30 novembro 2017

Uma crônica para descontrair

Leitura de bordo
Luciano Siqueira, no Vermelho

É sempre assim, mesmo em viagens curtas: leio e escrevo sempre. Pelo prazer em desvendar o sentido das coisas e, confesso, para evitar a conversa nem sempre agradável de quem viaja no assento ao lado.

De viajantes incômodos tenho boa experiência acumulada. Tanto que desenvolvi modos próprios de me desvencilhar deles. 

Mas nem sempre com sucesso.

Como da vez que, por descuido imperdoável, admiti ser (ou ter sido) médico. O que me rendeu longa e entediante conversa com a jovem primípara, que me bombardeou com perguntas intermináveis sobre o futuro parto e cuidados com recém-nascidos. 

Ou quando eu lia 'O velho e o mar', de Ernest Hemingway, e o cidadão ao lado, que se dissera missionário evangélico (sem que eu o perguntasse), a ensaiar perguntas sobre a "terceira idade" e as praias do Nordeste!

Diante do meu evidente mau humor, enfim se tocou, cessaram as perguntas impróprias, porém me pediu "um livro para que eu também leia, se o senhor tiver aí". Vinguei-me passando às mãos do dito cujo um exemplar de 'Salário, preço e lucro’, de Karl Marx, que folheou, tentou ler algumas passagens e logo me devolveu.

Pois bem. Melhor mesmo é, tão logo me acomodar na aeronave, sacar da pasta um livro ou o iPad e me dedicar ao prazer solitário da leitura ou da escrita.

Agora mesmo manuseei rapidamente a revista da Gol e a refuguei de pronto.

O manuseio se prende às fotos, muito boas, que ilustram algumas matérias.

O refugo fica por conta da absoluta inutilidade (para mim) dos textos, um misto de "autoajuda" para empresários ou pretendentes a tal e, à guisa de reportagem, propaganda de hotéis e restaurantes de luxo.

Com licença da nostalgia, registro em ata minha saudade dos tempos em que líamos nas revistas de bordo gente como Luís Fernando Veríssimo e outros do mesmo naipe. Ótimas crônicas, puro deleite. 
Hoje em dia parece que os editores dessas revistas nos tratam como leitores frívolos, desprezíveis e meros consumistas. 

Verdadeiro oásis é alguma entrevista ocasional com personagem digno de atenção, como o ator Lázaro Ramos, por exemplo, que pude ler alguns meses atrás.

Feito o registro, dêem-me licença que vou concluir a leitura de 'Sobre a China', de Henry Kissinger e encarar o novo romance de Milton Haroum, 'A noite da espera'.

Boa viagem!


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29 novembro 2017

Bom que se esclareça

Estadão: ‘Depoimento no Caso Fifa volta a ligar TV Globo a pagamento de propina.’ [Custa nada investigar, né? No mínimo se esclarecerá o assunto.] 

Já era

“Em Pernambuco, quem não é Cavalcanti é cavalgado”. Isso foi antigamente. Hoje a arrogância e a presunção não ganham eleição.

Debate necessário

Entre quem banca e quem precisa
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Não se trata de sincronia entre esses dois elementos, antes uma dissonância, abissal dissonância. 
No Brasil de hoje, quem banca é o Mercado; enquanto a nação e o povo é que precisam. Em direções diametralmente opostas.

A lógica do Mercado é a da ultrafinanceirização — mundo afora e aqui. Da ruptura da bolha imobiliária em 2008, nos EUA, aos pesados investimentos dos bancos centrais na Europa para salvar bancos privados e a regressão de direitos visando à redução dos custos de produção e a recuperação da taxa média de lucro e, portanto, da capacidade de reinvestimento. Tudo sob o modelo do enfraquecimento dos Estados nacionais e o borramento de fronteiras soberanas.

No outro extremo, a lógica é a do Estado imprescindível como indutor do desenvolvimento e a inclusão produtiva como fator de redução da pobreza e de valorização do trabalho. Não há solução para a crise global aprofundando o apartheid social.

Esse é o pano de fundo das eleições gerais no Brasil, em outubro de 2018. 

Por enquanto, a dimensão dos problemas e o acirramento das contradições parecem ser maiores do que a capacidade subjetiva das correntes políticas em presença.

Nem a reverberação do passado recente dá conta dos desafios atuais, nem a trama midiática artificiosa. Ferir os problemas centrais e apontar respostas consistentes e factíveis é imprescindível.

Por enquanto, prevalece a dispersão — tanto no campo das atuais forças governistas como na oposição.

Na oposição, sobretudo as pré-candidaturas de Lula (PT), Ciro (PDT) e Manuela (PCdoB) são chamadas a darem um passo adiante na construção de plataformas, que podem se cruzar desde o primeiro turno, ou não.

Entre os governistas, obedientes antes de tudo aos ditames do Mercado, experimentam-se fórmulas discrepantes, que envolvem ensaios de possíveis outsiders a nomes tradicionais do PSDB e do PMDB, que alguns imaginam possa ser o próprio Temer. Ou o seu mentor, o ministro Meirelles.

Alckmin, pelo PSDB, vem insinuando ideário a um só tempo "de direita e de esquerda". Ou, melhor dizendo, um programa frankstein. Ideias que transitam nos interesses antagônicos entre quem banca e quem precisa. Dificilmente colará. 

Uma coisa é atrair forças situadas ao centro como aliadas, fieis da balança do jogo eleitoral. Outra coisa é empolgar o eleitorado com programa centrista numa sociedade a cada dia mais polarizada entre interesses extremos.

O buraco é mais embaixo, como se costuma dizer. E implica amplo debate desde já.

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28 novembro 2017

Bobagem

“Alckmin presidirá o PSDB, portanto será o próximo presidente da República” — dizem ‘analistas’. [Ridículo. Falta combinar com o povo, ora!]

Engodo

Na política, o ‘novo’ necessariamente não é o ‘melhor’; depende do conteúdo. Por exemplo, o desistente Luciano Huck. 

27 novembro 2017

Nosso chão

A cada desistência de um suposto outsider, confirma-se que a negação da política no Brasil esbarra na realidade concreta —muito mais dura, instigante e radicalizada do que as frias sociedades europeias.

Decadente

Com todo respeito à sul-africana Demi-Leigh Nel-Peters, recém-eleita, existe algo mais ultrapassado do que o concurso de Miss Universo?

Fez por onde

Folha de S. Paulo se queixa, em editorial, que a Operação Lava Jato perdeu a aura de ‘intocabilidade’. [Há que se reconhecer que, partidarizada,  inúmeras são as razões para tanto.]

Opressão

“A desigualdade racial não é uma questão de classe, é uma questão de oportunidade “, diz a ‘especialista’. Errado, moça. Justamente a opressão de classe impede oportunidades iguais para todos. 

26 novembro 2017

Poesia sempre

Quase um Poema de Amor
Miguel Torga

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor. 

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24 novembro 2017

Crise de perspectiva

Sociedade do desencanto
Eduardo Bomfim

Ao final da década de 90 passada, o historiador britânico Eric Hobsbawm expressou a preocupação na sua obra O breve século XX o temor de que as novas gerações fossem levadas a uma espécie de presente contínuo, sem referências do passado nem a perspectiva de futuro.

De lá para os dias atuais suas previsões mostraram-se corretas, mas as coisas foram bem mais além, porque como diz recente estudo europeu, no século XXI emergiu uma nova constatação: desde o final da Idade Média, pela primeira vez os mais jovens deixam de ter alguma esperança no futuro.

Afirma o referido estudo “o individualismo pós-moderno, a globalização financeira, vêm debilitando o desenvolvimento dos povos”, à exceção de alguns países como a China, com seu grande salto econômico, e a Rússia, como novas potências globais etc.

Na verdade, a civilização ocidental vem mergulhando em uma crise sem precedentes, conduzida a uma fragmentação dos vínculos entre as pessoas, no seio do próprio corpo social, no sentimento de pertencimento a uma comunidade nacional etc.

A globalização financeira, com sua agenda do politicamente correto, negação ao desenvolvimento dos países, vem promovendo ataques contra os estados nacionais e às respectivas sociedades civis, especialmente aqueles com destacado protagonismo como o Brasil, o quinto maior País do planeta, com dimensões continentais, mais de 200 milhões de habitantes, sétima economia do mundo, riquezas naturais estratégicas.

Existe um óbvio processo de tentativa de controle, através da interconectividade das redes, no mundo digital, dos extratos sociais mais propensos à tomada de consciência tanto do presente quanto ao futuro do País, uma clara fratura coletiva pautada pela grande mídia global.

Na promoção do ódio de uns contra todos e todos contra qualquer um, em selvagem canibalismo cultural e ideológico.

Na indução de agendas de grupos destituídas de qualquer horizonte de construto unificado e negação histórica do País, através de movimentos quase sempre financiados por ONGs, como a Open Society do megaespeculador financeiro George Soros. Onde tudo é permeável por um discurso efêmero, mutante e descartável.

Um projeto de Brasil exige, além de propostas concretas, factíveis via soluções políticas amplas, a luta de ideias contra o obscurantismo dos tempos atuais.

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Contra o povo

Chegam a 14,5 bilhões benesses de Temer para comprar votos de deputados em favor da reforma previdenciária. Contra o povo.

23 novembro 2017

Uma crônica para descontrair

Produtivos lapsos de insônia 
Luciano Siqueira, no Vermelho


Uma velha amiga me confidencia que, quando muito jovem, sonhava em poder dormir até mais tarde sem precisar levar as crianças à escola, no início da manhã.

Agora que a idade chegou e que já não tem crianças em casa, o sono é pouco e rarefeito.

Ou seja, até em matéria de dormir bem tudo tem o seu tempo. Saber lidar com essa estranha cronologia é um desafio.

Creio que pelo hábito de dormir pouco, que conservo desde a adolescência, gastei muito menos horas de sono do que a maioria dos viventes e agora, como uma espécie de punição, dei para sofrer com lapsos de insônia.

Acontece assim. No meio da noite, sem ter nem pra quê, perco o sono por umas duas ou três dezenas de minutos e me deparo com uma espécie de monólogo, com pauta bem definida.

Leia também: De volta à Idade Média https://bit.ly/3bAk6iT

Tem vez que continuo a reflexão do dia anterior sobre um problema de governo, uma questão de ordem política ou teórica que vem me acicatando a mente ou mesmo sobre lances do bom jogo de futebol, que vi na TV.

Os temas até que são prazerosos. Ruim é a sensação de que despertarei no início manhã com a desagradável sensação de que fiquei devendo uma cota de repouso ao meu já sambado corpo e ao sempre irrequieto espírito.

Mas bem que poderia ter uma pauta mais suave. Ao invés de problemas pendentes, quem sabe versos de Neruda, ou de Drummond, ou de Bandeira ou de Mia Couto, ou um trecho de boa crônica de Rubem Braga ou uma canção de Lenine ou Chico.

Não sei por que razão, minha sina é ter os lapsos insones ocupados invariavelmente por temas mais densos ou áridos.

Então, resolvi tirar proveito do estranho fenômeno. A depender do assunto que venha à tona, faço mentalmente o esboço do meu próximo artigo ou crônica. Ou do roteiro de uma intervenção num debate próximo.

Aqui mesmo, confesso a vocês que me brindam com a generosidade de me lerem, vários dos meus últimos textos foram "rascunhados" em plena madrugada, naquele vácuo que antecede a volta ao reino de Morfeu.

Apenas lamento não ter o dom dos poetas para poder dizer, como Carlos Pena Filho: “Lembranças são lembranças, mesmo pobres,/olha pois este jogo de exilado/e vê se entre as lembranças te descobres.”


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22 novembro 2017

O prazer da fotografia

Cena urbana: no Museu do Amanhã, RJ, somos todos fotógrafos (Foto: LS) #cenaurbana #lucianosiqueira lucianosiqueira.blogspot.com

Manobra inconsistente

Mudam-se rótulos, mas não o produto
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Óbvio que todo partido político é livre para se posicionar como bem entender, inclusive mudando o nome, a sigla, a cor e o símbolo (se tiver).

Mas é no mínimo esquisita a onda (que alguns críticos chamam de camaleônica), que já envolve quase uma dezena de legendas, abertamente justificada (sic) com o intuito de enfrentar o desgaste da forma partido.

Se não muda o conteúdo, alterar apenas o rótulo fica parecendo engodo; tentativa de iludir o eleitor.

Karl Marx dizia que se a aparência fosse igual à essência não haveria necessidade da ciência. Ou seja, sempre se faz necessário ir mais a fundo no exame de uma coisa ou fenômeno para revelar sua verdadeira substância.

No caso desses partidos que se enfileram na mudança de aparência, no Brasil de agora, nem precisa tanto rigor científico.

Alguns acoplam a mudança de nome a uma pretendida candidatura de outsider à presidência da República. Duplo engodo.

No fundo, pretendem — fazendo de contas de que deixaram de ser partidos políticos e se transformaram numa outra coisa, ainda anódina e inominada, ostentando uma espécie de nome fantasia (como se faz com produtos comerciais) — reforçar a campanha de negação da política que grassa no Brasil e mundo afora, na esteira da crise sistêmica (e de perspectiva) que eclodiu em 2008 e não apresenta solução à vista.

O capital monopolista financeiro, que dita as regras, não oferece saída dentro de parâmetros que respeitem o valor do trabalho, os direitos fundamentais das pessoas nem a inserção social produtiva. Cumpre, então, negar a possibilidade de pactos mediados pela política.

E como algumas aventuras deram certo, pelo menos em termos imediatos, como a eleição do atual presidente da França, Emmanuel Macron, aqui crescem os olhos de alguns que, carentes de substrato político e ideológico, se rendem aos artifícios midiáticos e, inclusive, no mundo do espetáculo tentam inventar uma candidatura dos seus sonhos. Criam novos rótulos, mas não o conteúdo.

Resta saber se esse tipo de manobra terá aderência na maioria do eleitorado brasileiro — carente de propostas consistentes e compreensíveis, que lhe renovem a esperança.

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21 novembro 2017

Previdência

Governo quer votar reforma da  Previdência até dezembro. Resistir é preciso. Já!

Arrogância & presunção

Devagar com o andor que os tempos são outros
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Cá com meus botões e olhar de modesto, porém vivido observador, causa-me espécie ver pretendentes à disputa majoritária no próximo pleito se apresentarem em público ostentando desmedida presunção.

Um, que almeja presidir o país, reedita a velha e frustrada fórmula de deitar sentença sobre como deve o Nordeste, e Pernambuco em particular, percorrer o caminho da recuperação econômica desconsiderando o lastro alcançado no recente impulso de crescimento - quando dos governos Lula-Eduardo Campos - e insinuando indicativos vagos e descolados de nossa realidade.

Como se completar a integração intra-regional, valer-se do grande volume de capital fixo recém-investido, operar a infra-estrutura moderna e, ao mesmo tempo, retornar às políticas de inclusão social produtiva dependendo quase que somente do desempenho da Bolsa de Valores.

É o que Miguel Arraes criticava como enxergar o Brasil com o olhar da Avenida Paulista. 
Muito distante do que somos e do que precisamos ser, sem a menor sensibilidade para a imensa diversidade regional que marca a sociedade brasileira.

De outra parte, na lide local, a proclamação prévia de postulação vitoriosa (sic) ao governo estadual, a quase um ano da peleja, mostra-se risível. Mais do que isso: um traço de prepotência sob todos os títulos em desacordo com o tempo que vivemos.

Subproduto da múltipla crise que o país atravessa, a descrença e a desconfiança em relação às instituições e instâncias político-partidárias, muitas lideranças inclusive, estamos diante de um eleitor agora arredio e, quem sabe, quando sensibilizado e predisposto a exercer a sua cidadania, estará mais atento a uma indispensável coerência entre a palavra e o ato.

Com o se a retórica supostamente aguerrida fosse suficiente para recuperar o estado das consequências da agenda neocolonialista e socialmente regressiva do governo Temer.

Aliás, a presunção da vitória fácil na pele de quem expressa, no conteúdo e na forma, a imagem do atual governo central não passa disso mesmo: presunção.

Sem querer meter o bedelho no terreiro dos outros, para o bem da democracia e em favor do enfrentamento consistente e responsável dos problemas que afligem o Brasil e Pernambuco, bom seria baixar o tom, clarear as ideias e caminhar com mais respeito aos demais contendores. 

Afinal, quem se dispõe a carregar tão frágeis andores não pode desconhecer obstáculos e oponentes, sob pena de tropeçar na primeira esquina.

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Desastre social

Cerca de 30% dos brasileiros com menos de 25 anos estão sem trabalho, pior índice em 27 anos. [Economia não pode seguir sob ditames do mercado financeiro].

20 novembro 2017

Competente e hábil

"Não se combate o crime com jargão de internet"
Folha de S. Paulo, 20.11.17
Confirmada oficialmente neste fim de semana como pré-candidata à Presidência, a deputada estadual Manuela D'Ávila (PC do B-RS), 36, elenca como um dos principais eixos de sua campanha a questão da violência.
Coincidência ou não, tema ligado ao concorrente que gravita no campo político oposto ao seu, Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Ela diz que as propostas do rival se resumem a "jargões de internet". E defende a candidatura de Lula (PT).
Para Manuela, o juiz Sergio Moro o condenou sem "nenhuma prova". Ela lista ainda algumas de suas propostas na economia -elevação do investimento público e controle de juros e câmbio.
*
Folha - O PC do B nunca teve candidato a presidente no atual período democrático, é o 14º partido na Câmara, governa apenas um Estado e terá tempo mínimo na TV. Acha que tem chance de vencer?
Manuela D'Ávila - Acho que sim, sobretudo em um momento de crise política e econômica tão aguda, o que pode fazer com que as pessoas escolham nossa candidatura.
Temos dois grandes centros. O primeiro é a retomada do crescimento econômico. O outro é a ideia da unidade. Vivemos um período em que a ideia de viver em paz é algo tão importante quanto o controle da inflação foi no início da década de 1990.
Não é só viver em segurança, é viver sem todos os tipos de violência, com qualidade na escola. É ter trabalho.
Em caso de vitória, o que faria de diferente em relação aos anos do PT?
O tema da indústria 4.0, por exemplo, é algo diferente. Podemos nesse novo ciclo pensar na indústria de uma outra forma, mais ousada. Tudo que junta emprego de mais qualidade, inovação.
Também trabalharia com mais centralidade o tema da violência urbana e a ideia de que é preciso garantir paz para as pessoas trabalharem, estudarem e pensarem suas vidas.
Participamos daquelas experiências, elas construíram muitas transformações no Brasil e a gente tem orgulho disso. Mas não existe como pensar repetir em 2019 algo que começou em 2002. Tivemos entre 2002 e 2019 dez anos de uma das maiores crises da economia no mundo.
Caso Lula seja condenado em segunda instância, a sra. defende que seja aberta uma exceção para que ele possa se candidatar?
Eu defendo que o presidente Lula receba o tratamento que defendo para todos os brasileiros. Que as pessoas só sejam condenadas quando provas forem apresentadas. Todo o processo de julgamento dele é construído com uma base não sólida. Não há nenhuma prova.
A sra. acha que a sentença do juiz Moro foi equivocada?
Não há provas. Não sei o que vai acontecer lá [na segunda instância] e não gostaria de comentar o futuro. O que acho é que a eleição sem o Lula seria um episódio de agravamento da crise política.
Descarta abandonar a sua candidatura para fazer uma aliança com o PT, como vice?
Não descarto absolutamente nada, em nenhuma dimensão da minha vida. Aprendi que precisamos estar abertos às possibilidades. Isso significa que minha candidatura não é para valer? Não. Minha candidatura foi construída porque acreditamos que temos saídas para o Brasil.
Aceitaria apoio dos que trabalharam pelo impeachment de Dilma?
Em 2018 é o momento de debatermos o futuro do Brasil. Meu partido tem muito claro que ocorreu um golpe em 2016. Não só pelo impeachment, mas porque o programa que venceu as eleições foi rasgado. Mas não podemos viver eternamente amarrados a 2016, o Brasil vive uma crise severa.
Embora diga não ter tratado diretamente com a sra., um dos delatores da Odebrecht diz ter repassado valores para campanhas suas, "de maneira oficial e não oficial". A sra. os solicitou?
Eu recebi oficialmente ajuda dessa empreiteira. Tem oficial e eu que pedi. Era a regra da eleição brasileira.
Ele pediu alguma forma de contrapartida?
Não, tanto que nem está no âmbito da Operação Lava Jato, está no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. Não teria o que pedir e não pediria.
Pretende ser a candidata antagonista a Jair Bolsonaro?
Todos os candidatos com propostas democráticas para o Brasil e saídas para a crise são antagônicos às candidaturas que não apresentam saídas para a crise. Existem pessoas que tentam aglutinar sentimentos que precisamos superar nas eleições, sobretudo medo e ódio. Fomentar medo e ódio no povo brasileiro não resolverá os problemas que vivemos. Acho que temos outras pautas para tratar no país diferentes das que ele [Bolsonaro] sugere. Eu quero debater segurança pública de verdade. Com reflexões sobre o papel dos policiais, como eles podem ser valorizados, como podemos devolver a legitimidade das polícias para o povo mais pobre, como podemos combater o extermínio de jovens negros. E a gente não vai fazer isso repetindo jargão de internet, né?
A sra. propõe referendos sobre a reforma trabalhista e a proposta que congelou os gastos federais. O Congresso não representou a vontade popular nesses casos?
São matérias relevantes para serem discutidas como foram, sem um mínimo pacto com a população. Não fizeram parte de nenhum programa de governo. Surgiram em um governo sem legitimidade.
Qual será a política econômica de um eventual governo do PC do B?
Queremos discutir juros, câmbio, planos de obras públicas. O Brasil tem a tradição de baixos investimentos privados. Então o investimento público, o Estado como indutor da economia, é algo que historicamente ocorreu nos nossos melhores ciclos econômicos. Juros mais baixos, uma espécie de câmbio controlado. Achamos hoje que os juros e os câmbios não servem ao interesse do povo brasileiro.
A sra. defende alguma mudança na legislação do aborto, trataria de homofobia?
Defendo que o aborto seja tratado como um problema de saúde pública, é a segunda causa de morte materna.
Sobre a homofobia, precisamos criminalizar aquilo que é crime. Mas não acredito que a mera criminalização resolva, precisamos implementar políticas públicas de transformação da cultura.
Mas haverá um embate com a bancada religiosa.
Não acho. Existem representações que são mais radicalizadas do que a base. Acho que o povo evangélico, povo cristão, minha origem é cristã, é um povo que acredita no amor ao próximo.
É o povo que tem como ensinamento máximo a ideia de Cristo com Maria Madalena. Cristo é o homem que acolheu Maria Madalena, o que impediu que as pedras fossem jogadas.
Que lições tira da Revolução Russa?
Como militante do PC do B, a principal lição é a ideia de que não existem modelos para serem seguidos de uma nação para outra.
A Revolução Russa marcou o século passado, é a revolução das artes, da psicologia, dos satélites, pôs
fim ao nazi-fascismo, os russos não jogaram a bomba atômica.
Stálin, os expurgos?
Eu acho sempre algo artificial debater um país sem debater o mundo. Debater o que foi o stalinismo é debater o que foi o nazismo, o que foram Hiroshima e Nagasaki.
Era um mundo de guerras, era um mundo de mortes. E é esse mundo que nós não queremos que volte.
Hoje só cinco países se declaram comunistas. A sra. se espelha em alguns deles?
Eu não me espelho, mas a China hoje é o motor da economia do mundo. Não é espelho, não é modelo, mas acho que temos sempre que buscar referências de transformações positivas.
Mas direitos humanos lá seriam uma referência?
Direitos humanos são um problema do mundo hoje. Como é que vive todo o Oriente Médio sobre as guerras? Como é que tratam os refugiados na Europa?

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Crueza

Fórum Brasileiro de Segurança Pública: negros são 54% da população e 71% das vítimas de homicídio. [Retrato dramático da discriminação racial]. 

17 novembro 2017

Desigualdade

A marca da desigualdade e da discriminação: 63,7% dos 13 milhões de desempregados no Brasil são pretos ou pardos.

16 novembro 2017

Manu na IstoÉ

Manuel D’Ávila: “Não há alternativa fora da política”
Revista IstoÉ, por Octávio Costa

Ao nascer sua filha Laura, a deputada estadual Manuela D’Ávila, da Assembléia gaúcha, comunicou à direção do PCdoB que dedicaria 1000 dias de exclusividade à primogênita. Só assumiria compromissos oficiais vencido esse prazo. Viu-se, porém, forçada a antecipar o fim da quarentena por motivo de força maior. Laura ainda tem dois anos e dois meses, mas Manuela foi convocada por seu partido para disputar a Presidência da República em 2018. Aos 36 anos e 20 de militância, a ex-deputada federal assumiu a missão com muito gosto. “O PCdoB tem grandes nomes e eu me sinto honrada por ter sido a escolhida”. Diante da tendência mundial de se buscar nomes sem vínculos partidários, ela afirma que “é contraditório dizer que alguém fora da política vá resolver a crise brasileira”. Quanto aos comentários de que o PCdoB vai retirar a candidatura própria no caso de o ex-presidente Lula concorrer, Manuela descarta tal decisão: “Minha candidatura tem relação com nossas bandeiras. A unidade com o PT pode se dar no segundo turno”. Pelo visto, a pequena Laura terá de dividir a presença de sua mãe com a campanha à Presidência.
Sua candidatura é para valer mesmo ou é uma tentativa de marcar posição?
O País tem 13 milhões de desempregados, 60 mil pessoas perdem a vida por morte violenta, no trânsito ou por arma de fogo. Seria muita irresponsabilidade lançar uma candidatura só para marcar posição. O PCdoB é um partido com uma história muito longa e de muita responsabilidade. Nós temos 95 anos de vida política. Apenas uma vez pela sigla, lançamos candidatura à Presidência, com o Yedo Fiúza (ex-prefeito de Petrópolis-RJ) em 1945. Não faríamos uma candidatura apenas para marcar posição. Achamos que é o momento de nós apresentarmos saída para a crise.
Não é uma responsabilidade muito grande para a senhora sair como presidente?
Sempre acho as responsabilidades que o meu partido me deu muito grandes. Para qualquer brasileiro ou brasileira, a responsabilidade de ser pré-candidato a presidente é infinitamente grande. Para mim, não é maior
do que para nenhum outro que tenha noção das responsabilidades e dos desafios que é pensar o Brasil e discutir a saída da crise para com o nosso povo.
Por que escolheram o seu nome já que o partido tem quadros históricos?
Eu tenho 20 anos de militância no partido e acredito que nossa direção avaliou todos os nossos nomes. Tínhamos muitos outros nomes com qualidade política: como é o caso de Jandira Feghali (deputada federal) e da senadora Vanessa (Grazziotin). O próprio governador do Maranhão, Flávio Dino, poderia ser um nome natural. Mas achamos que o desafio dele no Estado é muito grande e pedimos para que ele não concorresse à eleição. A direção do partido, então, chegou à conclusão de que eu aglutinaria as melhores condições nesse momento. Para mim, é motivo de muita honra.
Qual é a principal bandeira da sua campanha?
O centro do debate da eleição deve ser as saídas para a crise e a construção de uma unidade da nação, que nós chamamos de frente ampla e popular, para unir o país, nosso povo, em torno de saídas para a crise. Acreditamos que é importante que o país debata a retomada do seu crescimento. Qual o papel do Estado na retomada desse crescimento. Defendemos também o debate profundo sobre medidas que Temer tomou e que prejudicam as cadeias produtivas mais dinâmicas do Brasil e a indústria nacional, como é o caso da TJLP (taxa de juros de longo prazo) e das operações no BNDES. Esse debate tem muito a ver com a nossa juventude. A gente tem uma leva de jovens brasileiros que acaba deixando o País pelo processo de desindustrialização. Queremos debater como nós vamos fazer para encontrar saídas enquanto nação.
Num programa recente, o PCdoB deu muita ênfase à questão do capital estrangeiro. Fez lembrar as músicas da UNE com menção ao “entreguismo”. A senhora acha que esse é um ponto importante?
Quando falamos sobre a revogação dessas medidas de Temer, a gente discute justamente isso: o que o Temer tem feito com a economia brasileira. Como essas saídas vão reforçar a nação, garantir a nossa soberania e desenvolvimento? Não existe nação desenvolvida sem soberania e sem indústria. É preciso investir nas nossas indústrias.
A senhora deve ser a candidata mais jovem. Acha que isso pode atrair o apoio dos jovens a sua candidatura?
Como a política brasileira é composta por gente muito acima da minha idade, parece que estou sempre jovem. Acho que os jovens brasileiros têm preocupação em qual país eles vão viver. A eleição não pode ser um espaço de acirramento de crise, mas um espaço de construção e soluções. Os jovens terão interesse em discutir isso porque nós também temos essa preocupação.
Ao mesmo tempo, fala-se muito da tendência de buscar um nome novo para a política, o que faz surgirem nomes fora da política, como o do apresentador Luciano Huck. A senhora acha que isso pode prejudicar sua campanha?
Todos esses nomes merecem respeito. Mas a gente precisa entender que não existem nomes por fora da política. O problema do Brasil é político. Não vai se resolver essa crise por fora da política. É contraditório dizer que alguém fora da política vá resolver a crise brasileira. Essa pessoa não vai se sentar com os presidentes de outros países? Não vai se sentar com setores econômicos do nosso país? Isso é fazer política.
O PCdoB tem 95 anos e, além disso, é um partido marxista. Isso não conflita com a atual tendência de se buscar nomes novos na política?
Eu acho que nós somos o novo. A crise que estamos vivendo é a crise do capitalismo, esse sistema que tem
levados milhares de jovens brasileiros à morte, por causas violentas, que se mantém a partir da desigualdade social.
A senhora é marxista?
Eu sou. Se não fosse, não seria filiada ao PCdoB desde os meus 16 anos.
A Revolução Russa nesse cenário ainda serve de exemplo para sua militância política?
Marcou esse século. Óbvio que nos inspira. Mas os erros do processo da revolução também nos ensinam. Tem gente que não aprende com os erros. Sobretudo, aqueles que tentam repetir as saídas para a crise iguais as de 1929. Não há modelo de socialismo de um país para o outro. Foi isso que aprendemos com a Revolução Russa.
Se o ex-presidente Lula tiver a candidatura confirmada, a senhora vai continuar com a sua?
Nossa candidatura não tem relação com os debates dos outros partidos. Ela é fruto da relação com as nossas bandeiras: dos problemas que nós identificamos no Brasil e das soluções que nós acreditamos serem possíveis para o país. A não participação de Lula no processo eleitoral seria o símbolo do agravamento da crise institucional. Essa unidade com o PT pode se dar num segundo turno das eleições.
Mas essa decisão não seria da senhora. Seria da direção do partido?
Todas as decisões nossas são do partido. Como aconteceu na minha candidatura. Fazemos as coisas de forma coletiva. Isso é o mais adequado: que as pessoas não se julguem salvadoras da pátria. Não sou uma candidata de mim.
A senhora afirmou que não admitiria ser vice do Lula. Por quê?
Não falei isso. Falei que sou candidata a presidente. Ninguém se lança candidato a presidente, com o seu programa, para ser vice.
Existe um fato novo nessa eleição que é um candidato assumidamente de direita, com posições que batem de frente com o pensamento da esquerda, que é o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Como a senhora avalia a candidatura dele?
Na verdade, ele bate de frente com as ideias de uma direita liberal. Representa um tipo de direita que é ultraconservadora e que beira o fascismo. Muitas vezes, se manifesta dessa forma. Ele fere tudo que nós conquistamos de positivo, do respeito às instituições, do reforço aos direitos individuais. O mais grave nisso é a ideia de que a crise não tem uma saída e que precisa ser acirrada. Isso que ele estimula na sociedade.
A senhora acha que a candidatura dele não prospera?
Eu acho que, na hora que começarmos a fazer um debate sobre o Brasil, as pessoas perceberão que ele é uma antítese da esperança que nós precisamos ter para a construção de um Brasil melhor. Ele é o agravamento da crise.
E quanto aos tucanos, que são tradicionais adversários, sempre no segundo turno contra o PT, a senhora acha que pode ocorrer novamente esse enfrentamento?
É uma eleição absolutamente aberta. Não me precipitaria em fazer uma análise sobre esse bolo todo de uma eleição que ainda não tem nem o seu primeiro turno consumido, com todas as peças.
Os candidatos principais do PSDB, que são o prefeito João Dória e governador Geraldo Alckmin, têm a
vantagem de sair de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país…
Eles nem se acertaram entre eles. Como é que a gente vai falar sobre a candidatura deles?
A senhora tinha largado Brasília dizendo que queria voltar a sua terra. Como é que se explica sua entrada numa disputa acirradíssima e que envolve a possibilidade de voltar à capital federal?
Adoro ser deputada estadual. Voltei para cá porque tenho compromisso com meu estado, que vive uma situação econômica bastante difícil. Não concorri à prefeita e nem para deputada federal porque minha filha tinha seis meses de vida. Eu achava que aquilo seria errado para o que eu acredito sobre a maternidade. A minha filha agora tem dois anos e dois meses. Ela já conversa. Ontem (quinta-feira 8), quando eu fui a Brasília, ela me mandou um vídeo dizendo: ‘a mamãe tá num trabalho grande’. Quase se passaram os meus 1000 primeiros dias (de exclusividade à primogênita). Como, por duas vezes, eles foram acolhedores com as minhas decisões pessoais, eu também achei que era o momento de eu ouvir o debate que eles estavam fazendo sobre o meu nome com tranquilidade.
Como a senhora pretende lidar com a questão do machismo?
A gente não lida. A gente enfrenta o machismo. O tempo inteiro, nós vivemos com isso. Não tenho orgulho de dizer isso, mas eu me tornei alguém forte para lidar com o machismo porque eu tenho mandato desde os 22 anos.

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Com a cara de nossa gente

PCdoB indispensável
Luciano Siqueira, no Vermelho e no Blog do Renato

Ariano Suassuna dizia que quando ouvia alguém negar a distinção entre direita e esquerda, logo reconhecia no declarante um ex-militante de esquerda.

Observação semelhante cabe a respeito de quem afirma que partido político da natureza do PCdoB já não é necessário, seu tempo histórico findou.

Partindo de quadro político tarimbado, de prolongada militância, vai nessa falsa assertiva a negação da perspectiva revolucionária, acomodamento ao status quo (visto como modificável apenas parcialmente) e opção por projeto de natureza individualista, de curto descortino. 

Mas o fato é que nas novas e complexas condições da luta emancipadora, mais do que nunca é necessário um partido assentado na teoria marxista-leninista, movido pelo ideal socialista, ousado no esforço de elucidar os fenômenos atuais — sem esquemas rígidos ou dogmatismo — e determinado a recriar alternativas e formas de luta. 

Mais do que necessário, imprescindível.

É sob essa aura que o Partido Comunista do Brasil realiza o seu 14° Congresso no próximo fim de semana, em Brasília. 

Ainda limitado em sua força organizativa, é verdade, porém teórica e politicamente amadurecido e apto a encarar, nas circunstâncias brasileiras, a nova luta pelo socialismo.

Reafirma princípios e se renova para dar conta das transformações que se operam em sua base social — o proletariado — sob a quarta revolução industrial.

Reúne sustança programática e experiência tática.

Transfere gradativamente seu comando dirigente, com êxito, às novas gerações de quadros.

Comparece ao concerto político nacional – onde sustenta maduras e mutuamente respeitosas relações com todo o espectro partidário e goza de reconhecimento e prestígio - com pré-candidatura própria à presidência da República — uma mulher jovem, cativante e ao mesmo tempo competente, preparada, corajosa e hábil, a deputada Manuela D’Avila.

O projeto de resolução posto a debate neste 14° Congresso diferencia o PCdoB na cena nacional por apresentar análise ampla, circunstanciada e consistente - dos governos Lula-Dilma e do golpe parlamentar-judiciário ao momento atual. E indica elementos essenciais de uma plataforma capaz de unir amplas forças sociais e políticas, tendo como fio condutor a restauração do Estado nacional como indutor do desenvolvimento.

Também diferencia o PCdoB o elevado grau de unidade, fruto de um persistente exercício democrático interno que lhe permite mover toda a inteligência militante coletiva.

Assim, ao contrário de obsoleto ou historicamente ultrapassado, o PCdoB segue adiante como velho, experiente, moderno e renovado partido — com o jeito de nossa gente e a cara do socialismo.

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Como assim?

- “O contrabaixo serve para marcar o ritmo e preencher os vazios”, explica o músico amigo.
- Inclusive os vazios da alma?
#dialogospertinentes