01 junho 2016

Alianças caleidoscópicas

O ambiente que nos espera em outubro
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10 e no portal Vermelho

Refiro-me ao ambiente social no qual as eleições acontecerão com data marcada para outubro. 
Não há registro de um pleito municipal sob tamanha instabilidade política, institucional e econômica como este.
Mesmo que em condições normais de tempo e temperatura seja um episódio político essencialmente local, com raríssimos casos em que se deu a "nacionalização" do debate, cabe supor que a atual cena nacional se reflita tanto na postura das forças políticas em presença, como no comportamento do eleitorado.
Há uma histórica "separação", que o próprio eleitor faz entre o voto para o poder executivo e o voto para as casas legislativas, nos três níveis federativos.
Lula, por exemplo, elegeu-se duas vezes presidente da República tendo que conviver com uma composição do Senado e da Câmara de maioria de adversária.
Diz-se que aí reside um dos fatores de permanente instabilidade do sistema presidencialista conforme o praticamos no Brasil. 
Nenhum presidente governa sem maioria parlamentar, o que implica negociação com partidos cujas bancadas não se sentem compromissadas com o programa de governo do chefe do Executivo.
Isto traz dificuldades à gestão administrativa e confere, em maior ou menor grau, fragilidade à base de sustentação do governante.
O segundo governo Dilma tem sido marcado pela exacerbação dessa contradição, a ponto da presidenta ser submetida a um processo de impeachment, sem crime de responsabilidade, como fruto direto da maioria parlamentar contrária.
Na relação entre prefeitos e vereadores, essa contradição em geral se dá em nível menos agudo, até porque a composição das Câmaras Municipais frequentemente reflete a pulverização do voto para vereador e a extrema multiplicidade de siglas partidárias representadas.
O fato é que, nas atuais circunstâncias, ainda não dá para medir o tamanho da influência do desgaste dos políticos, dos partidos e da prática política no comportamento do eleitorado.  
O foco do eleitor médio, digamos assim, nas eleições municipais, tende a ser a figura do candidato a prefeito, em quem busca atributos que lhe permitam certa margem de confiança de que são capazes de gerir os destinos da cidade.
Provavelmente as parcelas mais mobilizadas em função da crise nacional, tanto à direita como à esquerda, tenderão, em certa medida, a "nacionalizar" o seu voto.
Mas a grande maioria do eleitorado, que tem se mantido perplexa e insegura diante da crise e suas consequências, certamente repetirá o comportamento de sempre, predominando a visão localista do voto.
Assim, as composições partidárias, município a município, refletirão a pluralidade de visões acerca da crise nacional e diferentes matizes políticos e ideológicos.
Um caleidoscópio que antes de causar estranheza precisa ser compreendido a luz da realidade.
Que assim seja, desde que as com posições se dêem em função de um programa comum para o enfrentamento dos problemas cruciais da cidade.

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