Luciano
Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10 e no portal Vermelho
Refiro-me ao ambiente social no qual as eleições acontecerão com data marcada para outubro.
Refiro-me ao ambiente social no qual as eleições acontecerão com data marcada para outubro.
Não há
registro de um pleito municipal sob tamanha instabilidade política,
institucional e econômica como este.
Mesmo
que em condições normais de tempo e temperatura seja um episódio político
essencialmente local, com raríssimos casos em que se deu a
"nacionalização" do debate, cabe supor que a atual cena nacional se
reflita tanto na postura das forças políticas em presença, como no
comportamento do eleitorado.
Há uma
histórica "separação", que o próprio eleitor faz entre o voto para o
poder executivo e o voto para as casas legislativas, nos três níveis
federativos.
Lula,
por exemplo, elegeu-se duas vezes presidente da República tendo que conviver
com uma composição do Senado e da Câmara de maioria de adversária.
Diz-se
que aí reside um dos fatores de permanente instabilidade do sistema
presidencialista conforme o praticamos no Brasil.
Nenhum
presidente governa sem maioria parlamentar, o que implica negociação com
partidos cujas bancadas não se sentem compromissadas com o programa de governo
do chefe do Executivo.
Isto
traz dificuldades à gestão administrativa e confere, em maior ou menor grau,
fragilidade à base de sustentação do governante.
O
segundo governo Dilma tem sido marcado pela exacerbação dessa contradição, a
ponto da presidenta ser submetida a um processo de impeachment, sem crime de
responsabilidade, como fruto direto da maioria parlamentar contrária.
Na
relação entre prefeitos e vereadores, essa contradição em geral se dá em nível
menos agudo, até porque a composição das Câmaras Municipais frequentemente
reflete a pulverização do voto para vereador e a extrema multiplicidade de
siglas partidárias representadas.
O fato
é que, nas atuais circunstâncias, ainda não dá para medir o tamanho da
influência do desgaste dos políticos, dos partidos e da prática política no
comportamento do eleitorado.
O foco
do eleitor médio, digamos assim, nas eleições municipais, tende a ser a figura
do candidato a prefeito, em quem busca atributos que lhe permitam certa margem
de confiança de que são capazes de gerir os destinos da cidade.
Provavelmente
as parcelas mais mobilizadas em função da crise nacional, tanto à direita como
à esquerda, tenderão, em certa medida, a "nacionalizar" o seu voto.
Mas a
grande maioria do eleitorado, que tem se mantido perplexa e insegura diante da
crise e suas consequências, certamente repetirá o comportamento de sempre, predominando
a visão localista do voto.
Assim,
as composições partidárias, município a município, refletirão a pluralidade de
visões acerca da crise nacional e diferentes matizes políticos e ideológicos.
Um
caleidoscópio que antes de causar estranheza precisa ser compreendido a luz da
realidade.
Que
assim seja, desde que as com posições se dêem em função de um programa comum
para o enfrentamento dos problemas cruciais da cidade.
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