mais premente
necessidade de um ser humano entre
animais talvez seja a de tornar-se um ser
humano. Apesar de. E dos deuses.
Mês de amorosidade com presentes?
Para sentir que tudo que resiste – pessoa
ou coisa - transpira uma espécie de
finíssimo resplendor de energia.
Clariceana, esta energia é a maior
verdade do mundo e é impalpável.
Apesar de todas as delações premiadas
e renegadas. Apesar da barbárie.
Quando um socialista histórico – Roberto
Amaral – sugere O SOM AO REDOR para
uma compreensão dinâmica da política,
por que não exibirmos outros filmes:
VENTOS DE AGOSTO e a HISTÓRIA DA
ETERNIDADE? Gabriel Mascaro e Camilo
Cavalcante sabem dos apesares.
O TRANStempo nos ultrapassa de Agostinho
ao Y do nosso Gilberto. Apesar de.
Nossas almas clandestinas?
Poeticidade desnorteadora?
Se os EUA estão pré e pós-ocupados com
destinações da Petrobras, seria uma prova
de que o buraco é mais em cima?
Apesar do neon-capitalismo e dos
socialismos sempre difíceis.
Comissões da VERDADE apenas começaram.
Apesar dos marqueteiros e das REDES
sem fronteiras.
Porque há uma maçonaria do silêncio que
consiste em não falar dele e de seus
ruídos onipresentes.
Por isso não temos relembrado a palavra
AMOR para não termos de reconhecer sua
conteXtura de ódio, ciúme, ignorâncias e
tantos outros contraditórios.
Tentando escapar das dualidades do certo
ao errado, do melhor ao pior, reivindicando
as contraDICÇÕES da linguagem em devenir.
Além e apesar dos tempos lógico e cronológico,
investir na analógica temporalidade.
Porque não é mesmo com bons e belos
sentimentos que praticamos as literaturas e
artes performativas.
Resta-nos a beleza POR UM FIO: aprendizagem
dos desejos e prazeres no Espaço Experimental
do Recife Antigo. Apesar dos sofismas
natalino-carnavalescos. Apesar das ocultações.
Recife/dezembro/2014
Desafio
Governos democráticos, assentados em ampla e diversificada coalizão política, têm o desafio de preservar a amplitude e a pluralidade e ao mesmo tempo, apoiando-se num núcleo mais avançado, hegemônico na coalizão, avançar na consecução dos seus objetivos programáticos. Eis aí a chave do segundo governo Dilma.
Que sejam sempre
"Espírito natalino"... Que seja. Mas a solidariedade deve ser sempre - expressão elevada da condição humana que é.
18 dezembro 2014
Elo do nosso comércio esterior
Por que o Brasil está certo ao investir em Cuba
O investimento no Porto de Mariel amplia o alcance
do comércio e a área de influência do Brasil.
José Antonio
Lima, na Carta Capital
Causou certa indignação em determinados setores da sociedade brasileira
a inauguração do porto de Mariel, em Cuba, na segunda-feira 27, com a presença
de Dilma Rousseff. O espanto se deu por que a obra foi erguida graças a um
financiamento do BNDES, que data ainda do governo Lula. Atribui-se o
investimento a uma aliança ideológica entre os governos petistas e a família
Castro, responsável pela ditadura na ilha. É um equívoco ver o empréstimo desta
forma. Trata-se de um ato pragmático do Brasil.
O porto de Mariel é um colosso. Ele é considerado tão sofisticado quanto
os maiores terminais do Caribe, os de Kingston (Jamaica) e de Freeport
(Bahamas), e terá capacidade para receber navios de carga do tipo Post-Panamax,
que vão transitar pelo Canal do Panamá quando a ampliação deste estiver
completa, no ano que vem. A obra, erguida pela Odebrecht em parceria com a
cubana Quality, custou 957 milhões de dólares, sendo 682 milhões de dólares
financiados pelo BNDES. Em contrapartida, 802 milhões de dólares investidos na
obra foram gastos no Brasil, na compra de bens e serviços comprovadamente
brasileiros. Pelos cálculos da Odebrecht, este valor gerou 156 mil empregos
diretos, indiretos e induzidos no País.
A obra “se pagou”, mas o interesse do Brasil vai além disso. Há quatro
aspectos importantes a serem analisados.
O primeiro foi exposto por Dilma no discurso feito em Cuba. O Brasil
quer, afirmou ela, se tornar “parceiro econômico de primeira ordem” de Cuba. As
exportações brasileiras para a ilha quadruplicaram na última década, chegando a
450 milhões de dólares, alçando o Brasil ao terceiro lugar na lista de parceiros
da ilha (atrás de Venezuela e China). A tendência é de alta se a população de
Cuba (de 11 milhões de pessoas), hoje alijada da economia internacional, for
considerada um mercado em potencial para empresas brasileiras.
Esse mercado só será efetivado, entretanto, se a economia cubana deixar
de funcionar em seu modo rudimentar atual. Como afirmou o subsecretário-geral
da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Antonio
José Ferreira Simões, o modelo econômico de Cuba precisa “de uma atualização”.
O porto de Mariel é essencial para isso, pois será acompanhado de uma Zona
Especial de Desenvolvimento Econômico criada nos moldes das existentes na
China. Ali, ao contrário do que ocorre no resto do país, as empresas poderão
ter capital 100% estrangeiro. Dono de uma relação favorável com Cuba, o
Itamaraty está buscando, assim, completar uma de suas funções primordiais:
mercado para as empresas brasileiras. Não é à toa, portanto, que o Brasil abriu
uma nova linha de crédito, de 290 milhões de dólares, para a implantação desta
Zona Especial em Mariel.
Aqui entra o terceiro ponto, a localização de Mariel. O porto está a
menos de 150 quilômetros do maior mercado do mundo, o dos Estados Unidos. Ainda
está em vigor o embargo norte-americano a Cuba, mas ele é insustentável a longo
prazo. “O embargo não vai durar para sempre e, quando cair, Cuba será
estratégica para as companhias brasileiras por conta de sua posição
geográfica”, disse à Reuters uma fonte anônima do governo brasileiro.
Tendo em conta que a população cubana ainda consistirá em mão de obra barata
para as empresas ali instaladas, fica completo o potencial comercial de Mariel.
Há ainda um quarto ponto. Ao transformar Cuba em parceira importante, o
Brasil amplia sua área de influência nas Américas em um ponto no qual os
Estados Unidos não têm entrada. A administração Barack Obama é favorável ao fim
do embargo, como deixou claro o presidente dos EUA em novembro passado, quando
pediu uma “atualização” no relacionamento com Cuba. Ocorre que a Casa Branca
não tem como derrubar o embargo atualmente diante da intensa pressão exercida
no Congresso pela bancada latina, em sua maioria linha-dura. No vácuo dos EUA,
cresce a influência brasileira.
Grande parte das críticas ao relacionamento entre Brasília e Cuba ataca
o governo brasileiro por se relacionar com uma ditadura que não respeita
direitos humanos. Tal crítica tem menos análise de política externa do que
ranço ideológico, como prova o silêncio quando em destaque estão as relações
comerciais do Brasil com a China, por exemplo. Não há, infelizmente, notícia de
um Estado que paute suas relações exteriores pela questão de direitos humanos.
Se a regra fosse essa, possivelmente o mundo não seria a lástima que é.
Soma-se a isso o fato de que manter boas relações com Cuba é uma prática
do Estado brasileiro, não do governo atual. As relações Brasília-Havana foram
reatadas em 1985 e têm melhorado desde então. Em 1992, no governo Fernando
Collor, houve uma tentativa de trocar votos em eleições para postos em
organizações internacionais. A prática, como a Folha de S.Paulo mostrou
em 2011, continuou no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), sob o qual o
Brasil também fechou parcerias e intercâmbios com Cuba.
De fato, em 1998 o então chanceler de FHC, Luiz Felipe Lampreia, se
encontrou com um importante dissidente cubano, Elizardo Sánchez, algo que o
governo brasileiro parece muito distante de fazer. Pode-se, e deve-se, criticar
o fato de o Planalto sob o PT não condenar publicamente as violações de
direitos humanos da ditadura castrista, mas não se pode condenar o investimento
no porto de Mariel. Neste caso, prevaleceu o interesse nacional brasileiro.
Inclusão
Acesso de
estudantes pobres à universidade pública cresce 400% entre 2004 e 2013, informa
o IBGE. Em 2004, 20% mais ricos representavam 55% dos universitários da rede
pública e 68,9% da particular. Em 2013, proporções caíram para 38,8% e 43%,
respectivamente. Faz parte das conquistas sociais alcançadas nos governos Lula –Dilma.
Porto de Mariel, fator relevante
O que o Brasil pode ganhar com o fim da tensão Washington-Havana?
Flávia
Marreiro, no portal Fundação Mauricio Grabois
Dilma se torna interlocutora
preferencial do país caribenho, ao investir em infraestrutura logística (porto
e aeroporto) e entrada de empresas de alta tecnologia, devido a avanços locais
e mão de obra altamente escolarizada. Além disso, acordo com Castro mantém 11
mil médicos no Brasil.
Com a
histórica normalização das relações entre Estados Unidos e Cuba, o Brasil,
pelos sólidos laços com Raúl Castro, se transforma num interlocutor
privilegiado e larga na frente porque está perto de ver uma aposta controversa
se pagar: a construção do Porto de Mariel, nos arredores de Havana, com
financiamento do banco BNDES.
O porto,
construído pela Odebrecht com cerca de 700 milhões de dólares financiados pelo
banco brasileiro (que apareceu nas investigações relacionadas à operação Lava
Jato), é o maior investimento privado na ilha desde 1959. A Odebrecht, pelas
mãos do governo brasileiro, é também a primeira empresa privada autorizada a
operar uma usina de açúcar. E mais: está reformando os aeroportos da ilha.
O porto de
Mariel é um entreposto estratégico no Caribe, mas, por causa do embargo
econômico imposto por Washington, não pode ter seu potencial plenamente
aproveitado. Todo navio que passe por portos cubanos atualmente tem de ficar
numa “quarentena” de seis meses até poder atracar novamente em portos
americanos. Agora, essa limitação parece estar prestes a acabar.
O governo
brasileiro sempre insistiu que era preciso se apostar na obra, mesmo com a
limitação, para se posicionar bem na ilha comunista antes do fim do embargo. A
ideia do governo de Raúl Castro é que o Mariel, que será operado por uma
empresa de Cingapura, seja parte de uma "zona especial de
desenvolvimento", que receberá empresas produtivas e de logística.
Nisso o Brasil
também quer ter seu quinhão e já alguns anos discute a instalação de empresas
brasileiras na “zona especial”, que, guardadas as proporções, emulam as zonas
que a China criou há 30 anos para atrair investimento estrangeiro.
Há conversas
em tornos de uma empresa de vidros, a Fenavid, e empresas da área de
biotecnologia, um setor avançado em Cuba e o governo brasileiro já demonstrou
interesse em estabelecer parcerias.
Além de
produzir perto de mercado americano, há o fator de mão-de-obra. Para usar as
palavras do então chanceler brasileiro Celso Amorim em 2008, Cuba, por causa da
escolaridade alta da população, pode se transformar num “tigre asiático” da
América Latina.
Fora do campo
estritamente econômico, o Brasil se torna um interlocutor importante de Cuba
neste momento de mudanças quando a Venezuela, aliado carnal da ilha, enfrenta
crise econômica por causa da queda do preço do petróleo. Por fim, há cerca de
11 mil médicos cubanos, parte do programa federal Mais Médicos, uma parceria
fechada diretamente com o governo Raúl Castro.
Cuba vence
Decisão histórica
Eduardo Bomfim, no Vermelho
A decisão dos Estados Unidos de reatarem
relações diplomáticas com Cuba, após 53 anos, é um dos principais fatos
políticos, diplomáticos das últimas décadas, o início de reparação de uma das
maiores injustiças cometidas contra uma nação em todos os tempos.
Essa pequena ilha do
Caribe mostrou ao longo dessas cinco décadas uma inabalável firmeza de
princípios, tenacidade, perseverança, capacidade de resistência diante das
tremendas adversidades impostas por um bloqueio econômico, tecnológico,
cultural sem precedentes na História contemporânea.
Conseguiu superar dificuldades, sobreviver às grandes viragens da História mais recentes, como a debacle da União Soviética, do campo socialista ocidental, e através de tormentas geopolíticas, sociais, persistir fiel aos compromissos de transformar uma ilha caribenha a algumas poucas centenas de quilômetros do grande império do Norte em suas utopias por um mundo melhor.
Mesmo que em decorrência de fatores externos, internos, boicotes implacáveis, esse sonho de uma sociedade mais justa tenha se transformado, algumas vezes, em pesadelo para a sua população, que sofreu de várias formas o racionamento de alimentos, a falta de instrumentos tecnológicos praticamente banais no resto do mundo.
Mas o que é incrível é que Cuba por mais que padecesse de absurdas dificuldades, promoveu em várias áreas grandes avanços científicos como na medicina, erradicou o analfabetismo, ampliou a expectativa de vida da sua população a níveis superiores aos da maioria dos Países do planeta, comparando-se a uma seleta comunidade do primeiro mundo.
A história de Cuba, vítima de atentados a sua integridade territorial, sabotagem agrícola, industrial, comercial etc., inclusive ao seu líder Fidel Castro, que escapou ileso a um milhar de conspirações para assassiná-lo, é digna de um longo tratado sobre a arte de como não naufragar diante de tormentas formidáveis.
Não foi por acaso que Gabriel Garcia Márquez, como muitos outros intelectuais, artistas, teve como fonte de inspiração Cuba, o seu povo, líderes, sua têmpera feita de material singular tal qual seus contos plenos de realismo mágico, sensual, quase inexplicável.
Cuba é assim, não basta vê-la, é preciso mergulhar em seus mistérios insondáveis. Por isso ela sobreviveu. E assim ela vencerá.
Conseguiu superar dificuldades, sobreviver às grandes viragens da História mais recentes, como a debacle da União Soviética, do campo socialista ocidental, e através de tormentas geopolíticas, sociais, persistir fiel aos compromissos de transformar uma ilha caribenha a algumas poucas centenas de quilômetros do grande império do Norte em suas utopias por um mundo melhor.
Mesmo que em decorrência de fatores externos, internos, boicotes implacáveis, esse sonho de uma sociedade mais justa tenha se transformado, algumas vezes, em pesadelo para a sua população, que sofreu de várias formas o racionamento de alimentos, a falta de instrumentos tecnológicos praticamente banais no resto do mundo.
Mas o que é incrível é que Cuba por mais que padecesse de absurdas dificuldades, promoveu em várias áreas grandes avanços científicos como na medicina, erradicou o analfabetismo, ampliou a expectativa de vida da sua população a níveis superiores aos da maioria dos Países do planeta, comparando-se a uma seleta comunidade do primeiro mundo.
A história de Cuba, vítima de atentados a sua integridade territorial, sabotagem agrícola, industrial, comercial etc., inclusive ao seu líder Fidel Castro, que escapou ileso a um milhar de conspirações para assassiná-lo, é digna de um longo tratado sobre a arte de como não naufragar diante de tormentas formidáveis.
Não foi por acaso que Gabriel Garcia Márquez, como muitos outros intelectuais, artistas, teve como fonte de inspiração Cuba, o seu povo, líderes, sua têmpera feita de material singular tal qual seus contos plenos de realismo mágico, sensual, quase inexplicável.
Cuba é assim, não basta vê-la, é preciso mergulhar em seus mistérios insondáveis. Por isso ela sobreviveu. E assim ela vencerá.
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O poeta canta a permanência do amor
Foto: LS
Memória
Carlos Drummond de Andrade
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
muito mais que lindas,
essas ficarão.
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Crédito de confiança
No portal Vermelho:
Pesquisa: 52% da população aprova a maneira como Dilma governa
A confiança dos brasileiros na presidenta Dilma Rousseff cresceu e hoje
atinge 51% dos entrevistados, ante os 45% registrados em setembro. O percentual
da população que aprovou a maneira como Dilma governa o país atingiu 52%, 4
pontos percentuais acima dos 48% registrados na última pesquisa, divulgada na
primeira quinzena de setembro.
Os dados são da pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI) e foram divulgados nesta quarta-feira (17). Foram entrevistadas
2.002 pessoas, em 142 municípios, entre os dias 5 e 8 de dezembro. A margem de
erro da pesquisa é 2 pontos percentuais e o grau de confiança, 95%.
A aprovação do governo Dilma Rousseff voltou a crescer no último trimestre de 2014. Quarenta por cento dos brasileiros avaliaram o governo como ótimo ou bom, o que representa aumento de 2 pontos percentuais, ante os 38% registrados na pesquisa de setembro. O percentual dos entrevistados que consideram o governo regular caiu de 33%, em setembro para 32% na divulgação de hoje e o dos que avaliavam como ruim ou péssimo baixou de 28% para 27% nos períodos avaliados.
Entre os principais pontos positivos do governo, os entrevistados citaram o combate à fome e à pobreza e os investimentos em programas sociais. Os pontos negativos destacados foram o pouco investimentos em saúde e a falta de combate à corrupção.
Segundo o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, apesar de ter voltado a melhorar ao longo do último semestre, a popularidade da presidenta Dilma (composto pelos três principais indicadores da pesquisa) está abaixo dos resultados verificados durante os dois primeiros anos de governo, quando o percentual de aprovação da maneira de governar se manteve acima dos 60%, atingindo 79% em março de 2013. O pior resultado para Dilma foi registrado em junho de 2013, quando apenas 45% dos brasileiros aprovavam sua maneira de governar.
Para Fonseca, a melhora nos índices de aprovação no último semestre coincide com a última disputa eleitoral, o que sugere que o governo conseguiu convencer boa parte da população de suas qualidades, em detrimento de defeitos e denúncias, como as que envolvem o desvio de recursos da Petrobras.
"Aspectos positivos na área social vieram à tona muito fortemente durante a campanha eleitoral. E embora a população não esteja gostando de questões como saúde e corrupção e que 45% dos entrevistados lembrem das notícias sobre a Operação Lava Jato, a sociedade balanceou [as informações] e deu crédito ao que é mais importante na hora de avaliar o governo”, comentou Fonseca.
A aprovação do governo Dilma Rousseff voltou a crescer no último trimestre de 2014. Quarenta por cento dos brasileiros avaliaram o governo como ótimo ou bom, o que representa aumento de 2 pontos percentuais, ante os 38% registrados na pesquisa de setembro. O percentual dos entrevistados que consideram o governo regular caiu de 33%, em setembro para 32% na divulgação de hoje e o dos que avaliavam como ruim ou péssimo baixou de 28% para 27% nos períodos avaliados.
Entre os principais pontos positivos do governo, os entrevistados citaram o combate à fome e à pobreza e os investimentos em programas sociais. Os pontos negativos destacados foram o pouco investimentos em saúde e a falta de combate à corrupção.
Segundo o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, apesar de ter voltado a melhorar ao longo do último semestre, a popularidade da presidenta Dilma (composto pelos três principais indicadores da pesquisa) está abaixo dos resultados verificados durante os dois primeiros anos de governo, quando o percentual de aprovação da maneira de governar se manteve acima dos 60%, atingindo 79% em março de 2013. O pior resultado para Dilma foi registrado em junho de 2013, quando apenas 45% dos brasileiros aprovavam sua maneira de governar.
Para Fonseca, a melhora nos índices de aprovação no último semestre coincide com a última disputa eleitoral, o que sugere que o governo conseguiu convencer boa parte da população de suas qualidades, em detrimento de defeitos e denúncias, como as que envolvem o desvio de recursos da Petrobras.
"Aspectos positivos na área social vieram à tona muito fortemente durante a campanha eleitoral. E embora a população não esteja gostando de questões como saúde e corrupção e que 45% dos entrevistados lembrem das notícias sobre a Operação Lava Jato, a sociedade balanceou [as informações] e deu crédito ao que é mais importante na hora de avaliar o governo”, comentou Fonseca.
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