21 janeiro 2025

Enio Lins opina

A terra treme, e teme, sob a trupe e o trupé de Trump
Enio Lins 

“Trump joga o mundo numa era de incerteza” foi o título de editorial d’O Estado de São Paulo, ontem. No bigode, o jornal complementa um raciocínio objetivo, sem rodeios, “A partir de hoje, a presidência dos EUA será ocupada por alguém absolutamente imprevisível, o que impõe literalmente a todo o mundo desafios poucas vezes vistos na história recente”. Foi a mais direta das análises feitas pela chamada “grande mídia” brasileira. A meu ler, creio ser a derradeira linha a mais assertiva: poucas vezes na história moderna o planeta viveu sob desafio tão grande.

A HISTÓRIA ENSINA?
Já viveu o mundo sob ameaças gigantescas, algumas das quais desandaram mesmo, conforme as expectativas, em tragédias históricas como a Guerra do Ópio (1839-1842 e 1856-1860), a Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918), e a irrupção do Nazismo, em 1933 (que provocou a Segunda Grande Guerra Mundial, entre 1939 e 1945). Em todos esses episódios sangrentos, estavam presentes conceitos básicos como: a extração do lucro acima dos limites do tolerável, o “direito da violência” do mais forte contra o mais fraco, o “direito” de um país se apossar de outro, a crença na superioridade racial/social, o autoritarismo brotado no seio de regimes democratas. Com a eleição de Trump, a terra volta a tremer, sacudida por um quadro de traços semelhante ao cataclismo da pós-vitória de Hitler na Alemanha, em 1933. Aquela tragédia vai se repetir como farsa?

DEMOCRACIA PARINDO DITADURAS
Hitler não se tornou o grande ditador pela via de um golpe de estado do tipo das quarteladas latino-americanas. Chegou no poder pela via eleitoral, democrática, dentro das quatro linhas constitucionais da República de Weimar (1919-1933), como recorda o site do United States Holocaust Memorial Museum: “No dia 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler foi nomeado chanceler [um chanceler age diretamente e tem poder estendido por todos os ramos do governo] (...). Popularmente chamados de nazistas, eram radicais de extrema-direita, antissemitas, anticomunistas e antidemocratas (...). Adolf Hitler e os nazistas conquistaram seguidores ao prometer a criação de uma Alemanha forte. Os nazistas prometiam: restabelecer a economia e gerar empregos; recuperar o status de grande potência europeia (e até mundial) da Alemanha; reconquistar territórios que a Alemanha havia perdido com sua derrota na Primeira Guerra Mundial; criar um governo alem& atilde;o forte e autoritário; e unificar os alemães seguindo linhas raciais e étnicas”.

DENTRO DAS QUATRO LINHAS
Segue o site Enciclopédia do Holocausto (https://www.ushmm.org/pt-BR): “Nas eleições parlamentares de julho de 1932, eles [os nazistas] obtiveram 37% dos votos, mais votos que qualquer outro partido havia recebido” e em janeiro do ano seguinte, pimba! Em 2024, Trump foi eleito democraticamente, obteve maioria no parlamento ianque e, antes, já havia obtido a maioria na Suprema Corte. Donald Trump promete restabelecer a economia e gerar empregos; recuperar o status de grande potência mundial; conquistar territórios (Groelândia e Canadá já anunciados, publicamente, como alvos de anexação), criar um governo forte e autoritário; e unificar os americanos seguindo linhas raciais e étnicas (expulsando de chegada os migrantes “inferiores”). Pode ser bazófia, mas... Por via das dúvidas, o Museu Memorial do Holocausto dos Estado s Unidos não abriu suas portas no dia 20 de janeiro de 2025, excepcionalmente, “por motivos de segurança”. Trump é declarado apoiador do sionismo mais radical, mas é “imprevisível”, e a extrema-direita americana sempre foi eugenista. Melhor prevenir mesmo. Aguardem os próximos capítulos, neste mesmo canal, dessa novela tão instigante.

Leia: Trump toma posse com ameaças externas, tensões internas e apoio à extrema-direita mundial https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/editorial-do-vermelho_18.html 

Trump: decadência explícita

As primeiras medidas de Trump e os planos prioritários anunciados na posse
Mariana Sanches/BBC News Brasil em Washington 

Donald Trump tomou posse como o 47º presidente dos Estados Unidos na segunda-feira (20/01), com a promessa de um futuro grandioso para o país.

"O declínio da América acabou", disse ele, em uma rara cerimônia de posse em ambiente fechado, por conta do frio. 

No mesmo discurso em que afirmou que foi "salvo por Deus para tornar a América grande novamente", em uma referência ao atentado que sofreu ainda durante a campanha, e que declarou o início da "Era de Ouro da América", Trump indicou que agiria de forma rápida, por meio de ordens executivas sobre temas variados.

Algumas delas foram assinadas em público, no início da noite de segunda-feira, em um evento no Capital One Arena — que substituiu a parada pelas ruas de Washington D.C. originalmente prevista na posse.

Entre as medidas assinadas por Trump no ginásio estão a obrigatoriedade de retorno de todos os funcionários federais ao trabalho 100% presencial; a interrupção de qualquer decisão da burocracia até que totalmente orientada pela nova gestão; a revogação de 78 ordens da gestão anterior ainda vigentes; a retirada dos EUA do Acordo de Paris; e o perdão aos seus apoiadores que invadiram o Capitólio em 2021.

Após a assinatura, Trump lançou as canetas usadas ao público de cerca de 20 mil apoiadores que se concentravam no local.

Mais cedo, pouco depois de fazer seu juramento, Trump falou por 29 minutos em seu primeiro discurso no segundo mandato. 

Ele prometeu interromper as entradas irregulares de imigrantes, taxar países e retomar o Canal do Panamá. E garantiu que os Estados Unidos serão grandes, excepcionais e invejados como nunca no mundo.

A cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos geralmente é um evento feito ao ar livre, com o tradicional discurso para a multidão de apoiadores no National Mall.

No entanto, com temperaturas abaixo de 5 graus na capital americana, Trump optou por uma cerimônia em ambiente fechado.

Ele assumiu o cargo na rotunda do Capitólio cercado de um seleto grupo de convidados: seus familiares, ex-presidentes, parlamentares e os CEOs (diretores executivos) das grandes empresas de tecnologia, como Elon Musk, do X, Mark Zuckerberg, da Meta, e Jeff Bezos, da Amazon (veja aqui imagens do evento).

Estava presente também o presidente da Argentina, Javier Milei.

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que pretendia participar, teve a viagem barrada pela Justiça - e seus representantes, a mulher Michelle e o filho Eduardo, viajaram aos Estados Unidos, mas ficaram de fora do evento.

Já o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, não foi convidado.

Quem também estava na cerimônia de posse era o agora ex-presidente americano Joe Biden, que transferiu pessoalmente o poder a Trump, retomando uma tradição quebrada pelo próprio Trump em 2021, quando ele se recusou a participar da posse de Biden.

Mais tarde, em conversa com jornalistas já na Casa Branca, Trump foi questionado sobre como será sua relação com o Brasil e América Latina.

"[Vai ser] Ótima. Eles precisam de nós muito mais do que precisamos deles", respondeu.

Em cinco pontos, veja a seguir as primeiras medidas assinadas pelo republicano e as prioridades do novo presidente dos EUA, que é o primeiro condenado pela Justiça a assumir a Casa Branca e também o presidente mais velho a tomar posse na história americana, com 78 anos e sete meses de idade.

Saída do Acordo de Paris

Como já havia feito em seu primeiro mandato (2016-2020), o novo presidente começou o processo de retirada do país do Acordo de Paris, o nome dado ao compromisso assinado por quase 200 países para a redução de emissão de gases de efeito estufa com o objetivo de conter o aquecimento da temperatura do planeta.

Trump nega a existência de uma crise climática, como apontada pelos cientistas.

Ele iniciou o mesmo processo em relação à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Perdão aos invasores do Capitólio

O republicano concedeu indulto a cerca de 1.500 simpatizantes seus condenados pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, quando tentaram impedir a juramentação do então presidente eleito Joe Biden.

Os democratas consideraram o indulto um ultraje.

Imigração

No discurso de posse, Trump anunciou a declaração de emergência nacional na fronteira com o México e prometeu o envio das forças armadas à região para impedir qualquer entrada ilegal.

Também colocou em prática novamente uma medida de seu primeiro mandato – o "Remain in Mexico" (algo como "Fique no México"), na qual imigrantes que pedem asilo precisam aguardar a aprovação de seu pedido em território mexicano.

Trump também decretou o fim da política de "catch and release", algo como "capturar e libertar" em português.

Segundo essa prática, a maior parte das famílias com crianças menores de idade encontradas por agentes de imigração recebem uma notificação judicial para comparecer à Corte e são liberadas em território americano.

Isso deixará de acontecer, segundo Trump. Mas ele não disse onde pretende deter essas famílias e como não violará a legislação americana, que veda a prisão de menores por longos períodos.

Trump também afirmou que os carteis mexicanos passam a ser considerados organizações terroristas pelos EUA, como a Al-Qaeda ou o autoproclamado Estado Islâmico, o que aumenta o poderio de ações do país contra esses grupos.

"Não tenho responsabilidade maior do que defender o nosso país de ameaças e invasões, e é exatamente isso que vou fazer", afirmou.

Canal do Panamá

Trump prometeu ser um pacificador e unificador num mundo que ele mesmo descreveu como imprevisível.

Prometeu encerrar guerras e impedir a entrada dos Estados Unidos em conflitos desnecessários. E mencionou o recente acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas como um exemplo de como atuar.

No mesmo discurso, disse que os Estados Unidos voltarão a ser o país mais respeitado do mundo.

Para isso, afirmou que trocaria o nome do Golfo do México para Golfo da América e disse que pretende retomar o controle do Canal do Panamá, que foi construído pelos americanos mas pertence aos panamenhos e é administrado por eles.

"O presidente [William] McKinley tornou o nosso país muito rico através de tarifas e de talentos. Ele era um empresário nato e deu a Teddy Roosevelt o dinheiro para muitas das grandes coisas que fez, incluindo o Canal do Panamá, que foi tolamente doado ao Panamá", disse.

"A China está operando o Canal do Panamá e nós não o demos à China. Demos ao Panamá e vamos retomá-lo."

Quem opera o canal é uma agência do governo do Panamá.

Este, aliás, foi o único momento em que Trump fez uma crítica, ainda que indireta, à China, o principal antagonista dos americanos no mundo hoje.

Não está claro como Trump pretende retomar o Canal do Panamá, mas antes da posse ele havia dito que não descartaria usar o Exército. O Panamá não tem forças armadas.

Economia

Depois de ver a inflação se tornar um dos motivos da impopularidade de Biden, Trump prometeu que vai reduzir os preços, especialmente dos combustíveis.

E o republicano prometeu fazer isso com a expansão da exploração americana de petróleo e gás - e revogando as medidas de proteção ambiental e de estímulo a formas mais limpas de energia, como os carros elétricos, do governo anterior.

Ele anunciou a declaração de emergência nacional em energia para facilitar o processo.

"Vamos perfurar, baby, perfurar. A América será uma nação da indústria mais uma vez", afirmou.

Trump prometeu que os americanos pagarão menos impostos. E defendeu que os outros países é que deverão bancar a conta, com a criação de tarifas a produtos estrangeiros, sob comando do Departamento de Eficiência governamental, a cargo de Elon Musk.

Ainda não está claro como isso funcionará e, no discurso, ele não citou nenhum país especificamente.

Fim de políticas afirmativas e garantia às liberdades de expressão

Trump também cumpriu algumas de suas promessas de campanha mais importantes na pauta de costumes.

"A partir de hoje, será política oficial do governo dos Estados Unidos que existam apenas dois gêneros: masculino e feminino."

Trump prometeu que seu governo encerrará qualquer política de identidade de gênero ou de afirmação racial. 

Ele disse também que os Estados Unidos voltarão a apostar na meritocracia e farão a "revolução do bom senso".

Disse ainda que seu governo vai interromper qualquer política de "censura ou que fira a liberdade de expressão", em uma referência, por exemplo, ao combate online a discurso de ódio e notícias falsas.

Trump tem recebido enorme apoio dos empresários de redes sociais, contrários a regulações.

Ele afirmou também que militares expulsos das Forças Armadas por se recusarem a tomar vacina contra a covid serão reintegrados, recebendo todos os pagamentos retroativos ao período em que saíram.

E disse que a Justiça voltará a ser imparcial, sugerindo novamente que processos contra ele próprio foram politicamente motivados.

A proibição latente do TikTok

Trump assinou uma ordem em que adia por 75 dias a aplicação de uma lei para proibir a plataforma chinesa TikTok.

A empresa acolheu as promessas de Trump sobre o assunto e restaurou os serviços nos Estados Unidos após desconectá-los brevemente antes da posse.

Trump disse que a ordem daria à empresa controladora do TikTok mais tempo para encontrar um parceiro nos EUA para comprar uma participação majoritária do negócio, mas os detalhes sobre os termos assinados ainda não estão claros.

Questionado sobre o que a medida significa, Trump diz que ela dá o direito de "vender ou fechar" o TikTok.

O novo presidente americano já havia apoiado a proibição da rede social, mas indicou que havia voltado atrás em sua posição depois que os vídeos de sua campanha nas eleições de 2024 atraíram bilhões de visualizações.

Fim da nacionalidade por nascimento

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também declarou que planeja acabar com a "cidadania por direito de nascença" — a cidadania americana automática concedida a qualquer pessoa nascida nos EUA.

Minutos após sua posse, ele assinou uma ordem executiva que aborda a definição de cidadania por direito de nascença, embora os detalhes sobre isso até agora não estejam claros.

A cidadania por direito de nascença está prevista na 14ª Emenda da Constituição dos EUA, que afirma que "todas as pessoas nascidas" nos Estados Unidos "são cidadãos dos Estados Unidos".

Embora Trump tenha prometido acabar com a prática, as tentativas enfrentariam obstáculos legais significativos.

A primeira frase da 14ª Emenda à Constituição dos EUA estabelece o princípio da "cidadania por direito de nascença":

"Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos, e sujeitas à sua jurisdição, são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado em que residem."

Os críticos da imigração argumentam que a política é um "grande ímã para imigração ilegal", e que encoraja mulheres grávidas sem documentos a cruzar a fronteira para dar à luz, um ato que tem sido pejorativamente chamado de "turismo de parto" ou "ter um bebê âncora".

A 14ª Emenda foi adotada em 1868, após o fim da Guerra Civil. A 13ª Emenda aboliu a escravidão em 1865. Já a 14ª resolveu a questão da cidadania de ex-escravos libertos nascidos nos Estados Unidos.

A maioria dos estudiosos de direito parece concordar que Trump não pode acabar com a cidadania por direito de nascença com uma ordem executiva.

Leia: Trump toma posse com ameaças externas, tensões internas e apoio à extrema-direita mundial https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/editorial-do-vermelho_18.html

Trump contra América Latina

'Não precisamos deles', diz Trump sobre Brasil e América Latina
Presidente dos EUA respondeu a jornalista brasileira a relação dos norte-americanos com as nações latino-americanas
ICL 

O presidente norte-americano, Donald Trump, disse que o Brasil e países da América Latina precisam dos Estados Unidos mais dos que os norte-americanos precisam deles. Trump fez essa afirmação enquanto assinava de decretos no Salão Oval da Casa Branca na segunda-feira (20), depois de seu discurso de posse recheado de ameaças aos imigrantes de origem hispânica.

Perguntado por uma jornalista brasileira se pretendia responder à proposta de paz na Ucrânia elaborada pela China e pelo Brasil, Trump disse que não conhecia a proposta. Em seguida, comentou sobre como avalia a relação do Brasil e países da América Latina com os Estados Unidos: “Boa. Eles precisam de nós, mais do que precisamos deles. Nós não precisamos deles, eles precisam da gente. Todo mundo precisa da gente.” 

Leia: Trump, a arrogância toma posse https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/trump-arrogancia-toma-posse.html 

Humor de resistência: Aroeira

 

Aroeira

Leia: Trump toma posse com ameaças externas, tensões internas e apoio à extrema-direita mundial https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/editorial-do-vermelho_18.html

Sylvio: prepotência

Em seu discurso de posse Donald Trump faz uma apologia do imperialismo e ameaça todo o mundo com medidas punitivas para permitir o domínio e o crescimento americano. Um rosário de absurdos, como a tomada do canal do Panamá e a mudança do nome do golfo do México, ao lado da adoção de medidas fiscais contra paises para beneficiar os americanos, são o retrato da nova politica dos Estados Unidos. O Mundo mudou, mas o discurso imperialista é o mesmo, ou talvez pior.

Sylvio Belém 

Leia: Trump toma posse com ameaças externas, tensões internas e apoio à extrema-direita mundial https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/editorial-do-vermelho_18.html 

Trump: a arrogância toma posse

Trump toma posse nos EUA sob aplausos de oligarcas e promessas de repressão
Retórica autoritária, medidas anti-imigração e apoio de bilionários marcam início do segundo mandato do republicano na Casa Branca.
Lucas Toth/Vermelho  

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tomou posse nesta segunda-feira (20), assumindo seu segundo mandato à frente da Casa Branca em uma cerimônia realizada na Rotundo, no Capitólio, em Washington. Aos 78 anos, Trump torna-se o chefe de Estado mais velho da história norte-americana e o primeiro a reassumir o cargo após ser condenado por crimes federais.

O republicano assume o Salão Oval prometendo uma era de ouro para os Estados Unidos. O discurso foi acompanhado por cerca de 600 pessoas, entre elas o grupo de bilionários do Vale do Silício —que incluiu o dono do X, Musk, o da Meta, Mark Zuckerberg, e o fundador da Amazon, Jeff Bezos.  

O conjunto de empresários foi apontado pelo presidente Biden como uma “oligarquia de não eleitos” no poder, algo preocupante segundo o democrata.

O agora ex-presidente Joe Biden participou da cerimônia, cumprindo uma tradição de o líder cessante estar presente no ato que confirma a entrega do cargo para o sucessor. Isso marca uma diferença para 2021, quando Trump se recusou a admitir a derrota para o democrata e faltou ao evento.

A cerimônia contou com a presença de todos os ex-mandatários vivos: Joe Biden, Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama.

“Eu, Donald John Trump, juro solenemente que exercerei fielmente o cargo de presidente dos Estados Unidos e que, no melhor das minhas capacidades, preservarei, protegerei e defenderei a Constituição dos Estados Unidos”, recitou o mandatário ao lado da primeira-dama Melania. 

Após o juramento, Trump subiu ao pódio para o discurso inaugural de seu segundo mandato presidencial, no qual prometeu “colocar a América em primeiro lugar”

“A era de ouro da América começa agora. Daqui em diante, nosso país florescerá e será respeitado novamente em todo o mundo. Seremos a inveja de todas as nações e não nos permitiremos mais ser aproveitados durante todos os dias do governo Trump”, afirmou.

Mesmo na presença de Biden, o republicano passou a criticar seu antecessor referente à incapacidade na administração da segurança nas fronteiras e outras crises que ocorreram sob seu mandato.

“Agora temos um governo que não consegue administrar nem mesmo uma simples crise em casa, ao mesmo tempo em que tropeça em um catálogo contínuo de eventos catastróficos no exterior. Ele falha em proteger nossos magníficos cidadãos americanos cumpridores da lei, mas fornece santuário e proteção para criminosos perigosos, muitos de prisões e instituições mentais que entraram ilegalmente em nosso país de todo o mundo”, disse Trump, acusando a gestão Biden de ter financiado “ilimitadamente” a defesa de fronteiras estrangeiras, mas não do próprio país.

Ao longo de seu discurso, o presidente norte-americano declarou que começará “a restauração completa da América” ao assinar uma série de ordens executivas que imporão políticas anti-imigração em todo o país. Ele também afirmou que designará os cartéis de drogas como “organizações terroristas estrangeiras”, usando a lei para eliminar o que chama de “gangues e criminosos estrangeiros”

“Primeiro, declararei uma emergência nacional em nossa fronteira sul. Toda entrada ilegal será imediatamente interrompida e iniciaremos o processo de devolução de milhões e milhões de estrangeiros criminosos de volta aos lugares de onde vieram. Vamos restabelecer minha política de ‘permanecer no México’”, explicou Trump, acrescentando que irá “acabar com a prática de pegar e soltar”, enviando tropas para a fronteira sul “para repelir a desastrosa invasão de nosso país”.

Trump também lamentou que os EUA tenham “tolamente dado” o Canal do Panamá ao Panamá, ao afirmar que a estrutura foi construída com “mais dinheiro do que jamais gastaram” e que custou a vida de 38 mil pessoas. Nesse sentido, prometeu que retomará o canal de volta aos EUA.

“Acima de tudo, a China está operando o Canal do Panamá. E não demos para a China. Nós o demos ao Panamá e estamos pegando de volta”, disse. Por outro lado, segundo a emissora NBC News, o administrador do Canal do Panamá negou que o país asiático estivesse controlando a estrutura. Vale lembrar que no início de janeiro, durante uma coletiva em Mar-a-Lago, Trump não negou que estaria disposto a usar a força militar para retomar o canal.

Trump anunciou a criação de um serviço de receita externa, ao afirmar que seu país se encontra em uma situação de “emergência energética”. Ele explicou que combaterá a inflação recorde dos EUA e que reduzirá “rapidamente” os custos dos recursos, atribuindo a crise inflacionária aos “gastos excessivos e aumento dos preços de energia”.

“A América será uma nação manufatureira mais uma vez, e temos algo que nenhuma outra nação manufatureira jamais terá: a maior quantidade de petróleo e gás de qualquer país da Terra. E vamos usá-la. Reduziremos os preços, encheremos nossas reservas estratégicas novamente até o topo e exportaremos energia americana para todo o mundo”, disse.

Leia: Trump toma posse com ameaças externas, tensões internas e apoio à extrema-direita mundial https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/editorial-do-vermelho_18.html 

Musk com Trump: saudação nazista

Gesto de Elon Musk em evento de Trump gera comparações com saudação nazista
BBC  


A aparição de Elon Musk em um evento da posse de Donald Trump, o novo presidente dos Estados Unidos, atraiu bastante atenção nas redes sociais.

Durante um discurso, ele fez um gesto enquanto agradecia aos apoiadores por contribuírem para a vitória de Trump.

Musk agradeceu à multidão por "fazer acontecer", antes de colocar a mão direita sobre o peito e erguê-la no ar algumas vezes.

Vários usuários do X (o antigo Twitter), a plataforma de mídia social que Musk possui, compararam o gesto a uma saudação nazista

Musk se posicionou sobre as alegações. "Francamente, eles precisam de truques sujos melhores. O ataque de 'todo mundo é Hitler' é tããão clichê", escreveu ele.

Diversos bilionários do setor de tecnologia marcaram presença na posse de Donald Trump, o novo presidente dos Estados Unidos.

Além de Musk, que ganhou um cargo no governo Trump, na segunda-feira (20/1) estavam em Washington o fundador da Amazon, Jeff Bezos, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, o líder da Apple, Tim Cook, e do diretor do Google, Sundar Pichai.

Todos ocuparam assentos de destaque na Igreja de São João e apareceram lado a lado em fotos da posse.

O último evento público em Washington que reuniu o alto escalão do mundo da tecnologia em uma mesma sala foi uma audiência no Congresso realizada em 2020.

Na ocasião, uma comissão investigou se Facebook, Google, Amazon e Apple aplicaram práticas de monopólio e abuso de posição dominante no mercado. Zuckerberg, Bezos, Pichai e Cook estiveram na audiência há cinco anos.

A presença em peso dos chefões da tecnologia reforça o "bromance", expressão do inglês que se refere a um relacionamento íntimo entre homens, entre os executivos e Trump.

As relações nem sempre foram boas assim. Aliados de Trump já defenderam o banimento do TikTok no passado.

O presidente americano, por exemplo, já foi um crítico voraz da Meta e de sua abordagem à moderação de conteúdo, chamando o Facebook de "um inimigo do povo" em março de 2024.

Mas com Zuckerberg as coisas melhoraram desde então: o CEO da Meta jantou na casa de Trump na Flórida, em Mar-a-Lago, e a empresa doou US$ 1 milhão (cerca de R$ 6,2 milhões) para um fundo para o evento de posse de Trump.

No início deste mês, Zuckerberg anunciou novas diretrizes da Meta em que declarou que era "hora de voltar às nossas raízes, em torno da liberdade de expressão".

"As eleições mais recentes parecem sinalizar um ponto de virada cultural para, mais uma vez, dar prioridade à liberdade de expressão", disse Zuckerberg.

No vídeo, o presidente-executivo da empresa de tecnologia anunciou que está abandonando o uso de checagem independente de fatos no Facebook e no Instagram.

O anúncio foi celebrado por apoiadores de Trump, que classificaram a medida como um esforço para "reduzir a censura" no Facebook e Instagram.

Em mais um gesto de aproximação, Zuckerberg anunciou Dana White, presidente-executivo do Ultimate Fighting Championship (UFC) e apoiador de longa data de Trump, faria parte do conselho administrativo da Meta.

Leia: Trump, a arrogância toma posse https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/trump-arrogancia-toma-posse.html